Inquieta
Mas tantos defeitos tenho. Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas.
DEVE CHAMAR TRISTEZA
Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.
Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a ter.
Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.
Personagem
Teu nome é quase indiferente
e nem teu rosto mais me inquieta.
A arte de amar é exactamente
a de se ser poeta.
Para pensar em ti, me basta
o próprio amor que por ti sinto:
és a ideia, serena e casta,
nutrida do enigma do instinto.
O lugar da tua presença
é um deserto, entre variedades:
mas nesse deserto é que pensa
o olhar de todas as saudades.
Meus sonhos viajam rumos tristes
e, no seu profundo universo,
tu, sem forma e sem nome, existes,
silêncio, obscuro, disperso.
Teu corpo, e teu rosto, e teu nome,
teu coração, tua existência,
tudo - o espaço evita e consome:
e eu só conheço a tua ausência.
Eu só conheço o que não vejo.
E, nesse abismo do meu sonho,
alheia a todo outro desejo,
me decomponho e recomponho.
Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda minha vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.
E foi melhor nunca ter dado:
Em te pungindo algum espinho
Cinge-a ao teu seio angustiado.
E sentirás o meu carinho
O homem superior está sempre calmo; o homem inferior acha-se constantemente num estado de inquietação.
Dentro da Noite
Ficas a um canto da sala,
Olhas-me e finges que lês..
Ainda uma vez te ouço a fala,
Olho-te ainda uma vez;
Saio... Silêncio por tudo:
Nem uma folha se agita;
E o firmamento, amplo e mudo,
Cheio de estrelas palpita.
E eu vou sozinho, pensando
Em teu amor, a sonhar,
No ouvido e no olhar levando
Tua voz e teu olhar.
Mas não sei que luz me banha
Todo de um vivo clarão;
Não sei que música estranha
Me sobe do coração.
Como que, em cantos suaves,
Pelo caminho que sigo,
Eu levo todas as aves,
Todos os astros comigo.
E é tanta essa luz, é tanta
Essa música sem par,
Que nem sei se é a luz que canta,
Se é o som que vejo brilhar.
Caminho em êxtase, cheio
Da luz de todos os sóis,
Levando dentro do seio
Um ninho de rouxinóis.
E tanto brilho derramo,
E tanta música espalho,
Que acordo os ninhos e inflamo
As gotas frias do orvalho.
E vou sozinho, pensando
Em teu amor, a sonhar,
No ouvido e no olhar levando
Tua voz e teu olhar.
Caminho. A terra deserta
Anima-se. Aqui e ali,
Por toda parte desperta
Um coração que sorri.
Em tudo palpita um beijo,
Longo, ansioso, apaixonado,
E um delirante desejo
De amar e de ser amado.
E tudo, - o céu que se arqueia
Cheio de estrelas, o mar,
Os troncos negros, a areia,
- Pergunta, ao ver-me passar:
"O Amor, que a teu lado levas,
A que lugar te conduz,
Que entras coberto de trevas,
E sais coberto de luz?
De onde vens? que firmamento
Correste durante o dia,
Que voltas lançando ao vento
Esta inaudita harmonia?
Que país de maravilhas,
Que Eldorado singular
Tu visitaste, que brilhas
Mais do que a estrela polar?"
E eu continuo a viagem,
Fantasma deslumbrador,
Seguido por tua imagem,
Seguido por teu amor.
Sigo... Dissipo a tristeza
De tudo, por todo o espaço,
E ardo, e canto, e a Natureza
Arde e canta, quando eu passo,
- Só porque passo pensando
Em teu amor, a sonhar,
No ouvido e no olhar levando
Tua voz e teu olhar...
A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas, capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo.
Ela tem um coração boêmio, uma alma poética, inquieta, repleta de sonhos, e uma aura de fluidos sentimentais intensos.
Sei que chorar ajuda, mas não consigo. Estou inquieta. Ando de um cômodo para o outro, respiro pela fresta da janela, sinto o coração bater como se dissesse: realize seus desejos.
Eu gosto do que me inquieta
sair da rotina, dos trilhos,
perder o fôlego, a pose, o rumo, o sono
tenho preguiça do sossego, ele me deixa chata.
Quietude só na alma, meu corpo precisa ouvir meus vasos sanguíneos.
Mesmo que a noite seja inquieta, e a gente brigue pelas cobertas, o jeito de se tratar ainda é o mesmo.. O relógio fica do teu lado, a perna fica enroscada, e o abraço é colado..
Dividimos o mesmo espaço, e não me importo com o tamanho de teu pedaço. O aconchego é o mesmo, e sempre acabamos dormindo juntos, no mesmo travesseiro.
Quando não da mais pra disfarçar
Hoje minha alma esta inquieta e meu coração triste. Tento disfarçar tudo isto, tento fazer de conta que esta tudo normal, tento não sentir nada, mas não tem jeito. O olhar molhado embaça meu sorriso, a saudade do ontem anula minha esperança, e a sua ausência tão impiedosa faz doer tudo por dentro. Sabe , eu acreditei que tinha conseguido, eu acreditei que você sentia algo por mim, eu acreditei em tanta coisa que o meu maior erro foi não acreditar em mim, e depositar toda minha confiança em um sentimento que não existia em ti. A culpa não é sua, ela é toda minha, e aceitar a sua indiferença, ta sendo demais pra mim .
Depois que o homem conseguiu nomear todas as partes do corpo, o corpo o inquieta menos. Atualmente, cada um de nós sabe que a alma nada mais é que a atividade da matéria cinzenta do cérebro. A dualidade entre a alma e o corpo foi dissimulada por termos científicos e, hoje, não passa de um preconceito fora de moda que só nos faz rir.
Mas basta amar loucamente e ouvir o ruído dos intestinos para que a unidade da alma e do corpo, ilusão lírica da era científica, imediatamente se dissipe.
O pior momento de sua vida era nesse dia ao fim da tarde: caía em meditação inquieta, o vazio do seco domingo. Suspirava. Tinha saudade de quando era pequena – farofa seca – e pensava que fora feliz.
Eu sou assim:
Mente inquieta,
Pessoa;
Muitas dúvidas;
esperanças;
Meio moleca e muito criança;
Adoro desafios, gosto de ser diferente mas tento parecer normal.
Sou forte,mas frágil.
Tenho medo da solidão;
Gosto de ficar só, no meu canto, mas não me deixe só por um tempão.
Sonho;
Imagino;
Não quero pouco da vida;
Me faço vítima do cotidiano, mas não tolero "mesmice"...
Expansiva;
Leio pouco, penso muito....
Faço graça das minhas mancadas;
Às vezes sou alguém que nem eu sei quem...
Tenho pressa;
Meu querer é sem tamanho;
Sou prática e muitas vezes controversa....
Sou assim....um pouquinho de mim!
INQUIETA
Sozinha,
na madrugada vazia,
a noite chora,
o vento Soluça...
O sonho termina,
a saudade fica.
delírios invadem-me o ser,
encontro -me perdida, arrebatada em sonhos,
invento coisas,
inquieto-me...
Deixo a imaginação correr,
solto os pensamentos,
de certa maneira, indecentes.
Sinto fome de ti,
tento acalmar este desejo,
enquanto lá fora a chuva miudinha cai...
Olho o vazio,
toco-me.
Lugares antes tocados por ti em noites flamejantes,
em que tuas mãos me percorriam,
avidas de mim.
Minha imaginação corre,
solta enquanto não VENS .
Quero prender-te no pensamento,
deixá-lo correr solto.
Em ti me prendo em nós de sonho,
enquanto lá fora a chuva miudinha cai,
a noite chora,
o vento soluça,
o sonho termina...