Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
Ai de quem ama
Quanta tristeza
HĂĄ nesta vida
SĂł incerteza
SĂł despedida
Amar Ă© triste
O que Ă© que existe?
O amor
Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade
Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
Lua Adversa
Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vĂŁo e vĂȘm,
no secreto calendĂĄrio
que um astrĂłlogo arbitrĂĄrio
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminĂĄvel fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
nĂŁo Ă© dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Não tenha medo do sofrimento, pois nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca dos seus sonhos.
Nota: Trecho adaptado do livro "O Alquimista", de Paulo Coelho.
Quero
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabĂȘ-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrårio evapora-se a amação
pois ao nĂŁo dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
NĂŁo exijo senĂŁo isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a nĂŁo ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissĂŁo,
amor
saltando da lĂngua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que nĂŁo me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se nĂŁo me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.
RECEITA DE ANO NOVO
Para vocĂȘ ganhar belĂssimo Ano Novo
cor do arco-Ăris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo jå vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para vocĂȘ ganhar um ano
nĂŁo apenas pintado de novo, remendado Ă s carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontĂąneo, que de tĂŁo perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
vocĂȘ nĂŁo precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
nĂŁo precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
NĂŁo precisa
fazer lista de boas intençÔes
para arquivĂĄ-las na gaveta.
NĂŁo precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as naçÔes,
liberdade com cheiro e gosto de pĂŁo matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
vocĂȘ, meu caro, tem de merecĂȘ-lo,
tem de fazĂȘ-lo novo, eu sei que nĂŁo Ă© fĂĄcil,
mas tente, experimente, consciente.
Ă dentro de vocĂȘ que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
NĂŁo era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.
Quando penso em vocĂȘ, fecho os olhos de saudade.
Dedicado coração
Quando forte a amizade resiste,
Tudo enfrenta e pode superar,
Sei que razĂŁo nĂŁo me assiste
Se pretender algo mais alcançar.
Se o meu coração ainda insiste
E muito carinho deseja te dar,
Ă para que jamais fiques triste,
Sabendo poder comigo contar.
Quem te quer bem nĂŁo desiste,
NĂŁo reclama, nem vai lamentar,
A felicidade também existe
Ao dar amor sem nada esperar.
Amar dĂłi tanto que vocĂȘ fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira. Amar dĂłi tanto que nĂŁo dĂłi mais, como toda dor que de tĂŁo insuportĂĄvel produz anestesia prĂłpria.
Gostar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. à tarefa da nossa cabecinha, que aliås é nossa em termos: tem alguma coisa lå dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto.
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
Nota: Trecho de "Timidez".
Cansei de quem gosta como se gostar fosse mais uma ferramenta de marketing. Gostar aos poucos, gostar analisando, gostar duas vezes por semana, gostar atĂ© as duas e dezoito. Cansei de gente que gosta como pensa que Ă© certo gostar. Gostar Ă© essa besta desenfreada mesmo. E nĂŁo tem pensar. E arrepia o corpo inteiro, mas vocĂȘ nĂŁo sabe se Ă© defesa para recuar ou atacar. Eu eu gosto de vocĂȘ porque gostar nĂŁo faz sentido.
Permita-se. Se vocĂȘ acha que no fundo mesmo, apesar de todas essas reuniĂ”es e palavras em inglĂȘs que sĂł querem dizer que vocĂȘ nĂŁo sabe o que estĂĄ falando, o que importa Ă© ter pra quem mostrar que saiu o arco-Ăris. Permita-se. Porque eu nĂŁo quero que vocĂȘ tenha essa pressa ao ponto de ajudar com as prĂłprias mĂŁos. Eu quero que vocĂȘ sinta esse prazer que chega aos poucos. E mata tudo que hĂĄ em volta. E explode os relĂłgios. E chega aos poucos ainda que vocĂȘ ainda nĂŁo saiba nem quem Ă© pouco e nem quem Ă© lento. Porque vocĂȘ morre. Se vocĂȘ prefere a vida quando se morre um pouco por alguĂ©m. permita-se.
Eu nĂŁo faço a menor idĂ©ia de como esperar vocĂȘ me querer. porque se eu esperar, talvez eu nĂŁo te queira mais.
Eu nĂŁo queria ir embora e esperar o dia seguinte. porque cansei dessa gente que manda ter mais calma. E me diz que sempre tem outro dia. E me diz que eu nĂŁo posso esperar nada de ninguĂ©m. E me diz que eu preciso de uma camisa de força. Se vocĂȘ puder sofrer comigo a loucura que Ă© estar vivo. se vocĂȘ puder passar a noite em claro comigo de tanta vontade de viver esse dia sem esperar o outro, se vocĂȘ puder esquecer a camisa de força e me enroscar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum equilĂbrio. Se vocĂȘ puder ser alguĂ©m de quem se espera algo, afinal, Ă© uma grande mentira viver sozinho, permita-se. Eu sĂł queria alguĂ©m pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos.
Canção das mulheres
Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silĂȘncio e nĂŁo vĂĄ embora batendo a porta, mas entenda que nĂŁo o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e nĂŁo se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e nĂŁo ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro nĂŁo pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dĂłia idĂ©ia da perda, e ouse ficar comigo um pouco â em lugar de voltar logo Ă sua vida.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cĂșmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciĂȘncia com vocĂȘ!''
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro nĂŁo me exponha nem me ridicularize.
Que se eventualmente perco a paciĂȘncia, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro nĂŁo me considere sempre disponĂvel, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando nĂŁo estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se Ă s vezes me esforço, nĂŁo sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerĂĄvel e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa â uma mulher.
Por um lado, ter um inimigo Ă© muito ruim. Perturba nossa paz mental e destrĂłi algumas de nossas coisas boas. Mas, se vemos de outro Ăąngulo, somente um inimigo nos dĂĄ a oportunidade de exercer a paciĂȘncia. NinguĂ©m mais do que ele nos concede a oportunidade para a tolerĂąncia. JĂĄ que nĂŁo conhecemos a maioria dos cinco bilhĂ”es de seres humanos nesta terra, a maioria das pessoas tambĂ©m nĂŁo nos dĂĄ oportunidade de mostrar tolerĂąncia ou paciĂȘncia. Somente essas pessoas que nĂłs conhecemos e que nos criam problemas Ă© que realmente nos dĂŁo uma boa chance de praticar a tolerĂąncia e a paciĂȘncia.
Se vocĂȘ conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...
Se vocĂȘ achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se vocĂȘ nĂŁo consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que estĂĄ marcado para a noite...
Se vocĂȘ nĂŁo consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se vocĂȘ tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...
Se vocĂȘ preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: Ă© o amor que chegou na sua vida.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida, poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Ăs vezes encontram e, por nĂŁo prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixĂĄ-lo acontecer verdadeiramente.
Ă o livre-arbĂtrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
NĂŁo deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o amor!
Nota: Trecho de poema de Selma Soares Albuquerque, muitas vezes atribuĂdo erroneamente a Carlos Drummond de Andrade.
...MaisA maior solidĂŁo Ă© a do ser que nĂŁo ama. A maior solidĂŁo Ă© a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidĂŁo Ă© a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que nĂŁo dĂĄ a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitĂĄrio Ă© o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lĂąmpada triste, cujo reflexo entristece tambĂ©m tudo em torno. Ele Ă© a angĂșstia do mundo que o reflete. Ele Ă© o que se recusa Ă s verdadeiras fontes de emoção, as que sĂŁo o patrimĂŽnio de todos, e, encerrado em seu duro privilĂ©gio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.