Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
Ă© urgente destruir certas palavras.
odio, solidĂŁo e crueldade,
alguns lamentos
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
Ă© urgente descobrir rosas e rios
e manhĂŁs claras

Cai o silĂȘncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, Ă© urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade
ANDRADE, E., Até Amanhã, 1956

Nos momentos de dificuldade de minha vida, lembrei-me que na histĂłria da humanidade o amor e a verdade sempre venceram.

O amor acrescenta uma preciosa visĂŁo aos olhos

É impossível encontrar o amor sem perder a razão.

ChorĂŁo

Nota: Trecho da mĂșsica SĂł os loucos sabem.

Sem preferĂȘncias fĂ­sicas ou de nĂșmeros. NĂŁo estĂĄ faltando homem, estĂĄ faltando amor.

Por mais dura que seja uma natureza, ela se fundirĂĄ ao fogo do Amor. SenĂŁo se fundir, Ă© porque o fogo nĂŁo Ă© bastante forte.

NĂŁo se afobe, nĂŁo
Que nada Ă© pra jĂĄ
O amor nĂŁo tem pressa
Ele pode esperar em silĂȘncio
Num fundo de armĂĄrio
Na posta-restante
MilĂȘnios, milĂȘnios
No ar

O maior apetite do homem Ă© desejar ser. Se os olhos vĂȘem com amor o que nĂŁo Ă©, tem ser.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. SĂŁo Paulo: Leya, 2011.

Nota: A frase consta do livro "Poesia Completa, de Manoel de Barros, onde é identificada como uma citação de Padre AntÎnio Vieira.

...Mais

Senhor, neste dia em que me encontro...
Venho te pedir-te a paz, o amor, a sabedoria e a força...
Quero olhar o mundo com os olhos do amor,
Quero ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Quero ver alĂ©m das aparĂȘncias humanas,
Assim como o senhor vĂȘ,
E assim exaltar senĂŁo o bem, o amor e a paz a cada um!
Pai, protege meus ouvidos de toda a maldade,
Firma meus passos no caminho da verdade...
Que sĂł de bĂȘnçãos se encha meu espirito e meu coração...
Que seja tĂŁo bondoso e alegre!
Que quando todos quantos se chegarem a mim...
Sintam tua afåvel e doce presença...
Reveste-me de tua graça!
E que no discurso deste dia eu nĂŁo te ofenda e sim te revele a todos!

HĂĄ um Sorriso que Ă© de Amor
E hĂĄ um Sorriso de Maldade,
E hĂĄ um Sorriso de Sorrisos
Onde os dois Sorrisos tĂȘm parte.

E há uma Careta de Ódio
E hå uma Careta de Desdém
E hĂĄ uma Careta de Caretas
Que te esforças em vĂŁo pra esquecĂȘ-la bem

Pois ela fere o Coração no Cerne
E finca fundo na espinha Dorsal
E nĂŁo um Sorriso que nunca tenha sido Sorrido
Mas sĂł um Sorriso solitĂĄrio

Que entre o Berço e o TĂșmulo
Somente uma vez se Sorri assim
Mas quando Ă© Sorrido uma vez
Todas a Tristeza tem seu fim

Onde hĂĄ amor... hĂĄ paz.
Onde hå paz... hå fé.
Onde hå fé, hå Deus...
E onde hĂĄ Deus, nada faltarĂĄ!

O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça – que se chama paixão.

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

Perdoa-me, folha seca,
nĂŁo posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

(...)

Tu Ă©s folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.

CecĂ­lia Meireles

Nota: Trecho de "Canção de Outono" Link

O pecado é amor de si mesmo, até o desprezo de Deus.

Declaração de amor

Tentei dizer o quanto te amava, aquela vez,
baixinho, mas havia uma grande berreira,
um enorme burburinho e, pensado bem,
o berçårio não era o melhor lugar.

VocĂȘ de fraldas, uma graça, e eu pelado lado a lado,
cada um recĂ©m-chegado, vocĂȘ sem saber ouvir,
eu sem saber falar.

Tentei de novo, lembro-me bem, na escola.
Um PS no bilhete pedindo cola interceptado
pela professora como um gaviĂŁo.

Fui parar na sala da diretora e depois na rua
enquanto vocĂȘ, compreensivelmente, ficou na sua.

A vida Ă© curta, longa Ă© a paixĂŁo.

Numa festinha, ah, nossas festinhas, disse tudo:
"Eu te adoro, te venero, na tua frente fico mudo"
E vocĂȘ nĂŁo disse nada. E vocĂȘ nĂŁo disse nada.
SĂł mais tarde, de ressaca, atinei.
Cheio de amor e Cuba,
me enganei e disse tudo para uma almofada.

Gravei, em vinte årvores, quarenta coraçÔes.
O teu nome, o meu, flechas e palpitaçÔes:
No mal-me-quer, bem-me-quer, dizimei jardins.
Resultado: sou persona pouco grata corrido a gritos de
"Mata! Mata!" por conservacionistas, ecĂłlogos e afins.

Recorri, em desespero, ao gesto obsoleto:
"Se não me segurarem faço um soneto"
E não é que fiz, e até com boas rimas?

VocĂȘ nĂŁo leu, e nem sequer ficou sabendo.
Continuo inédito e por teu amor sofrendo.
Mas fui premiado num concurso em Minas.

Comecei a escrever com pincel e piche num muro branco,
o asseio que se lixe, todo o meu amor para a tua ciĂȘncia.
Fui preso, aos socos, e fichado.

Dias e mais dias interrogado:
era PC < PC do B ou alguma dissidĂȘncia?
Te escrevi com lĂĄgrimas, sangue, suor e mel
(vocĂȘ devia ver o estado do papel)
uma carta longa, linda e passional.

De resposta nem uma cartinha
nem um cartĂŁo, nem uma linha!
VĂĄ se confiar no Correio Nacional.

Com uma serenata, sim, uma serenata
como nos tempos da Cabocla Ingrata me declararia,
respeitando a métrica.
Ardor, tenor, a calçada enluarada...
havia tudo sob a tua sacada
menos tomada para guitarra elétrica.

Decidi, entĂŁo, botar a maior banca no
céu escrever com fumaça branca:
"Te amo, assinado..." e meu nome bem legĂ­vel.
JĂĄ tinha aviĂŁo, coragem, brevĂȘ tudo para
impressionar vocĂȘ, mas veio a crise, faltou o combustĂ­vel.

Ontem vocĂȘ me emprestou seu ouvido e na discoteca,
em meio do alarido, despejei meu coração.
Falei da devoção hĂĄ anos entalada e vocĂȘ
disse "eu nĂŁo escuto nada".

Curta Ă© a vida, longa Ă© a paixĂŁo.

Na velhice, num asilo, lado a lado em meio a um silĂȘncio
abençoado direi o que sinto, meu bem.
O meu Ășnico medo Ă© que entĂŁo, empinando a orelha com a
mĂŁo, vocĂȘ me responda sĂł: "Heim?"

Os cegamente apaixonados que me perdoem, mas amor-prĂłprio Ă© fundamental!

Mais fundamental que o amor Ă© a liberdade! A liberdade Ă© o alimento do amor!
O amor Ă© pĂĄssaro que nĂŁo vive em gaiola! Basta engaiolĂĄ-lo para que ele morra!
Ter ciĂșme Ă© reconhecer a liberdade do amor!
O desejo de liberdade Ă© mais forte que a paixĂŁo!
PĂĄssaro eu nĂŁo amaria quem me cortasse as asas!
Barco eu nĂŁo amaria quem me amarrasse no cais!

Toada do Amor
E o amor sempre nessa toada!
briga perdoa perdoa briga.
NĂŁo se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
SĂł o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.

Mas, se não fosse ele, também
que graça que a vida tinha?

Mariquita, dĂĄ cĂĄ o pito,
no teu pito estĂĄ o infinito.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Alguma Poesia, 1930

Conto De Fadas.

Eu trago-te nas mĂŁos o esquecimento
Das horas mĂĄs que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o ungĂŒento
Com que sarei a minha prĂłpria dor.

Os meus gestos sĂŁo ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepĂșsculos da tarde,
O sol que Ă© de oiro, a onda que palpita.

Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma vez..."

Jamais peça para alguém amå-lo. Jamais peça para alguém admirå-lo. Amor, admiração, bem como respeito, são construídos sem pressão, no solo insubstituível da liberdade. São frutos de imagens construídas nas janelas mais íntimas do inconsciente.

Augusto Cury
"O cĂłdigo da InteligĂȘncia", Augusto Cury, Thomas Nelson Brasil