Introspectiva
Se culpar não mudará sua posição no tabuleiro. É preciso embarcar em uma viagem introspectiva e definir “qual minha impressão sobre mim?” e, depois, “como posso expressá-la?”.
Ir ao infinito horizonte de si mesmo é uma viagem maravilhosamente encantadora e inesquecível. É preciso ter coragem para viver as mais loucas aventuras que permeiam o mundo interior. Lá dentro existem coisas fora do tempo e que não podem ser presas ao espaço. Coisas tão lindas quanto a bela praia em uma tarde de verão e tão assustadoras quanto um mar bravil em meio a tempestade. Essa viagem pelas dimensões do oceano interior é transformadora; quem ousa realizar, nunca mais volta o mesmo. É viagem sem mapa, sem bússola, pois, todos os caminhos dentro de si são novos, supreendentes e inexplorados.
Tenho um problema com esta esfuziante e libidinosa festa popular [Carnaval]. Não consigo me soltar. Todo mundo pula, brinca, se acaba, enquanto eu entro na minha fase mais introspectiva.
La Description du Poète
Um corpo extenso, tez alongada e alta,
E, homem, chorando vivo incessantemente.
Dos meus dez anos, na vida rude, a falta,
Perdi a mãe, talvez por desígnio da Mente.
A alma aparenta-se inclinada, cônscia
De dores maternais e tumultos extremos;
Em meu cérebro, a ideia, não vã, propícia,
De esperanças e triunfos supremos.
Nenhum livro me escapa ao ardor da mente,
Mas, ah! Conhecimento, que pura ilusão!
Nenhuma dor ou pranto silente,
Pode esconder-me o fúnebre caixão
Da triste esperança, eterna e persistente,
Nos olhos mortos do meu coração.
Um poeta, cujo olhar nos céus se encontra,
Reflete em nuvens sua ambiciosa visão;
Uma erudição que em vão se desponta,
E, em vasta escala, uma férrea solidão.
Poeta visionário, sem mente sombria,
Vislumbra o amor no mundo em sua dor.
Mas, em seu tempo, é uma alma vazia
Sem saber se é criatura ou criador.
Em meio à efervescência, a alma anseia por um refúgio, um retorno ao lugar onde os sentimentos profundos ecoam em silêncio.