Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Devemos desconfiar do amor que nasce antes de criar raĂ­zes: o fogo incipiente apaga-se com pouca ĂĄgua.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a ĂĄgua implĂ­cita, e o beijo tĂĄcito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Antologia PoĂ©tica – 12a edição - Rio de Janeiro: JosĂ© Olympio, 1978

Liberdade na vida Ă© ter um amor pra se prender. A gente reclama muito da dependĂȘncia, mas como Ă© maravilhosa a dependĂȘncia! Confiar no outro. Confiar no outro a ponto de nĂŁo somente repartir a memĂłria, mas repartir as fantasias. Confiar no outro a ponto de esquecer quem se foi, sem que o outro esteja junto. É talvez chegar em casa e contar seu dia e sĂł sentir que teve um dia quando a gente conta como foi. É como se o ouvido da outra pessoa fosse nossos olhos. Amar Ă© uma confissĂŁo. Amar Ă© justamente quando o sussurro funciona muito melhor do que um grito...

VocĂȘ me faz acreditar que nada existe sem amor, que vocĂȘ veio pra mostrar o meu caminho. VocĂȘ me traz uma paixĂŁo que eu nunca pude descobrir. Mostrou que um coração nĂŁo vive sem carinho.

Guarda um pedacinho do meu coração contigo. Fica com ele como prova de amor.

Isso Ă© o que corresponde ao verdadeiro amor: deixar uma pessoa ser o que ela realmente Ă©.

Jim Morrison
Lizze James, Creem Magazine, 1981

Nota: Em entrevista Ă  revista Cream, 1981

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O amor Ă© a Ășnica flor que cresce e floresce sem a ajuda das estaçÔes.

Khalil Gibran
Kahlil Gibran: Masterpieces (2005).

NĂŁo se mate

Carlos, sossegue, o amor
Ă© isso que vocĂȘ estĂĄ vendo:
hoje beija, amanhĂŁ nĂŁo beija,
depois de amanhĂŁ Ă© domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que serĂĄ.

InĂștil vocĂȘ resistir
ou mesmo suicidar-se.
NĂŁo se mate, oh nĂŁo se mate,
Reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virĂŁo,
se Ă© que virĂŁo.

O amor, Carlos, vocĂȘ telĂșrico,
a noite passou em vocĂȘ,
e os recalques se sublimando,
lĂĄ dentro um barulho inefĂĄvel,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anĂșncios do melhor sabĂŁo,
barulho que ninguém sabe
de quĂȘ, praquĂȘ.

Entretanto vocĂȘ caminha
melancĂłlico e vertical.
VocĂȘ Ă© a palmeira, vocĂȘ Ă© o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, nĂŁo, no claro,
Ă© sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberå.
NĂŁo se mate

Carlos Drummond de Andrade
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

Ah, meu amor, nĂŁo tenhas medo da carĂȘncia: ela Ă© o nosso destino maior. O amor Ă© tĂŁo mais fatal do que eu havia pensado, o amor Ă© tĂŁo inerente quanto a prĂłpria carĂȘncia, e nĂłs somos garantidos por uma necessidade que se renovarĂĄ continuamente. O amor jĂĄ estĂĄ, estĂĄ sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixĂŁo.

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A sorte do amor que teve

Um dia vocĂȘ conhece alguĂ©m e se dedica imensamente a essa pessoa...
VocĂȘ entrega-se Ă  ela com toda alma e coração.
Na verdade, desde entĂŁo nĂŁo existe um Ășnico pensamento seu em que esta pessoa nĂŁo apareça.
VocĂȘ Ă  ama sobremaneira, e chega mesmo a esquecer de si, para cuidar unicamente dela,
atĂ© que um belo dia teu mundo desaba e vocĂȘ percebe
cruelmente
que o sentimento que vocĂȘ nutria era sĂł seu,
que não havia nada além daquele teu imenso amor por ela.
Neste dia, não te desaponte, não entristeça.
Olhe para os céus e agradeça por ter conhecido a sublime dådiva do amor,
mesmo que apenas vocĂȘ tenha realmente amado.
E por ter sido real e verdadeiro o teu amor
inspire-se, e cante para sempre os momentos felizes
da sorte do amor que teve...

A imaginação de uma senhora é muito råpida; pula da admiração para o amor, e do amor para o matrimÎnio em um segundo.

O amor Ă© paciente
Ă© bondoso
o amor nĂŁo arde em ciĂșmes
o amor tudo sofre
tudo crĂȘ
tudo espera
tudo suporta
o amor nunca acaba.

Paulo de Tarso
BĂ­blia, CorĂ­ntios, 13

Eu acho que o amor pode superar qualquer barreira, não interessa o quanto difícil seja de ultrapasså-la. Penso que faria qualquer coisa para ficar com a pessoa que amo, largaria tudo se pudesse, arriscaria qualquer coisa porque se eu amo realmente alguém eu não tenho que ficar com receio e sim fazer de tudo por um amor.

Descobri que o mais alto grau de paz interior decorre da prĂĄtica do amor e da compaixĂŁo. Quanto mais nos importamos com a felicidade de nossos semelhantes, maior o nosso prĂłprio bem-estar. Ao cultivarmos um sentimento profundo e carinhoso pelos outros, passamos automaticamente para um estado de serenidade. Esta Ă© a principal fonte da felicidade.

Todo tratamento psicanalĂ­tico Ă© uma tentativa para libertar o amor recalcado.

O amor Ă© irracional, eu lembrei pra mim mesma. Quanto mais vocĂȘ ama alguĂ©m, menos sentido as coisas fazem.

Qualquer amor jĂĄ Ă© um pouquinho de saĂșde, um descanso na loucura.

A princĂ­pio, bastaria ter saĂșde, dinheiro e amor, o que jĂĄ Ă© um pacote louvĂĄvel, mas nossos desejos sĂŁo ainda mais complexos.
NĂŁo basta que a gente esteja sem febre: queremos, alĂ©m de saĂșde, ser magĂ©rrimos, sarados, irresistĂ­veis. Dinheiro? NĂŁo basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olĂ­mpica, a bolsa Louis Vuitton e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... nĂŁo basta termos alguĂ©m com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso Ă© pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiĂșsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declaraçÔes e presentes inesperados, queremos jantar Ă  luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diĂĄrio, queremos ser felizes assim e nĂŁo de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Montanha-Russa. Porto Alegre: L&PM Editores, 2003.

Nota: Trecho da crĂŽnica "Felicidade Realista" de Martha Medeiros.

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Não importa quanto tempo jå se passou: eu sou a mesma, o amor é o mesmo, e a esperança.

O conforto possui formas. O amor cores. Uma saia é feita para se cruzar as pernas e uma manga para se cruzar os braços.

Coco Chanel
Charles-Roux, E., Le Temps Chanel,Editions Grasset, 1980