Isolamento
Mesmo tentando, nem sempre conseguem enxergar os dois lados da moeda.
Afinal, o de cima brilha, tem uma bela cor e possui um desenho mais elaborado. Já o outro lado, é mais escuro, difícil de se enxergar, seu brilho já está fosco e sua estrutura é envelhecida, apagada e deformada.
Pela beleza do lado de cima, só enxergam ele, esquecendo completamente que o outro também existe, também sente e também se importa.
Possui sua história, afinal, tudo que possui uma história carrega suas marcas, as cicatrizes e as feridas do passado que muitas vezes ainda não estão coaguladas.
Essas feridas gangrenam, ardem, machucam e cortam aos poucos o coração do lado de baixo, que com esse isolamento só se enferma cada dia mais.
Pouco a pouco, a cada dia mais, em cada segundo, só se aproxima mais de um abismo, que nunca mais sairá.
E nele, o lado de baixo sempre se encontrará, sozinho, desolado e triste.
Mas esperançoso que um dia as trevas não o cercarão mais, e que um novo capítulo, sua vida proporcionará.
Nele, o lado escuro será lapidado, tomado de luz e adoração. Pela primeira vez será adorado e valorizado como sempre sonhou, nunca mais o irão excluir, isolar e ignorar. E dessa forma, sua vida finalmente vingará aos que o deixaram para baixo, proporcionando felicidade ao lado de baixo, que agora é o brilhante lado de cima.
Dentre todos os sentimentos que me cruzam os ouvidos diariamente, a solidão parece ser o mais corrosivo.
A solidão enlouquece.
E há quem diga que nascemos sozinhos.
Ninguém nasce sem uma ajuda de um outro, que lhe carregue no ventre ou que lhe tire de lá. Que lhe corte o cordão umbilical e lhe lance para o mundo.
Ninguém sobrevive aos primeiros anos sozinho.
Me pergunto se essa é a primeira lição da nossa espécie: precisamos uns dos outros, não existe independência absoluta.
Até para sobreviver só, é preciso alguém que lhe ensine como fazer isso.
É por essas e outras que a solidão desnaturaliza a existência.
A solidão é uma ilha, mas não uma ilha qualquer.
Ela destrói quem é feito de carne e osso.
De todas as intervenções possíveis com os meus pacientes, a primeira que me dedico é diminuir a solidão.
"Ah, mas a gente precisa aprender a ficar sozinho"
Claro. Mas a solidão não é sobre não saber estar só, às vezes, a solidão é sobre não saber como dividir a vida com alguém.
É possível sentir solidão em meio a uma casa cheia, junto aos amigos e colegas de trabalho. E eu arriscaria dizer que essa é uma das ilhas mais isoladas: nem a proximidade física é capaz de atravessar as fronteiras.
O mar de sentimentos que rodeia essa ilha é habitado pelo medo, pela insegurança, pela desconfiança, pela baixa autoestima, pela sensação de que qualquer pessoa que se aproxime vai se afogar ou te atacar.
Uma ilha de proteção ilusória.
"A solidão é fera, a solidão devora".
Talvez você esteja só. Talvez você acredite que seja mais seguro aí. Talvez você simplesmente não saiba como sair.
Lembre-se:
Não há resgate sem pedido de ajuda.
A solidão é uma ilha carnívora...
Mas ela não precisa devorar você.
Batendo na boca três vezes, porque sei que é pecado.
Mas, tem gente que deveria ficar eternamente em isolamento social.
Aaah, poderia!
Pandemia dia 754:
Até aqui, desde 16/03/2020, já foram dois anos e seis dias com o corona vírus circulando mundo afora.
Continuamos mascados, mas estamos menos assustados, já que a vacinação, a máscara e o álcool em gel juntos reduziram as fatalidades e as contaminações estão baixando.
Sigo acreditando que este será o último ano!
Com muita Fé em Deus, confiança na ciência e apoiados por autoridades que barram e combatem o negacionismo, movimento que tenta ignorar (soando aliado) do vírus e gratidão a todos que se esforçaram para minimizar o sofrimento das pessoas na pandemia: profissionais de saúde, motoboys, setor de alimentação pronta, supermercado, farmácias.
Agradeço também aos nossos artistas que amenizaram a nossa tristeza com a sua arte.
Quando viajamos em matas abertas de natureza simples, os sentidos mais profundos são os olhos, deixa a mente livre de pensamento, para contemplar o belo da criação, convictamente nos convidará a olhar as chaves mais secretas da mente e interioridade, e nós de mantra da liberdade sentiremos o calor de uma sensação nunca vivida, porque estávamos habituados a seguir o fluxo do barulho da sociedade que atemoriza o projeto da paz.
Viver numa faixa evolutiva mais sutil não significa viver isolado ou renunciar ao trabalho nas demais regiões.
Quarentena: dia 431
O recado do tempo é desacelerar: se a pademia tivesse durado apenas seis meses ou um ano eu teria retornado "ao normal" como se não houvesse amanhã, tirando o atraso do isolamento, talvez.
Fique Zen, adapte ao seu "né me quitte pas" ou se deixe raptar para uma cama boa.
Mas, o que fazer com as bactérias em formato humano que ficam mais evidentes e fazem par com o vírus pandêmico espalhando dissabores? escolha não associar-se a eles, modo soneca neles até que se autodestruam, fodam-se entre si, redundatemente, os maus darão sempre no próprio peito o último tiro. Paciência!
Não é sobre cessar fogo, é sobre nunca ter dado o primeiro ou segundo tiro e apenas desviar-se dos ataques.
A solitude é o azimute da vez e é preciso ficarmos bem de corpo, mente, consciência e alma consigo até que venha a nova era pós pandemia, com novas surpresas.
Só por hoje atraversiamo, acreditando na loucura da alegria e da paz, com ou sem voz!
Pra não dizer que não falei das flores,
sim, haverá um momento em que virão as flores,
os sorrisos, e os abraços por hora contidos.
Mas este momento não é agora.
Agora é o momento de entendermos
que ficar longe é dizer 'eu te amo'.
É o momento de evitarmos sair o máximo possível.
Podemos brincar, sim, com muitas coisas,
mas não com esta doença.
Agora é hora de sermos bem rígidos, disciplinados
e sérios contra este mal que assola o mundo.
A primavera virá, sim. Tenham absoluta certeza disso.
Mas primeiro precisamos atravessar este inverno.
Deita no meu peito
nessa noite sou seu alento,
aquele que cuida de ti com afeto,
em meus beijos venha buscar repouso
e nesse monto gostoso,
sinta meu abraço forte
e o sabor desse sentimento latente.
de:Resan'per Sorriso.
Relacionamento
Tenho lido sobre os relacionamentos de muita gente em redes sociais, relacionados a quarentena e isolamento social.
Pude perceber o desequilíbrio emocional e a fragilidade dos relacionamentos, a dependência de amigos para que a relação de certo e se suportem ao longo do tempo.
Mulheres que fazem de tudo para ter uma ocupação fora de casa somente pra não ficar muito tempo com seu “companheiro” ou vice-versa .
Eu me pergunto porque certas pessoas se submetem a relações doentes?
Coloquei o companheiro em aspas porque o nome não está condizente com o propósito da união, já que para estar junto tem que haver empatia de ambos.
Não estou falando da conta bancária, cartão de crédito, caixa rápido, não é sobre o monetário, mas do montante na reciprocidade de almas!
A vida é tão linda quando estamos felizes. Mesmo em dias nublados e com chuva, se estamos com quem nos faz feliz, tudo fica mais gostoso.
Me perguntaram outro dia como estava meu psicológico nessa quarentena? Respondi que tenho vivido essa experiência alguns anos, desde que resolvi não trabalhar mais fora de casa e o marido se aposentou. No início ele ficava inquieto sem ter o que fazer, já eu não me vejo de outro jeito, senão o de cuidar de mim e da minha casa( em todo sentido da palavra). Gente é sério quando digo que estou feliz assim, cada dia que passa tende a ficar mais gostoso.
O tempo é uma benção e traz aprendizados que sana toda inquietude e ansiedade. É claro que pra isso é fundamental estar em um lugar que você se sinta bem, completo e inteiro. Em toda relação, ninguém é capaz de dividir com o outro o que não tem !
A leveza de um relacionamento está na liberdade, seja de querer ficar junto ou não.
A quantidade de pessoas ao teu redor não significa nada quando você está isolado em si mesmo, não praticando a reciprocidade.
"Fora do lugar, eu que sabia, em mim, alguma coisa tinha. Eu, de erros, era inimagináveis somas."
(19/03/2014)
"Quanto mais ela pensava em esquecer, mais se lembrava." - Um Dia de Chuva, conto de Contrônicas: Histórias Amorfas de Quarentena (CHADQ).
"Nesses tempos de incompletude, não pode faltar o que mais importa: o olhar." Contrônicas: Histórias Amorfas de Quarentena (CHADQ)
"Esse azul infinito quero para mim. As janelas acesas são como estrelas terrestres." Contrônicas: Histórias Amorfas de Quarentena (CHADQ)
"O horizonte fica logo ali, entre o pensamento, o desejo e o realizar." Contrônicas: Histórias Amorfas de Quarentena (CHADQ)
"Ah! Saber que você não está aqui me mata um pouco." Pedro pensando em Manu em Amor nos Tempos de Quarentena
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