Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
Amo-te tanto.
E nunca te beijei...
E nesse beijo, amor, que eu nĂŁo te dei, guardo os versos mais lindos que te fiz.
O AMOR NO COLO
A dor não pede compreensão, pede respeito. Não abandonar a cadeira, ficar sentado na posição em que ela é mais aguda.
Vejo homens que nĂŁo tĂȘm coragem de terminar o relacionamento. Que nĂŁo esclarecem que acabou. Que deixam que os outros entendam o que desejam entender. Que preferem fugir do barraco e do abraço esmurrado. Saem de mansinho, explicando que Ă© melhor assim: nĂŁo falar nada, nĂŁo explicar, acontece com todo mundo.
Encostam a porta de sua casa (nĂŁo trancam) e partem para outra vida.
NĂŁo Ă© melhor assim. NĂŁo tem como abafar os ruĂdos do choro. O corpo nĂŁo Ă© um travesseiro. Seca com os soluços.
NĂŁo Ă© melhor assim. HaverĂĄ gritos, disputa, danos. Ă como beber um remĂ©dio, sem empurrar a colher para longe ou moldar cara feia. Ă engolir o gosto ruim da boca, agĂŒentar o desgosto da falta do beijo.
SerĂĄ idiota recitar Vinicius de Moraes: "que seja infinito enquanto dure". A despedida nĂŁo Ă© lugar para poesia.
HaverĂĄ uma estranha compaixĂŁo pelo passado, a lĂngua recolhendo as lĂĄgrimas, o rosto pelo avesso. HaverĂĄ sua mulher batendo em seu peito, perguntando: "Por que fez isso comigo?"
HaverĂĄ a indignação como Ășltima esperança.
Haverå a hesitação entre consolar e brigar, entre devolver o corte e amparar.
Vejo homens que somente encontram força para seduzir uma mulher, não para se distanciar dela.
Para iniciar uma histĂłria, nĂŁo tĂȘm medo, nĂŁo tĂȘm receio de falar.
Para encerrar, sĂŁo evasivos, oblĂquos, falsos. Mandam mensageiros.
NĂŁo recolhem seus pertences na hora. VoltarĂŁo um novo dia para buscar suas coisas.
Não toleram resolver o desespero e datar as lembranças. Guardam a risada histérica para o domingo longe dali.
Mas estar ali é o que o homem precisa. Não virar as costas. Fechar uma história é manter a dignidade de um rosto levantado, ouvindo o que não se quer escutar. Espantado com o que se tornou para aquela mulher que amava. Porque aquilo que ela diz também é verdade. Mesmo que seja desonesto.
Desgraçadamente, hå mais desertores do que homens no mundo.
Deveriam olhar fora de si. Observar, por exemplo, a dor de uma mĂŁe que perde seu filho no parto.
O mĂ©dico colocarĂĄ o filho morto no colo materno. Ă cruel e - ao mesmo tempo - necessĂĄrio. Para que compreenda que ele morreu. Para que ela o veja e desista de procurĂĄ-lo. Para que ela perceba que os nove meses nĂŁo foram invenção, que a gestação nĂŁo foi loucura. Que o pequeno realmente existiu, que as contraçÔes realmente existiram, que ela tentou trazĂȘ-lo Ă tona. Que possa se afastar da promessa de uma vida, imaginar seu cheiro e batizar seu rosto por um instante.
Descobrir a insuportĂĄvel e delicada memĂłria que teve um fim, nĂŁo um final feliz. Ainda que a dor arrebente, ainda Ă© melhor assim.
Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente nĂŁo cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrĂąneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
nĂŁo cantaremos o Ăłdio porque esse nĂŁo existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertÔes, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mĂŁes, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos tĂșmulos nascerĂŁo flores amarelas e medrosas.
E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nĂłs quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam.
Amizade: quando o silĂȘncio a dois nĂŁo se torna incĂŽmodo.
Amor: quando o silĂȘncio a dois se torna cĂŽmodo.
Correndo o risco do fracasso, das decepçÔes, das desilusÔes, mas nunca deixando de buscar o amor.
Quem nĂŁo desistir da busca, vencerĂĄ!
Boa Ă© a vida, mas melhor Ă© o vinho.
O amor Ă© bom, mas Ă© melhor o sono.
Nota: Trecho de poema do livro "Poesias Inéditas (1930-1935)", de Fernando Pessoa. Link
Me cobrou um amor que, no momento, eu sĂł posso sentir por mim... Meu amor-prĂłprio Ă© tĂŁo grande que nĂŁo cabe vocĂȘ!
NĂŁo duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, em fim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a misĂ©ria, ansiedade, egoĂsmo, intolerĂąncia e irritabilidade exercem sobre vocĂȘ.
Quando somos abandonados pelo mundo, a solidĂŁo Ă© superĂĄvel; quando somos abandonados por nĂłs mesmos, a solidĂŁo Ă© quase incurĂĄvel.
SĂĄbio Ă© o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizĂĄ-los para plantar as mais belas sementes no terreno de sua inteligĂȘncia.
Ser livre Ă© nĂŁo ser escravo das culpas do passado nem das preocupaçÔes do amanhĂŁ. Ser livre Ă© ter tempo para as coisas que se ama. Ă abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de novo. Ă desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção. Mas, acima de tudo, ser livre Ă© ter um caso de amor com a prĂłpria existĂȘncia e desvendar seus mistĂ©rios.
Se seus sonhos sĂŁo pequenos, sua visĂŁo serĂĄ pequena, suas metas serĂŁo limitadas, seus alvos serĂŁo diminutos, sua estrada serĂĄ estreita, sua capacidade de suportar as tormentas serĂĄ frĂĄgil. Os sonhos regam a existĂȘncia com sentido.
Desejo que vocĂȘ
NĂŁo tenha medo da vida, tenha medo de nĂŁo vivĂȘ-la.
Não hå céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes.
Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançå-lo.
SĂł Ă© digno da sabedoria quem usa as lĂĄgrimas para irrigĂĄ-la.
Os frĂĄgeis usam a força; os fortes, a inteligĂȘncia.
Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina,
Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas.
Seja um debatedor de idĂ©ias. Lute pelo que vocĂȘ ama.
Porque amor Ă© justamente isso, Ă© ficar inseguro, Ă© ter aquele medo de perder a pessoa todo dia, Ă© ter medo de se perder todo dia. Ă vocĂȘ se ver mergulhado, enredado, em algo que vocĂȘ nĂŁo tem mais controle.
Amor, que o gesto humano n'alma escreve,
Vivas faĂscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.
A vista, que em si mesma nĂŁo se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que Ă© verdade.
Olhai como Amor gera, num momento
De lĂĄgrimas de honesta piedade,
LĂĄgrimas de imortal contentamento.
Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tĂŁo triste.
Essa tristeza nĂŁo viste,
e eu sei que ela se vĂȘ bem...
Nota: Trecho de "Canção".
O amor nos tira o sono, nos tira do sério, tira o tapete debaixo dos nossos pés, faz com que nos defrontemos com medos e fraquezas aparentemente superados, mas também com insuspeita audåcia e generosidade. E como habitualmente tem um fim - que é dor - complica a vida. Por outro lado, é um maravilhoso ladrão da nossa arrogùncia.
Quem nos quiser amar agora terĂĄ de vir com calma, terĂĄ de vir com jeito. Somos um territĂłrio mais difĂcil de invadir, porque levantamos muros, inseguros de nossas forças disfarçamos a fragilidade com altas torres e ares imponentes.
A maturidade me permite olhar com menos ilusĂ”es, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqĂŒilidade, querer com mais doçura.
Ăs vezes Ă© preciso recolher-se.
Precisamos dar um sentido humano Ă s nossas construçÔes. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lĂrios do campo e as aves do cĂ©u.
O chĂŁo Ă© cama
O chĂŁo Ă© cama para o amor urgente,
amor que nĂŁo espera ir para a cama.
Sobre o tapete ou duro piso, a gente
compĂ”e de corpo e corpo a Ășmida trama.
E para repousar do amor, vamos Ă cama.