Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

A palavra amor anda vazia. NĂŁo tem gente dentro dela.

Amor Ă© fogo que arde sem se ver. É ferida que dĂłi e nĂŁo se sente.

Luís de CamÔes

Nota: Trecho de soneto de Luís de CamÔes.

É possĂ­vel amar muito alguĂ©m, ele pensou. Mas o tamanho do seu amor por uma pessoa nunca vai ser pĂĄreo para o tamanho da saudade que vocĂȘ vai sentir dela.

(O Teorema Katherine)

CONFRONTO

Bateu, Amor Ă  porte da Loucura.
Deixe-me entrar, pediu, sou teu irmĂŁo.
SĂł tu me limparĂĄs da lama escura
a que me conduziu minha paixĂŁo

A Loucura desdenha recebĂȘ-lo,
sabendo quanto o Amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vĂȘ-lo,
de humano que era, assim tĂŁo inumano.

E exclama: Entra correndo, o pouso Ă© teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu.

Enquanto me retiro, sem destino,
pois nĂŁo sei de mais triste desatino
que este mal sem perdĂŁo, o mal de amar.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a ĂĄgua implĂ­cita, e o beijo tĂĄcito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Antologia PoĂ©tica – 12a edição - Rio de Janeiro: JosĂ© Olympio, 1978

O amor pode nĂŁo ter ciĂșme. A dor pode ser disfarçada.

Se vocĂȘ ama realmente, nunca desista, a distĂąncia nĂŁo Ă© nada quando o amor Ă© tudo.

Devemos desconfiar do amor que nasce antes de criar raĂ­zes: o fogo incipiente apaga-se com pouca ĂĄgua.

Enganar-se a respeito da natureza do amor Ă© a mais espantosa das perdas. É uma perda eterna, para a qual nĂŁo existe compensação nem no tempo nem na eternidade: a privação mais horrorosa, que nĂŁo Ă© possĂ­vel recuperar nem nesta vida... nem na futura!

A sorte do amor que teve

Um dia vocĂȘ conhece alguĂ©m e se dedica imensamente a essa pessoa...
VocĂȘ entrega-se Ă  ela com toda alma e coração.
Na verdade, desde entĂŁo nĂŁo existe um Ășnico pensamento seu em que esta pessoa nĂŁo apareça.
VocĂȘ Ă  ama sobremaneira, e chega mesmo a esquecer de si, para cuidar unicamente dela,
atĂ© que um belo dia teu mundo desaba e vocĂȘ percebe
cruelmente
que o sentimento que vocĂȘ nutria era sĂł seu,
que não havia nada além daquele teu imenso amor por ela.
Neste dia, não te desaponte, não entristeça.
Olhe para os céus e agradeça por ter conhecido a sublime dådiva do amor,
mesmo que apenas vocĂȘ tenha realmente amado.
E por ter sido real e verdadeiro o teu amor
inspire-se, e cante para sempre os momentos felizes
da sorte do amor que teve...

A imaginação de uma senhora é muito råpida; pula da admiração para o amor, e do amor para o matrimÎnio em um segundo.

VocĂȘ me faz acreditar que nada existe sem amor, que vocĂȘ veio pra mostrar o meu caminho. VocĂȘ me traz uma paixĂŁo que eu nunca pude descobrir. Mostrou que um coração nĂŁo vive sem carinho.

Liberdade na vida Ă© ter um amor pra se prender. A gente reclama muito da dependĂȘncia, mas como Ă© maravilhosa a dependĂȘncia! Confiar no outro. Confiar no outro a ponto de nĂŁo somente repartir a memĂłria, mas repartir as fantasias. Confiar no outro a ponto de esquecer quem se foi, sem que o outro esteja junto. É talvez chegar em casa e contar seu dia e sĂł sentir que teve um dia quando a gente conta como foi. É como se o ouvido da outra pessoa fosse nossos olhos. Amar Ă© uma confissĂŁo. Amar Ă© justamente quando o sussurro funciona muito melhor do que um grito...

Dessa vez era um amor mais realista e nĂŁo romĂąntico; era um amor de quem jĂĄ sofreu por amor.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho do conto Uma histĂłria de tanto amor.

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Por tanto amor, por tanta emoção a vida me fez assim doce ou atroz, manso ou feroz, eu caçador de mim...

O amor Ă© paciente
Ă© bondoso
o amor nĂŁo arde em ciĂșmes
o amor tudo sofre
tudo crĂȘ
tudo espera
tudo suporta
o amor nunca acaba.

Paulo de Tarso
BĂ­blia, CorĂ­ntios, 13

Qualquer amor jĂĄ Ă© um pouquinho de saĂșde, um descanso na loucura.

NĂŁo se mate

Carlos, sossegue, o amor
Ă© isso que vocĂȘ estĂĄ vendo:
hoje beija, amanhĂŁ nĂŁo beija,
depois de amanhĂŁ Ă© domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que serĂĄ.

InĂștil vocĂȘ resistir
ou mesmo suicidar-se.
NĂŁo se mate, oh nĂŁo se mate,
Reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virĂŁo,
se Ă© que virĂŁo.

O amor, Carlos, vocĂȘ telĂșrico,
a noite passou em vocĂȘ,
e os recalques se sublimando,
lĂĄ dentro um barulho inefĂĄvel,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anĂșncios do melhor sabĂŁo,
barulho que ninguém sabe
de quĂȘ, praquĂȘ.

Entretanto vocĂȘ caminha
melancĂłlico e vertical.
VocĂȘ Ă© a palmeira, vocĂȘ Ă© o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, nĂŁo, no claro,
Ă© sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberå.
NĂŁo se mate

Carlos Drummond de Andrade
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

Isso Ă© o que corresponde ao verdadeiro amor: deixar uma pessoa ser o que ela realmente Ă©.

Jim Morrison
Lizze James, Creem Magazine, 1981

Nota: Em entrevista Ă  revista Cream, 1981

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Descobri que o mais alto grau de paz interior decorre da prĂĄtica do amor e da compaixĂŁo. Quanto mais nos importamos com a felicidade de nossos semelhantes, maior o nosso prĂłprio bem-estar. Ao cultivarmos um sentimento profundo e carinhoso pelos outros, passamos automaticamente para um estado de serenidade. Esta Ă© a principal fonte da felicidade.