Intervalo
Existe um intervalo entre o semear e o colher, entre o regar e o frutificar. Esperar é fundamental, faz parte do processo.
Nesse intervalo precioso entre o que fomos e o que ainda seremos, é que de fato, está quem somos e é essa pessoa a que realmente importa.
Em cada breve intervalo de nossos encontros fugazes,
Cada minuto desfolha-se em ardentes frases.
A vontade irrompe como um vulcão, intenso,
E ainda subsiste o tempo de sermos imersos no mesmo intento.
Recordar que és tu, o catalisador do meu mundo em expansão,
Saber que és o prelúdio, o clímax, a conclusão.
Será que percebo tua importância, tua falta que preenche o vazio?
Um amor grandioso, essencial, sem desvio.
O amor autêntico, a partir do âmago, se desvenda,
Uma conexão harmoniosa, em cadência, se estende.
É mister amar com destreza, com primazia,
Para desfrutar plenamente dessa sublime melodia.
Pela janela do meu carro - 4
Certo dia eu voltava para casa no intervalo do almoço e percebi que tinha um rapaz na bicicleta sendo agredido por dois meliantes, um estava de preto e branco e outro de marrom.
Eu fui me aproximando e buzinei na direção dos tratantes, que na mesma hora pararam a agressão.
O moço devia estar voltando para casa cansado e ainda teve que se estressar desse jeito.
Um esclarecimento: Um dos meliantes tinha o pelo preto e branco e outro era caramelo (indícios apontam como um dos terrores dos motoqueiros).
A trajetória da vida passa
pela a infância e pela velhice
o intervalo você é livre para
fazer da vida o que sempre sonhou;
Após o instante que passa, aproveito o intervalo para colocar em versos, antes que o piscar das pálpebras apague com o chegar do instante próximo, o que o ido momento me legou.
Sensualidade não tem nada a ver com nudez. Sensualidade é o intervalo entre o que a mulher esconde e o que de uma forma sutil tem intenção de mostrar.
E cada dia mais a vida vai se tornando solitária, com breves momentos de intervalo.
Como um dia nublado que, ora ou outra, deixa passar uma réstia de sol.
Home office, dia-a-dia, decepções, perdas, parece que potencializam uma certa preguiça social.
E assim a vida continua, como o mar que cresce em volta de uma pequena ilha chamada EU.
Vivemos e morremos sem ao menos saber por que viemos e no intervalo deixamos de lado o essencial para viver o banal.
O intervalo entre uma queda e o recomeço parece uma eternidade. É muito sofrido. Mas o mais incrível de um recomeço; são os novos parâmetros e oportunidades.
Cada um de nós temos uma história pessoal que se desenrola nesse breve intervalo de tempo. Somos moldados pelas circunstâncias, pelas escolhas que fazemos e pelas pessoas que cruzam nosso caminho.
O que é o tempo senão um intervalo entre viver e morrer, mas diferente para todos, uma singularidade.
Mas nem que fossemos rochas, viveríamos para sempre.
A transição é confusa, dolorosa, pois é nesse intervalo impreciso em que algo está morrendo e o novo ainda não pode nascer, que se instala o apego, o arrependimento, a culpa, a angústia, a dor, o medo e não raras vezes, a saudade de coisas que nós nem tivemos.
O único intervalo de paz que me acontece é quando entro no meu carro para dirigir. É o único momento em que consigo trocar mensagens com o contatinho, sem que minha esposa ou marido desconfiem. E quando vejo o semáforo prestes a ficar amarelo e depois vermelho, já reduzo a velocidade para ter um tempinho extra com ele/ela...
Ah, sim, adoro quando me transformo em um ponto fixo de atraso para todos ao meu redor, afinal, quem não ama esperar impacientemente enquanto eu finjo ser uma âncora na corrente do trânsito? Ah, o prazer de ver os outros motoristas bufando de frustração enquanto eu me afundo nas profundezas de um debate de WhatsApp sobre qual é o melhor sabor de pizza.
Outro dia até aconteceu uma cena hilária: fechei um motoqueiro fazendo uma curva sem dar seta e ultrapassando uma faixa ao virar. Vi o coitado caindo pelo retrovisor, mas eu precisava concluir o áudio que estava mandando e acabei esquecendo de parar. Deus, tomara que ele não tenha anotado minha placa.
E não podemos esquecer aquele momento mágico em que alguém buzina impacientemente, fazendo-me perceber que tenho uma fila de carros atrás de mim que poderiam estar em qualquer outro lugar, mas decidiram se juntar à minha caravana do entretenimento móvel.
Ah, que sensação maravilhosa! Realmente, quem precisa de terapia quando se pode ter trânsito e celular?
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