Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Talvez

Talvez nĂŁo ser,
Ă© ser sem que tu sejas,
sem que vĂĄs cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mĂŁo
que, talvez, outros nĂŁo verĂŁo dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde entĂŁo, sou porque tu Ă©s
E desde entĂŁo Ă©s
sou e somos...
E por amor
Serei... SerĂĄs...Seremos...

Pablo Neruda
Cem sonetos de amor

Nota: Soneto LXIX

...Mais

O Ăłdio Ă© o prazer mais duradouro.
Os homens amam com pressa, mas odeiam com calma.

Lord Byron
BYRON, L. "Don Juan", M. Thomas, 1819

Amar Ă© ultrapassarmo-nos.

Os homens graves e melancólicos ficam mais leves graças ao que torna os outros pesados, o ódio e o amor, e assim surgem de vez em quando à sua superfície.

O coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão.

Os nossos pais amam-nos porque somos seus filhos, é um fato inalteråvel. Nos momentos de sucesso, isso pode parecer irrelevante, mas nas ocasiÔes de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança que não se encontram em qualquer outro lugar.

O coração do såbio, tal como o espelho, deve a tudo refletir, sem todavia macular-se.

Quem possui a faculdade de ver a beleza, nĂŁo envelhece.

Muito pouco ama, quem com palavras pode expressar quanto muito ama.

A mulher sĂł ama quando admira; para amar um homem precisa de se sentir inferior a ele.

Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a.

Às vezes o homem prefere o sofrimento à paixão.

Para quem ama, nĂŁo serĂĄ a ausĂȘncia a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutĂ­vel, a mais fiel das presenças?

Quando um homem ama verdadeiramente, Ă© porque Ă© a primeira vez que ama.

Senhora, eu vos amo tanto
Que até por vosso marido
Me dĂĄ um certo quebranto.

Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exĂ­lio em que a chorar me vejo,
NĂŁo basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.

NĂŁo me basta saber que sou amado,
Nem sĂł desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambiçÔes que me consomem
NĂŁo me envergonham: pois maior baixeza
Não hå que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.

Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nĂłs.

Para quem ama, qualquer sacrifĂ­cio Ă© alegria.

Ver e ouvir sĂŁo as Ășnicas coisas nobres que a vida contĂ©m. Os outros sentidos sĂŁo plebeus e carnais. A Ășnica aristocracia Ă© nunca tocar.

Fernando Pessoa
SOARES, B. Livro do Desassossego. Vol.II. Lisboa: Ática. 1982. 264p.

Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.