Inutilidade
'Da Inutilidade e Utilidade'
Se dirigir a um público por horas não significa nada, é vazio e inútil, caso não haja entendimento e comunicação real entre ambos os lados, assim como os interesses e respeito devem aparelharem-se num consenso útil.
No agir certas palavras ou frases estão sendo levadas a sua total inutilidade, e por vezes a sua extinção. "A ignorância é uma bênção" e "sutileza" são bons exemplos disto.
Não despreze os bons e preciosos momentos de sua vida, porque a inutilidade poderá assumir o seu tempo se houver esse desperdício
Oque eu percebo é que absolutamente nada nessa vida é definitivo, podemos compreender a inutilidade do orgulho facilmente depois de um tempo de meditação, sentados, pensativos como espectador da vida, e o palco é o mundo, e nele observamos tudo, a tolice das disputas de um querer ser melhor do que o outro, a estupidez de querer ser ganancioso e a incoerência das tolas magoas.
Quando a bagagem está muito cheia, diversas vezes está cheia de inutilidade da qual insistimos em levar e mal conseguimos carregar.
Isso nos atrasa, nos deixa para trás.
Refaça sua história e leva apenas o que realmente precisar.
Sensação de inutilidade ou baixa autoestima pode ser o reflexo de uma sucessão de escolhas pouco genuínas para si.
Não é fácil ser você mesmo, mas no final acho que seria pior sentir a dor de ser um eterno vazio.
A inutilidade de aprender a escrever
Quando eu era jovem queria muito aprender a escrever, para quem sabe um dia tornar-me um escritor. Bem... este sonho já abandonei a bastante tempo pois descobri que além de escrever faz-se necessário talento e isso não se aprende , ou a pessoa tem ou não tem. Agora com o passar dos anos me pergunto para que precisamos aprender a escrever? Em tempos de internet, poucas são as expressões que precisamos conhecer para nos comunicarmos, basta publicar em um determinado micro blog algo como: @cariocasumare #umidiotaem140caracteres e se obtivermos como resposta alguma coisa semelhante a \ô/\ô/\ô/\ô/, kkkkkkk ou asussausuausuausas, quer dizer que conseguimos nos comunicar. (seja lá o que signifique o que foi dito ou entendido)
Mas, saber escrever é inútil e tal inutilidade já foi vista até pelo principal fabricante de softwares do mundo, pois hoje compramos um micro computador relativamente bom, com processadores de ultima geração, com uma invejável velocidade de emulação, mas principalmente e o mais importante, com a plataforma do maior fabricante já instalada, por aproximadamente mil reais, inclusa na instalação a importantíssima e gratuita ferramenta de navegação na internet, todavia como escrever é pura vaidade de uns poucos mortais, para se obter o editor de texto deste mesmo fabricante, na sua versão mais completa, teremos que desembolsar outros mil reais. Estão certos, já dizia o poeta “... navegar é preciso...” escrever não é preciso.
Tenho pena dos jornalistas que todos os dias executam um árduo trabalho para escrever seus artigos, informar sobre fatos ocorridos no mundo ou em suas cidades, procurando sempre diversificar o vocabulário, temas etc., para não parecerem monótonos ou repetitivos, usando das técnicas de redação que aprenderam nas faculdades ou na pratica da redação de um antigo jornal, cada vez menos terão público para entender o que foi passado como mensagem, seja contextual ou subliminar.
Profetizo com certa tristeza o fim dos literatos, pois quem restará para entender seu linguajar prolixo, as nuances de suas minuciosas descrições de fatos ou personagens, a sutileza dos temas, a profundidade do enunciado. Entristeço-me quando vejo as letras de musicas que substituíram nos rádios as do Noel Rosa, que primavam pelo humor, a poesia complexa de Caetano Veloso e Gilberto Gil, a música critica de Gonzaguinha e Chico Buarque, bem como a cornisse refinada de suas letras ou da maestria da cornisse do Mestre Cartola, hoje substituídas por letras simples em rimas pobres de uma cornisse explicita e sem graça, cantadas em versos desconexos que forçadamente se juntam sem fazer o menor sentido.
Ainda me ressinto dos professores de minha juventude, que, diga-se de passagem, eram excelentes, pois naqueles tempos ser professor na maioria das vezes era vocação e não falta de opção, eles insistiram para que eu aprendesse a ler e escrever, contrariando a veia boemia que então existia em mim, eles fracassaram em ensinar-me a escrever, mas mataram o boêmio e o transformaram em um cínico de humor mordaz e duvidoso, com o qual hoje sou obrigado a conviver e que volta e meia me enfia em confusão por ter sido mal entendido. Também... Bem feito! Quem mandou se meter a escrever?!
Nada soa mais ridículo que a inutilidade da vida. Talvez não da vida por completo, mas do papel inútil que desempenhamos nela. É até meio deprimente pensar nisso; no entanto, depois de um tempo analisando para que razão fazemos tudo o que fazemos enquanto vivos cheguei a essa conclusão. Ok, nos formamos no ensino fundamental com mérito, no ensino médio com esforço, e na faculdade depois de 10 anos. Mas cumprimos tudo, como manda o script. No meio disso tudo, saímos a festas, nos divertimos, conhecemos pessoas, viajamos e etc. Nós fazemos tudo como deve - e não deve - ser feito, orgulhamos nossos pais, arranjamos um emprego que paga bem e estamos "bem na vida". Contudo, existe um certo vazio e um questionamento que permanecem: para quê? Parece que vamos ser sempre escravos da vida. Almejamos aquela liberdade tão utópica, e, aos poucos, percebemos duramente que ela nada mais é que MERAMENTE utópica. Estamos presos ao nosso ciclo perfeito de vida, que parece nos sufocar cada vez mais, e não conseguimos nos libertar disso. De que adianta termos um emprego legal se, por muitas vezes, o que devemos fazer é só seguir ordens? De que adianta viajar e ver o mundo se voltamos para o nossa realidade que é tão mediana? De que adianta obedecer a tudo para poder "estar bem na vida" se não é isso que queremos? E, o mais intrigante: de que adianta filosofar tanto se nada vai sair do papel?
O que eu vou fazer depois de terminar de escrever isso? Dormir, acordar cedo, estudar e trabalhar. O ciclo perfeito, que permanece e permanecerá imperfeito por bastante tempo.
O Galo
Impotência, inutilidade, medo, pequenez. Chame como quiser. A verdade, é que as palavras jamais conseguirão expressar com exata precisão o que eu sinto ao ver aquilo. O que? Um galpão. Um imenso, fedorento e decadente galpão. Milhares de olhos tristes emolduram os rostos grandes. Bolas negras de inocência dilaceram meu coração em bilhões de pedaços. São os olhos da carne. É a comida demonstrando sentimentos adversos, tentando impor, de forma inútil, a vida que nunca lhes pertenceram.
O que acontecerá depois de hoje? A quem pertencerão?
Um futuro incerto, recheado de crescimento econômico está sendo pactuado em contratos legais de compra e venda. Eles não são animais, são coisas. Bens que nos pertencem e podem ser vendidos, assassinados, comidos ou amados. Nas jaulas frias, flashs de câmeras fotográficas inibem uma psique descontrolada. O bico frenético do galo negro morde, com demasiada ansiedade, meus dedos trêmulos.
“Você vai ficar bem”, tento dizer de forma inútil, enquanto percebo a mentira que escorre pela minha fina linha de voz. Falo como um sopro. As lágrimas me veem aos olhos, transformando diversos sentimentos em uma gota de agua palpável, a matéria da minha subjetividade não compreendida. O galo tem o olho esquerdo machucado, as patas são enormes, o corpo beira o absurdo. Hormônios. O animal foi vendido por quinhentos reais, as placas indicam que ele é o vencedor no quesito de reprodução de matrizes. Misturar raças e rações é o segredo para essa geração de aves mutantes. Claro, precisamos de galinhas fortes, recheadas com proteínas induzidas para nos dar alguma dose de energia. Mas ele não sabe, não percebe. Seu instinto diz que precisa reproduzir, seu corpo pede por comida, seus olhos ardem. O estresse diminui sua produtividade como galo. Meu Deus, será que o galo sabe que é galo? Acho que não. Está perdido na escola do professor Xavier para super dotados. O galo é um super galo. O galo me bica, pra tentar impor sua grandiosidade. O galo é apenas o galo que engole medalhas pela garganta e, ainda assim, não deixa de ser galo. Mas eu, a garota de fora que esconde o choro, sei que ele é apenas um galo que foi induzido a ser, literalmente, grandioso.
Vou embora, me despedindo daquele ser perturbado. Dobro à direita e encontro mais jaulas. Gaiolas pequenas enfestadas de animais sensíveis de pelugem branca reluzente. Eles são os melhores no quesito de pelugem, os melhores no quesito de carne, os melhores no quesito de venda. São coelhos. As orelhas pontiagudas saem por fora dos buracos minúsculos, os flashs desafiam a capacidade visual dos animais, induzindo-os a um estado de torpor. Os corpos trêmulos demonstram fragilidade. As placas brancas de madeira rústica, demonstram preços. Eles são separados de acordo com seus quesitos mais impressionantes. Crianças se amontoam à minha frente, com os dedos pequeníssimos a tocar-lhes o pelo premiado. Mães sorriem, tiram fotos, explicam a vida do ser que está enjaulado como algo banal, um destino certo, uma beleza que está ali para ser vista e depois esquecida. Nada de nos aprofundarmos. Corações tão rasos quanto seus interesses. Eles são a base sólida de um mundo já corrompido, a ignorância em massa que carregará para sempre os mais aptos nos ombros. A ignorância que alimenta a violência, que educa com cegueira, que vive em vão, que morre sem orgulhos.
Ao lado, uma loja de roupas vende casacos de pele, paralelo a uma loja de filhotes de chinchila. Mais fotos, mais crianças. O peso de não se ser ignorante em uma terra enfestada de burrice. Tento sair dali, trancar minha respiração, fechar meus olhos. Temo não suportar o abismo que se abre em frente aos meus passos febris. Mas suporto. Suporto o suficiente para chegar até o galpão ao lado, onde o meu principal destino se encontra: os bovinos.
Nada de jaulas, nada de flashs. Aqui, há somente vacas, bois e cheiro de estrume. Placas enormes indicam os melhores matadouros, a melhor vaca para alimento, o melhor touro para reprodução. Cartazes esplendorosos exibem, com certa soberba, o orgulho de um boi em especial. Não lembro com exatidão o nome dele, mas sei que era muito, muito especial. Seu Sêmen foi vendido para dois continentes. Sua espécie, sua raça, ou sei lá o que, eram do mais alto escalão de linhagem bovina. Se você quer carne macia e animais dóceis, venha até mim. Se você quer animais submissos e uma linhagem mais rápida, venha até mim. Meu boi é o melhor e maior reprodutor do mundo. Venha até mim.
Eu vou.
Vou até o boi de quem tanto falam e não vejo nada além de um boi. O boi que, de tanto ser exaltado como boi, também pode se ter esquecido de que era boi. Mas eu... Ah, eu sabia que ele era um boi. Ele não me vê, estava ocupado demais regurgitando aveia. Mas eu estava lá. E eu via. O tamanho anormal, o pelo excessivamente penteado. O principal objeto de consumo, a melhor propaganda possível do objeto mais caro. O capitalismo agindo na sua forma mais pura para manipular a pecuária de que tanto dependemos. Continuo olhando e vejo apenas um boi. Um boi lotado de compromissos, fotos, folders, medalhas, filhos e linhagens inteiras de comida. Ao lado, mais bois. Todos os tipos de bois. Não conheço raças nem nada, mas sei distinguir cores. Bois brancos, bois marrons, bois pretos. Todo tipo de boi. E todos os bois que eu vi, devolviam o olhar meio incerto. O destino que nada lhes trazia, a compaixão que não lhes era devida. Olhos tristes. Bolas negras, repletas de mistérios e amores não percebidos. Bolas negras que continuavam a perfurar meu coração.
Será que o galo sabia que era galo ou apenas se convencia do contrário?
Por que estou começando a perceber falhas na minha identidade que não condizem comigo mesma. E, talvez, também ache que sou um galo. Na minha fraqueza, na minha pequenez. A indústria que consome meu dinheiro, de forma indireta. A pecuária que me engole pelas pernas contra a minha vontade. O mundo gira, enquanto acho que sou galo. E, nesses giros em descompasso, me perco numa identidade já não tão natural. Sou um galo que não se reconhece como galo, e, talvez por isso, me intitule como humana.
Quanta inutilidade atravessam meus caminhos... São jogadas ao acaso, e as vezes atrapalham meus passos, tropeço e caio.
Os que aprendem a se fazer de desentendidos
se poupam da inutilidade e da perda de tempo
que geralmente permeiam os discursos perdidos.
A unica coisa que pode transformar uma criança em um adulto inútil é a inutilidade dos pais ao cria-la.
Reconheço a minha inutilidade na mudança do meu país, pois quanto mais eu leio e assisto reportagens sobre corrupção mais anestesiada e olhando para o meu umbigo eu fico.
a inutilidade do seu orgulho , lhe aprisionara . trancafiando sua alma na mais abundante cachoeira de vermes e enxofre ,