Inquieta

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O ciúme é muitas vezes uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor.

Mas tantos defeitos tenho. Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Deus.

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DEVE CHAMAR TRISTEZA

Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.

Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a ter.

Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Poesias Inéditas (1919-1930). Lisboa: Ática. 1956 (imp. 1990). p. 156

Personagem

Teu nome é quase indiferente
e nem teu rosto mais me inquieta.
A arte de amar é exactamente
a de se ser poeta.

Para pensar em ti, me basta
o próprio amor que por ti sinto:
és a ideia, serena e casta,
nutrida do enigma do instinto.

O lugar da tua presença
é um deserto, entre variedades:
mas nesse deserto é que pensa
o olhar de todas as saudades.

Meus sonhos viajam rumos tristes
e, no seu profundo universo,
tu, sem forma e sem nome, existes,
silêncio, obscuro, disperso.

Teu corpo, e teu rosto, e teu nome,
teu coração, tua existência,
tudo - o espaço evita e consome:
e eu só conheço a tua ausência.

Eu só conheço o que não vejo.
E, nesse abismo do meu sonho,
alheia a todo outro desejo,
me decomponho e recomponho.

Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda minha vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.

E foi melhor nunca ter dado:
Em te pungindo algum espinho
Cinge-a ao teu seio angustiado.
E sentirás o meu carinho

O homem superior está sempre calmo; o homem inferior acha-se constantemente num estado de inquietação.

Ai daquele que se inquieta com o futuro!

Dentro da Noite


Ficas a um canto da sala,
Olhas-me e finges que lês..
Ainda uma vez te ouço a fala,
Olho-te ainda uma vez;
Saio... Silêncio por tudo:
Nem uma folha se agita;
E o firmamento, amplo e mudo,
Cheio de estrelas palpita.
E eu vou sozinho, pensando
Em teu amor, a sonhar,
No ouvido e no olhar levando
Tua voz e teu olhar.


Mas não sei que luz me banha
Todo de um vivo clarão;
Não sei que música estranha
Me sobe do coração.
Como que, em cantos suaves,
Pelo caminho que sigo,
Eu levo todas as aves,
Todos os astros comigo.
E é tanta essa luz, é tanta
Essa música sem par,
Que nem sei se é a luz que canta,
Se é o som que vejo brilhar.


Caminho em êxtase, cheio
Da luz de todos os sóis,
Levando dentro do seio
Um ninho de rouxinóis.
E tanto brilho derramo,
E tanta música espalho,
Que acordo os ninhos e inflamo
As gotas frias do orvalho.
E vou sozinho, pensando
Em teu amor, a sonhar,
No ouvido e no olhar levando
Tua voz e teu olhar.


Caminho. A terra deserta
Anima-se. Aqui e ali,
Por toda parte desperta
Um coração que sorri.
Em tudo palpita um beijo,
Longo, ansioso, apaixonado,
E um delirante desejo
De amar e de ser amado.
E tudo, - o céu que se arqueia
Cheio de estrelas, o mar,
Os troncos negros, a areia,
- Pergunta, ao ver-me passar:


"O Amor, que a teu lado levas,
A que lugar te conduz,
Que entras coberto de trevas,
E sais coberto de luz?
De onde vens? que firmamento
Correste durante o dia,
Que voltas lançando ao vento
Esta inaudita harmonia?
Que país de maravilhas,
Que Eldorado singular
Tu visitaste, que brilhas
Mais do que a estrela polar?"


E eu continuo a viagem,
Fantasma deslumbrador,
Seguido por tua imagem,
Seguido por teu amor.
Sigo... Dissipo a tristeza
De tudo, por todo o espaço,
E ardo, e canto, e a Natureza
Arde e canta, quando eu passo,
- Só porque passo pensando
Em teu amor, a sonhar,
No ouvido e no olhar levando
Tua voz e teu olhar...

A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas, capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).

O maior bem do homem é uma mente inquieta.

Ela tem um coração boêmio, uma alma poética, inquieta, repleta de sonhos, e uma aura de fluidos sentimentais intensos.

Sei que chorar ajuda, mas não consigo. Estou inquieta. Ando de um cômodo para o outro, respiro pela fresta da janela, sinto o coração bater como se dissesse: realize seus desejos.

Eu gosto do que me inquieta
sair da rotina, dos trilhos,
perder o fôlego, a pose, o rumo, o sono
tenho preguiça do sossego, ele me deixa chata.
Quietude só na alma, meu corpo precisa ouvir meus vasos sanguíneos.

Mesmo que a noite seja inquieta, e a gente brigue pelas cobertas, o jeito de se tratar ainda é o mesmo.. O relógio fica do teu lado, a perna fica enroscada, e o abraço é colado..
Dividimos o mesmo espaço, e não me importo com o tamanho de teu pedaço. O aconchego é o mesmo, e sempre acabamos dormindo juntos, no mesmo travesseiro.

Quando não da mais pra disfarçar

Hoje minha alma esta inquieta e meu coração triste. Tento disfarçar tudo isto, tento fazer de conta que esta tudo normal, tento não sentir nada, mas não tem jeito. O olhar molhado embaça meu sorriso, a saudade do ontem anula minha esperança, e a sua ausência tão impiedosa faz doer tudo por dentro. Sabe , eu acreditei que tinha conseguido, eu acreditei que você sentia algo por mim, eu acreditei em tanta coisa que o meu maior erro foi não acreditar em mim, e depositar toda minha confiança em um sentimento que não existia em ti. A culpa não é sua, ela é toda minha, e aceitar a sua indiferença, ta sendo demais pra mim .

Depois que o homem conseguiu nomear todas as partes do corpo, o corpo o inquieta menos. Atualmente, cada um de nós sabe que a alma nada mais é que a atividade da matéria cinzenta do cérebro. A dualidade entre a alma e o corpo foi dissimulada por termos científicos e, hoje, não passa de um preconceito fora de moda que só nos faz rir.
Mas basta amar loucamente e ouvir o ruído dos intestinos para que a unidade da alma e do corpo, ilusão lírica da era científica, imediatamente se dissipe.

Milan Kundera
A insustentável leveza do ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

O pior momento de sua vida era nesse dia ao fim da tarde: caía em meditação inquieta, o vazio do seco domingo. Suspirava. Tinha saudade de quando era pequena – farofa seca – e pensava que fora feliz.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

"Sua mente inquieta lhe trai"

Eu sou assim:
Mente inquieta,
Pessoa;
Muitas dúvidas;
esperanças;
Meio moleca e muito criança;
Adoro desafios, gosto de ser diferente mas tento parecer normal.
Sou forte,mas frágil.
Tenho medo da solidão;
Gosto de ficar só, no meu canto, mas não me deixe só por um tempão.
Sonho;
Imagino;
Não quero pouco da vida;
Me faço vítima do cotidiano, mas não tolero "mesmice"...
Expansiva;
Leio pouco, penso muito....
Faço graça das minhas mancadas;
Às vezes sou alguém que nem eu sei quem...
Tenho pressa;
Meu querer é sem tamanho;
Sou prática e muitas vezes controversa....
Sou assim....um pouquinho de mim!

INQUIETA

Sozinha,
na madrugada vazia,
a noite chora,
o vento Soluça...
O sonho termina,
a saudade fica.
delírios invadem-me o ser,
encontro -me perdida, arrebatada em sonhos,
invento coisas,
inquieto-me...
Deixo a imaginação correr,
solto os pensamentos,
de certa maneira, indecentes.
Sinto fome de ti,
tento acalmar este desejo,
enquanto lá fora a chuva miudinha cai...
Olho o vazio,
toco-me.
Lugares antes tocados por ti em noites flamejantes,
em que tuas mãos me percorriam,
avidas de mim.
Minha imaginação corre,
solta enquanto não VENS .
Quero prender-te no pensamento,
deixá-lo correr solto.
Em ti me prendo em nós de sonho,
enquanto lá fora a chuva miudinha cai,
a noite chora,
o vento soluça,
o sonho termina...