Inverno
A vibração da primavera conversa abertamente com a lua em cada uma das suas fases para lhe pedir um favor diferenciado em prol de uma contínua e grandiosa declaração de amor, uma que não sofrerá por meio do desgaste desagradável do tempo, terá a viveza da eternidade a quem nesta terra, no aspecto humano, mostrou de verdade o que é amar reciprocamente de um jeito romântico, persistente, o sentimento de ter encontrado o seu lugar, um mundo pertencente ao outro após um encontro claramente singular para ambos, portanto, se aquele pedido for felizmente aceito, um lindo e emocionante Florescer brilhará incansavelmente com o esplendor admirável do Luar, mesmo durante o inverno, declarando todas as noites um amor imensurável, uma emoção fortemente calorosa que superará a morte da pessoa que declara ou perdurará sendo pelo menos, uma rara lembrança amorosa.
Genuíno deslumbramento, um deleite inegável diante do poder do seu encanto, o refulgir admirável de um amor intenso, de um semblante charmoso, vitalidade expressada em cada movimento, suavidade pelo corpo, bela arte de renascimento, a folhagem que se renova após o outono, paixão num tom vermelho, um fogo impetuoso, que não se apaga, que se destaca mesmo durante o inverno, logo, natureza rara, oriunda de um precioso universo, que com maestria, reúne ternura e atrevimento, respeito e curvas, essencialidade e fortes sentimentos, superfície e profundidade, venustidade sublime, abençoada integridade.
Uma mesma árvore floresce,
enfrenta altas temperaturas
e às vezes ainda serve de abrigo
com uma sombra acolhedora,
aguenta algumas tempestades,
solta suas folhas na hora certa,
uma renúncia necessária
para alcançar seu avivamento,
um exemplo natural de resiliência,
suporta a frieza do inverno,
tudo isso, graças a Deus,
sem perder suas raízes, sua essência, assim resiste a cada estação
com a naturalidade da sua persistência
Semblante charmoso, espírito entusiasmado, um radiante sorriso, cachos estonteantes, pele suave e iluminada, arte interessante de cor intensa, fogosidade demasiada, alegria contagiante que se manifesta com muita sinceridade, bem vinda como a primavera, uma lareira durante o inverno, a bonança depois da tempestade, o amor quando é verdadeiro, a veemência presente na simplicidade, beijos certeiros, correspondidos com vontade, uma relevância que vai além de um mero desejo, contendo o sabor deleitante da reciprocidade.
Nesta quarta estação que tem o ano,
aprecio este mundo ultramoderno,
e nas chuvas que me sobram do inverno
faço um esboço de um poema puritano...
No inverno tudo soa a transparência,
desde os dias que antecedem o Natal,
porque um homem exercita a paciência
e até o frio nos parece mais natural…
Sacudo os altos ventos que me restam
para cima desse frio que me regela,
tentando dar à luz uma só estrela
enquanto os vendavais se manifestam…
Farei uma caraça de improviso,
com a lama que abunda no meu rosto,
e prometo modelar um bom sorriso
no Entrudo que aí vem com todo o gosto…
Será honesta a grande quadra de folia,
os borguistas nunca foram tão sinceros,
pois deixamos de adorar pantomineiros,
adorando um vasto mundo de alegria…
E hoje, com tais nuvens tão cinzentas,
neste dia tão cinéreo quanto breve,
vou sair e reforçar a vestimenta,
porque a chuva pode vir em tons de neve.