Invisível
E se você pudesse o matar, você o mataria?
Aquele que te persegue à noite,
aquele que faz sempre dia,
que rompe a tempestade
e torna tudo calmaria.
Aquele que te destrói enquanto te deitas,
só para dizer que te constrói
quando te rejeita.
Ele é o grande medo,
ele está em todo lugar
seja tarde ou cedo,
pronto para te arruinar.
Ele é o que é,
faz o que faz,
o inimigo invisível,
o devorador voraz,
e não é hoje,
nem amanhã
que você vai se recuperar
do que ele te fez,
do que ele te traz.
Ele mora com você,
mora comigo também,
ele vai mas sempre volta,
ele está com você
quando pensas não ter mais ninguém.
Ele se banha em vermelho,
vive no espelho,
e sim, ele é.
Por mais sensata que a questão seja, é aceitável a razão das ideias consideradas ignorantes no sistema atual que se dispõe, pois sem elas e somente com elas, se faz reflexões lógicas sobre a guerra invisível que paira sobre a sociedade do Século XXI.
Sigo como uma folha que se desprende do galho, sendo levada pelo vento para um destino qualquer.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
É o que costumo fazer: chorar sozinha para disfarçar fraqueza. Egoísta com minha dor, gosto de senti-la sozinha, sem dividi-la com ninguém.
Sentir o coração doendo também é viver.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Se o coração fosse um retroprojetor, ele seria exatamente a imagem projetada. Imagem, apenas imagem.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
E a cada dia tenho mais certeza de que, enquanto ela estiver por perto, não terei medo que me falte nada. Por mais que me falte o ar, as batidas do coração, com ela, minha vida é inevitavelmente completa.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Quem ama de verdade não tem a intenção de causar ou agravar a dor. Às vezes, é preciso ocultar o que se sente para proteger quem se ama.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Amor não é um produto perecível, de validade curta. Não acaba tão fácil, tão rápido. Não é justo só eu sofrer.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
É difícil acreditar que alguém possa não sentir o mesmo que você, sendo que o amor parece transbordar aqui dentro.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Por mais que não saibamos o que é certo e o errado, sabemos o que causa dor em nós e em outras pessoas. E dor nunca será amor.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Ainda penso nele. Talvez isso apenas signifique que minha memória é boa, mas talvez signifique que... que eu o amo. Muito.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Às vezes... sei lá, acho que minha alma está encoberta por um tecido impermeável, pois quando olho para o espelho vejo apenas o reflexo de dias de trabalho, de relacionamentos frustrados, dinheiro contado, mas eu não sou isso que está refletido: há uma pessoa melhor, feliz, linda aqui dentro. Estremeço em cogitar a hipótese de nunca saber quem realmente sou, de nunca conseguir enxergar além de aparências.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
– Se imagine diante de uma mesa lotada de comida que você gosta, sabendo que a partir de amanhã ficará uma semana sem poder comer, jejum total. O que você iria fazer?
− Lógico que iria comer o máximo que conseguisse – respondi.
− Certo, agora imagine que você irá morrer um dia, mas antes disso lhe dão uma vida na qual você pode fazer o que gosta até chegar o momento de morrer...
− Gosto de dormir – interrompi. – Devo dormir até morrer então? – arqueei as sobrancelhas.
.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
– Svek... Você vai ficar brava comigo por muito tempo?
− Não estou brava.
− Então, por qual motivo não olha pra mim?
Respirei fundo.
− Não posso olhar para um rosto que não existe.
− Mas pode olhar pra quem te ama.
Parei e encarei-o.
− Garanto que pode – concluiu.
.
.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Impressionante sua capacidade de me fazer sentir bem. Ela é como a isca que permite pescar um sorriso dentro de mim. O meu sinônimo de felicidade, de vida.
.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
O amor dele é igual àquele cachorro carente que vai para os braços de qualquer pessoa, até que um idiota bate nele. Depois disso, o animal torna-se medroso, fugindo de tudo e de todos. Não quero isso para Felipe: um amor medroso. Não quero ser uma idiota maltratando seus sentimentos.
.
.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
− Se alguém te desse uma passagem para o inferno você iria?
− O quê? – Dei de ombros. – Mas o que isso tem a ver com a história?
− Entenda que qualquer lugar que eu vá longe de você é inferno pra mim. Não posso aceitar esse convite pra ir embora, desculpe. – Sorriu. – Gosto do paraíso.
.
.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
As pessoas tentavam de qualquer forma me tirar do meu habitat. Queria tanto ser como urso e hibernar, sem me preocupar com o social. E, afinal de contas, a solidão não é um monstro de sete cabeças; quando muito, com uma cabeça só, que coincidentemente... É a minha própria.
.
.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Por qual motivo não posso amar uma pessoa que ainda não conheci? Não quero me limitar e me conformar com o que tenho. Sei que existe um amor só para mim, não daquele tipo que serve para qualquer um. Quero o requinte da fragrância feita sob medida para mim.
.
.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]
Não sou capaz de persuadir meu coração, e ele zomba de mim com as batidas amenas. Por todo esse tempo, meus lábios camuflaram paixão, mas o coração? Zombou de mim com desdém.
[Invisível ao toque - Nat Bespaloff]