Inseto
de estado estático contempla-se o caos
calmo como um inseto ao exercício de seu nicho
olhos espalhados por corpos em sinestesia
compartilho da vibração
tudo é energia que há de fluir incessantemente
o pulsar dos corações vazios
acompanharão as caixas em estresse
grave que estremece a areia
fechei os olhos...
e lá estavam sua cores em negativo
sua silhueta refletida em mim
minguante.
Como um inseto
o instinto o leva a fazer
um trabalho bem feito
ele não consegue parar
coisas de inseto.
Cavando um imenso buraco
em seu próprio quintal
em apenas um momento
ele se ver tão fundo
mas ele não pensa em como sair
O inverno vai passar e ele não ganhou suas asas
O inferno chegou então ele vai queimar
não existe receio
o que são arrependimentos?
existem vozes em sua cabeça
elas querem que continue
coisas de inseto
Cavando um imenso buraco
em seu próprio quintal
em apenas um momento
ele se ver tão fundo
mas ele pensa em sair
O inverno vai passar e ele não ganhou suas asas
O inferno chegou então ele vai queimar
não existe descanso
sentindo-se observado
todos querem saber
até onde ele vai chegar
coisas de inseto
O inverno vai passar e ele não ganhou suas asas
O inferno chegou então ele vai queimar
Como um inseto colocado nas mãos para ser posto em liberdade junto à natureza, assim são os justos nas mãos de Deus, para desfrutarem de sua liberdade em Cristo.
Duvido que não se sente envergonhado como um inseto esmagado no chão, por ver que toda a sua decepção e solidão enchem os meus olhos.
Cantarão meus lábios debalde?
Suspirarei ais em vão?
Viverei tal qual um inseto de verão?
Chega! Quero minha centelha de amor.
Inquieto
Sem teto, sem telha...
um inseto inquieto, em sua orelha.
Zumbindo, picando e irritando.
Até o tapa.
Na orelha, no pescoço, na cara.
Desvio, saio e reparo.
Um tapa é única demonstração de carinho.
A um pobre mosquitinho.
Nós somos o peixe em frente uma cachoeira
Nós somos o inseto dentro de uma gaiola
Nós somos as sobras de uma grande onda
Os agregados da caveira
O fluxo de poder e a baleira que tudo engole.
Nós somos o boi com cinco chifres
Nós somos o monstro que atea o fogo,
as crianças que lamentam.
Sim… nós estamos envenenados pela luz da lua.
Queria um dia ser um inseto, para poder ver a vida do mais baixo ângulo, onde não existe meios de manipulação em massa, onde vivemos do que a natureza nos proporciona e o dinheiro já não é mais uma prioridade. Como seria bom, viver sem medo de doenças ou até medo de pessoas que estão a o seu lado e o mesmo tempo é seu pior inimigo, seria algo sutil e puro, onde a hipocrisia e a pobreza de espírito não existe e poder admirar as maravilhas da natureza sem destruí-las, seria algo surreal, pois a vida se resumiria nas coisas simples, que não tem preço.
Diga, conhece um inseto chamado “efêmera”? A efêmera morre um ou dois dias após dar à luz. Seu corpo é vazio. Ao invés de estômago ou intestino, seu interior é apenas preenchido por ovos. É uma criatura que nasce apenas visando a procriação. Humanos não são muito diferentes.
PESAR NATURAL
Assassino incerto,
Sem tiro certo.
Pagar pelos restos.
Imortal animal.
Inseto.
Minhoca e borboleta
Mosca e barata.
Lagartixa e, tatu bola.
Pisar esmagar.
Sem a consciência culpar.
Pesar dos pesares azar.
Pernilongo.
Tapa orelha.
Perder o sono.
Tudo fica em pune.
Vaga-lume.
ÁPORO
Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.
O gafanhoto
Eu vi um gafanhoto.
Um inseto vulgar, pensei.
Apenas verde, somente verde.
Me demorei a fitá-lo.
E ele ali quietinho me observando.
Eu vi um gafanhoto.
Verde, verde como as folhas
que já estavam quase que totalmente,
devoradas por ele.
De um relance de olhar, não o teria visto:
Verde: proteção natural,
Verde: compleição formal.
Eu vi um gafanhoto.
E depois outro e outro,
perdi a conta de quantos o veneno matou.
Não faz mal, vieram outros.
Vou começar a contar de novo.
BORBOLETA
Eu não farei poema à borboleta,
inseto que esvoaça sobre a rima
furtada da inequívoca obra-prima
jamais escrita por esta caneta.
Persigo a perseguida de veneta,
mas voa a rima alheia à minha estima
a qual “torce, aprimora, alteia, lima
a frase”, que se esconde numa greta.
E o muro, “paredão todo gretado”,
é sóbrio, é careta, e é quadrado,
mas guarda para si aquela greta.
Solitário empunhando esta caneta
por ser da borboleta rechaçado,
achei-me, em outra greta, contentado.
Imagine-se um inseto e olhe para o céu em uma visão panorâmica, veja sua insignificância e mantenha sua humildade.