Inverno
INVERNO (soneto)
Inverno, gélidas manhãs e noites
Dias curtos, saudades em açoites
Sentimento coroado de melancolia
Acanhamento do sol, nublado dia
Flores embaçadas e transfiguradas
Trovejantes são as luas nas madrugadas
Embaladas pelos ventos e seus uivos
Aos sentimentos, os brilhos ruivos
Quem és, que trêmula o afeto assim
Nos pingos crepitantes do confim
Das estrelas, dos céus e seus querubins
É o convite aos odores enamorados
Aos amores nos lençóis entrelaçados
Calefação a alma, ao amor, apaixonados.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
12 de junho, 22’45”, 2012
Cerrado goiano
MEU JARDIM
Flores de Outono (TROVINHA)
Minhas flores de outono,
Aguardando o inverno,
São cores de belos sonhos,
São meus amores eternos.
Precisando de um pouco de verão no meu inverno...
e um pouco de primavera nas minhas folhas secas...
Precisando de um pouco de outono pra a minha boca adocicar...
Pensemos que o inverno da vida não dura para sempre!
Virá a primavera com a sua colorida paisagem e o verão com o seu sol radiante!
Nada é eterno! A vida é efémera!
O inverno nos agasalhava em volto das lareiras e eggnogs natalícios com músicas de natal, envolvendo flocos de neve. Nutrindo o momento em que a sua alma gêmea lhe dizia em todos os natais, meu homem, meu amor meu poeta, como não amar isto meu Botafogo, A tua infância e juventude de felicidade. Foste militar, de soldado passas-te a atleta, passas-te a poeta, de escritor a comediante e eletrizante de todo o mundo e falado por todos, e ainda te tornaste um grande campeão... Como não amar isto meu Poeta.
Apenas suavize as rajadas, deixe que as folhas do Outono sequem para florescer o seu Inverno, deixando a Primavera trazer o Calor do Verão.
Mesmo quando as flores caem,
e os caminhos do outono nos levam ao inverno,
ainda assim é uma beleza sem par,
ver o mar beijando a areia
e a lua beijando o mar!
Tudo em mim é inverno, com uma chuva que se prolonga em toda estação.
Mas de nada adianta agasalhos é minh'alma que contorce-se de frio.
Quando você aprende a viver
no inverno
O verão torna-se insuportável
Quando você é tempestade
A fina garota te rasga a pele
Não sei ser leve
Meu furacão interno
diariamente me consome
Quisera ter!
Um sorriso de um menino/
A leveza de uma pena ao vento vil/
O sol na manhã de inverno/
O néctar adocicado para o moribundo.
Inverno.
Como transcrever o que sinto?
O que vejo,
O que vivo.
O suave toque do vento, com
Seu beijo gélido em meu rosto.
O tão solitário inverno, somente
Chuvas e nevoeiro.
Daqui de dentro emana
Aconchegante solidão.
Há de passar...
Chegará o verão.
Viço do Amor
Dias de inverno trouxeram ventos de discórdia que destelharam minha alma revelando a nudez da minha tristeza. As águas encharcaram a manta das lembranças. que escorriam da minha lucidez. molhando o lençol onde meu coração repousava lânguido.
Um broto de esperança, que surgia na fresta do chão das minhas certezas, aproveitou-se da chuva de lágrimas e entregou-me uma flor amor-perfeito. O perfume tomou conta do ambiente ácido que impregnava minha emoção.
No quadro fixado na parede, junto à estante de recordações, o sorriso daqueles lábios brilhou intenso, aquecendo o viço do nosso amor.
Ocaso
Vem chegando a fria brisa.
Do inverno, árvores desnudas
Paisagens grisalhas
Da caminhada da vida
No recolher, missão cumprida!
Desfrutei cada segundo
Das maravilhas do mundo
Na essência do meu ser
Vivi intensamente cada primavera
Adornada de flores e amores!
Celebração da vida em flor
Deliciei- me nas coisas mundanas
Porque metade de mim é pagã
Na retina fica gravada a imagem
Do meu último sorriso...
Não levo nada na bagagem!
Apenas o amor que dei e recebi.
Os momentos de carinho
Que partilhei com a família e amigos
Esses, levo no coração.
O meu legado são meus escritos.
Páginas amareladas da minha história!
E, num último ocaso da vida
Assistirei à beleza do por do sol!
Que descansa nos braços do mar.
Também eu repousarei…num último olhar.
Abro as minhas asas no silêncio da partida.
Chega a dama da noite com o seu
longo manto escuro, corpo esquálido
Senta-se ao piano, com as suas longas mãos.
Toca brilhantemente a última sinfonia.
Mergulho no silêncio da noite escura.
No vazio do nada, a derradeira cerimónia