Introspecção
À medida que te desdobras em novas camadas de ser, descobrirás que a solidão não é vazia, mas repleta de ecos da tua própria voz.
Estabeleça limites quando as críticas forem prejudiciais, desenvolvendo uma comunicação de ordem, reflexão, respeito, introspecção, liberdade e, acima de tudo, empregando ou aceitando o perdão no momento oportuno.
Fragmento IV - Conação
Entre corpo e alma, eu.
Um entre-espaço, dito maneira, que tange a esfera transcendental da mística à relação lógica e contemplativa do abstrato.
Assim, o corpo existe apenas como relação meramente espacial da afirmação, ao passo que, a mente flutua, introspectivamente, em busca de sua intuição.
Nesse radiante e permeável oaristo, de um ao outro, eu.
Sobre o risco de não ser
Há quem passe a vida
a desejar outro lugar,
outra pele,
outro nome.
Acredita que será mais inteiro
se for como os outros,
se parecer com os que brilham,
se for aceite
nos salões onde se aplaude o vazio
como se fosse grandeza.
Mas o que brilha
nem sempre ilumina.
E o que parece
quase nunca é.
O esforço de parecer
rouba a paz de ser.
E quando se apaga a chama
do que nos tornava únicos,
fica apenas o eco
de quem já não sabe quem é,
nem para onde voltar.
Não há perda maior
do que perder-se de si mesmo.
Não há engano mais cruel
do que acreditar
que a dignidade depende do olhar dos outros.
Ser quem se é
— com verdade, com firmeza, com simplicidade —
é tarefa para os que recusam dobrar-se
à mentira do mundo.
É caminho sem prémios,
mas com sentido.
E só o sentido,
mesmo que nos isole,
nos salva do nada.
Quem rejeita a sua natureza
para caber onde não pertence,
corre o risco de não pertencer a parte nenhuma.
Nem aos outros,
nem a si.
Cuidado com a ilusão dos que se dizem grandes,
mas vivem de fingimento e vaidade.
Ser visto não é o mesmo que ser verdadeiro.
Ser aplaudido não é o mesmo que ser digno.
Acredito que não nascemos para caber em moldes.
Nascemos para ser inteiros.
A dignidade,
se é que tem morada,
não vive nos olhos dos outros.
Vive, talvez,
na coerência secreta
entre o que se sente
e o que se é.
E há uma solidão peculiar
em já não pertencer
nem ao mundo que se tentou imitar,
nem ao que se abandonou.
O que assusta não é falhar —
é perder-se no caminho
por ter querido ser outro,
sem nunca ter sido inteiro.