Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
Para quem ama, nĂŁo serĂĄ a ausĂȘncia a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutĂvel, a mais fiel das presenças?
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exĂlio em que a chorar me vejo,
NĂŁo basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
NĂŁo me basta saber que sou amado,
Nem sĂł desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambiçÔes que me consomem
NĂŁo me envergonham: pois maior baixeza
Não hå que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
Ver e ouvir sĂŁo as Ășnicas coisas nobres que a vida contĂ©m. Os outros sentidos sĂŁo plebeus e carnais. A Ășnica aristocracia Ă© nunca tocar.
Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.
Um beijo
Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...GlĂłria e tormento,
contigo Ă luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo nĂŁo te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prĂȘmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu nĂŁo morri contigo?
Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...
SĂł se ama o que nĂŁo se possui completamente.
As paixÔes são os ventos que enfunam as velas dos barcos, elas fazem-nos naufragar, por vezes, mas sem elas, eles não poderiam singrar.
NĂŁo hĂĄ nada que esteja menos sob o nosso domĂnio que o coração, e, longe de podermos comandĂĄ-lo, somos forçados a obedecer-lhe.