Inverno
Mesmo que eu passe por um inverno rigoroso o verão vem e aquece-me a alma que por tanto tempo não tinha se quer uma vista tão bonita como tem agora do sol surgindo.
Sinto que está com a alma fria, o inverno daí não só gela a sua casa, as suas ruas, o seu corpo por fora, mas também o seu interior que apela sem parar por algo que assemelha-se ao verão e que trás os raios do sol para aquecer o seu corpo na sua plenitude. Esta coisa é o meu grande amor.
Fantasmas
Já faz um inverno em que não te vejo e eu quero fingir que não é verdade que você se foi amor, porque meus pensamentos continuam a te procurar, talvez eu não queira sentir outro toque em meu corpo e nem começar outra paixão e muito menos outro nome saindo dos meus lábios e com isso não estou deixando a luz do sol entrar e já tomei um litro de vinho e estou escutando o jazz que ouvíamos juntos nas sextas-feiras, quando as suas eram nossas.
Eu estava esperando você só para dizer algo, mas nossa taça caiu no chão e o amanhã chegou e eu tenho que ir, não sei… Por que precisávamos nos machucar assim? Mas aquele ditado em que minha vó sempre falava se fomos fortes o bastante parar deixar uma paixão entrar, somos fortes o bastante para deixá-lo ir.
Às vezes estou consumido por essa dor, raiva, amor e confusão, às vezes nos aproximamos sem esperança e no fim... Você tomaria a direção por mim? E se eu ficasse aqui fora na janela hoje? Você cuidaria de uma alma quebrada? Então é oque preciso. Você desvendava meus pensamentos, mas agora não temos reciprocamente. E se meu fim fosse hoje? Você me levaria para casa?
Eu me perdi tentando encontrar meu caminho no amor noite após noite. Então estou indo embora. Estou por conta própria. Tentando ser alguém que eu possa ter orgulho um dia. Essa cidade não pode deixar qualquer pessoa fria e matá-lo pelas costas. Infelizmente os sonhos que estive tendo com você não são reais o suficiente e me pego nesse momento de novo trazendo o passado a tona. Talvez eu seja um tolo, mas eu ainda pertenço a você em qualquer lugar que você estiver. Estou nesse momento no meu quarto e não há ninguém para nos culpar. Oque eu sou agora? Estou caindo de novo... E se eu estiver disposto a desistir? Um dia você se importou e eu estou bem ciente que escrevo livros e musicas sobre você. Um dia acabo voltando no lugar das estrelas e isso me mata porque eu sei que acabaram as coisas que podemos dizer lá. E então oque você é agora?
Se eu tivesse não ido tomar o vinho com certeza eu não teria ido dançar com o diabo e agora estou grande e tenho medo de fantasmas, se você não tivesse me salvado do tédio eu estaria com o coração intacto.
Você realmente quer saber onde eu estava no dia 19 de junho? Eu realmente tenho que te falar? Como ele me trouxe de volta a vida quando você estava nos matando? Se arrependa de mim, eu estava dançando, sorrindo ao redor dela.
O silêncio é tudo oque eu posso ouvir agora. A música é triste demais quando você não está por perto. Então, por que estou indo embora? De todas as formas você me mostrou o caminho do amor e da paixão.
Tudo estava certo, mas conheci o outro lado. Como está o seu coração após destruir o meu? Bom, eu pensei que você diferiria dos outros, acho que vocês são todos iguais. Porque eu ouvi que ela e ele estão com os braços em uma garota e um garoto novo.
Às vezes, no meio da noite, eu consigo te sentir novamente, mas é só saudade, só queria que você fosse alguém melhor.
São laivos
que me aquecem
neste inverno
algures
num parque
de uma grande,
grande cidade
Mas quem me dera
estar à lareira
em pequena
com os meus avós
noutros tempos
bem mais equilibrados
Quero estar ao seu lado
Na manhã serena de inverno
E na tarde quente de verão.
Seu sorriso e seu olhar
Será sempre a razão de te amar.
Em noites de inverno solitário, o vento sarcástico sopra até doer os ossos, um vento que carrega consigo vozes de lamentações dos nossos ancestrais gritando suas histórias, vozes essas que bramam e vituperam num só clamor
Na escuridão do inverno sombrio,
Onde a mente se perde em devaneios,
Eu encontro a verdade, pura e dura,
Que me guia nos meus mais profundos desejos.
Não importa as trevas que venham a surgir,
Ou a luz que ofusque o meu caminho,
Tudo é efêmero como o fogo,
E só a verdade é que sempre permanece.
E é ela que me guia como uma bússola.
Ela me conduz ao conhecimento sagrado,
Eu supero o sofrimento e evoluo em virtude.
Eu busco a verdade onde quer que se oculte,
Eu busco a verdade em todas as partes,
Nos livros, na natureza e nas artes,
Eu sei que ela é a chave da vida,
E que sem ela, tudo é uma mentira.
Eu seguirei em busca da verdade,
Mesmo que ela seja difícil de encontrar,
Eu sei que ela é o caminho certo,
E que é por ela que vou me guiar.
POESIA FRIA
Que fria,
A minha poesia…
Até parece que no meu inverno
Interno,
Ela deveria
Hibernar
E ficar
Sempre naquele letargo,
Sem me dar o amargo
De continuar
A enregelar
Corações
Quentes,
Amantes
Diferentes,
De outras poesias
Menos frias
De emoções,
Porque a minha,
Coitadinha,
Tão mesquinha,
Vive só de ilusões.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 15-02-2023)
Escrito numa tarde de inverno:
Sou uma poça d'água no fim de um escorrega. Esse escorrega é meu salvador e meu algoz. Ele é meu 'Phármacon'. Insuportável saber que ele tem a permissão de Deus para ser juiz da minha existência. De seu dorso deslizam águas que me alimentam, mas por quê, Senhor, muito mais do que elas deslizam pés que me dilaceram? Será que não existe um lugar menos agitado pruma poça como eu se alojar? Tenha piedade de mim, Senhor. Dizem por aí que não é pequena a Sua misericórdia. Se assim é, então será que Sua Majestade poderia, por favor, abrir Seus olhos para o que vivo aqui? Não aguento mais ter de suportar a alegria dos que no escorrega se divertem, inconscientes do impacto que seus prazeres têm sobre a alma d'água que eu sou. A cada pisada, Senhor, sou menos alma e mais lama. Até quando? Ah, Senhor, como eu gostaria! Eu gostaria, Deus, e Lhe rogo: junte Suas mãos e me recolha Nelas como se eu fosse a prece de uma filha querida, e em Suas mãos, Senhor, com amor, peço que me conduza ao topo deste às vezes bendito, outras vezes maldito escorrega. Sim, aí sim, Senhor, eu me evaporaria de emoção... Ficaria feliz, imensamente feliz com cada uma de minhas gotas que assim se evaporassem, e evaporadas, tocassem, como suores ou mesmo como lágrimas, este meu misterioso Escorrega. Porque eu desejo ser a única a tocar úmida os veios de sua madeira. Do seu aço. Quero ser dele, ou ser nele, Senhor, inteiramente absorvida. Todavia, o Senhor quer, meu Deus, que seja fluido o meu destino... Que de madeira ou aço ele nada tenha. Que nada em mim permaneça a não ser o caráter fluido, despossuído, das águas. Que nada nem ninguém me possa acolher ou tomar para si. Sim, parece sadismo. Será que Deus é sádico, meu Escorrega? Sinto que Ele me deixou próxima a você, sabendo, já sabendo irremediavelmente, que jamais nos aproximaríamos, que sobre você eu não teria a menor influência. Sim, porque Ele não quer. Talvez, na Sua escondida maldade, Deus queira mesmo é que eu siga odiando os pés que me enlameiam. Será, meu misterioso Escorrega - oh, mistério escorregadio, meu - que não terei outro fim?(Homenagem minha à Adélia Prado)
Era de manhã cedo, final de inverno no sul do país. Eu estava na escola, na janela de uma das salas. Daquela janela eu conseguia vê-lo lá embaixo na quadra. E eu olhava o céu, não muito azul. Eu olhava as crianças correndo. Eu olhava pra ele. E de repente, me bateu uma vontade de ser velha, uma idosa que tivesse todo o tempo do mundo para ficar observando as coisas. Eu queria ser uma idosa que tivesse ao seu lado o amor de sua vida que, ainda na adolescência, aprendeu a amar.
(21-08-14)
Era inverno quando Laska chegou. Ao contrário do que esperava, não me colocou no colo, não me aqueceu muito menos tirou aquela agonia familiar do meu peito.
Chegou não sei se altivo ou nervoso, só sei que tirou tudo do lugar. Tirou todos os móveis do canto da sala, jogou minhas gavetas no chão, esvaziou meus armários, jogou as roupas na cama. Nem mesmo meu lugar secreto de bugigangas escapou daquele ataque estranho. Tirou as cortinas das janelas, bagunçou a cozinha. Eu olhava aquilo tudo primeiramente estática, sem entender. Depois, nervosa, pulei em seu pescoço tentado frear aquela disseminação da desordem, em vão. Ele continuou sua missão que durou pouco mais de uma hora.
A noite estava fria, ventava e caia uma chuva fina e triste e eu assistia desolada e derrotada aquele espetáculo da porta, sentada no chão, onde eu estava. Quando ele se deu por satisfeito, virou pra mim e disse: “Pronto, agora arrume.” Confesso que chorei. Era só uma casa, tudo bem, eu sei, mas era a MINHA casa, toda bagunçada, revirada de ponta a cabeça e com aquela imensa nuvem de descrença pairando no ar.
Esfreguei os olhos com as costas das mãos, como fazia quando criança. Olhei pra ele, nos olhos. Nem brigar consegui. Ele saiu pela porta me deixando ali com minha bagunça, com aquela bagunça tão parecida com meu interior. Sentei perto da cama. Não sabia sequer por onde começar, mas comecei. Furiosa, entristecida, descrente, fui pegando primeiramente minhas coisinhas pequenininhas. Encontrei um porta-retrato do 1º ano da faculdade, uma carta do primeiro namorado, uma foto envelhecida do meu saudoso pai, um cartãozinho de um natal antigo em família, e de repente, meu rosto de triste começou ter aquela leveza que a nostalgia das boas lembranças produz.
Encontrei também um tanto bom de recibos de contas antigas, molduras de tempos ruins e mais alguns outros resíduos de lembranças doloridas. Do guarda-roupas, acabei encontrando várias coisas que não mais deviam estar ali. E assim prossegui minha faxina forçada, encontrando em cada canto alguma coisa que me fazia chorar e sorrir, me livrando de algumas, guardando com ainda mais cuidado outras tantas. A faxina não acabou em um dia. Demorei semanas para colocar tudo em ordem. Creio que nem na última mudança vi tanta bagunça. Laska estava sabe-se lá onde… desde o dia do seu ataque que eu não o via.
Quando terminei a faxina no interior da casa, reinava do lado de fora caixas e caixas de coisas que precisavam ganhar novos donos, novos rumos e também o caminho do lixo. Sai de casa e encontrei novas casas para as coisas que precisavam de novos donos, deixei também um bom montante de caixas no lixo e dei aqueeeele tanto de papel de um passado não tão legal para o cara da reciclagem da esquina. Voltei pra casa leve. Até de sapatos eu havia me desfeito. Cheguei e observei como minha varanda estava linda. Nunca tinha notado o quanto parecia iluminada, limpa. Límpida.
Entrei e aquele ar que gosto de chamar de “esperança” me acolheu e abraçou. Achei tudo mais lindo e espaçoso. Havia me livrado daquela mesa de canto que nunca havia tido serventia alguma além de ocupar espaço. Havia me livrado também da cortina escura e a janela do jardim agora estava aberta deixando o cheiro do finalzinho de inverno entrar. Eu ainda estava ali, enamorada quando ele entrou. Entrou, me deu aquele abraço que só ele sabia dar, envolvendo meus braços, por trás e sussurrou no meu ouvido:”Será que agora você entendeu?”
Eu me virei e fui preenchida por aqueles olhos que me desmontavam por inteiro sem necessitar de palavra alguma e ao invés de raiva, repulsa, eu o abracei. Me joguei nos seus braços, com aquele choro de alívio regado a riso silencioso.
Não sei muito bem quando a ficha caiu, quando entendi. Só sei que foi bem no dia que Laska chegou e tirou tudo do lugar que entendi que amor só é amor quando de alguma forma te tira do ócio do comodismo e te relembra que para coisas boas chegarem é preciso arrumar “espaço”.
Naquele dia, “Laska” entrou de vez na minha vida, e desde então, nunca mais me questionei sobre o que é amor, “Laska” arde todos os dias em meu peito me lembrando que está ali.
Em alguns dias de inverno, principalmente os com vento, deixo minha musculatura rígida para manter o calor no corpo e a mente em juízo, o excesso de tempo que fico nessa condição me deixa emocionalmente triste. Permaneço triste até passar 100% aquela sensação térmica antes do calor intenso chegar novamente ao corpo.
No verão semea-se
No inverno a terra germina
A primavera traz colheita
No outono tudo se renova
A planta do justo - É um caminho de nobreza, em toda estação sua colheita é brilhante como a luz da aurora, brilha dia após dia no céu, para sua vida
e abundância.
MEU INVERNO
Surge uma estrela no céu.
Um cruel vento frio afronta
as árvores solitárias e nuas.
Em um reino, imerso em névoa,
brumas se entrelaçam nos meus sonhos.
Sem luar… sem mar… sozinha
A voz noturna do meu silêncio,
destrincha meu coração.
( Inverno - e os meus devaneios! …)
Corro todos os riscos no inverno.
Fecho meus olhos, vejo o que quero.
É melhor sonhar do que viver!