Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Ainda Ă© cedo e eu preciso de amor. SĂł um pouquinho de amor. NĂŁo posso dormir sem paz no coração. Ele nĂŁo mora muito longe da cama que nĂŁo era cama e a cada passo esfolo mais e mais meu esmalte vermelho. Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele, na esperança de que seu riso congelado saia do automĂĄtico e eu ganhe um Ășnico sorriso verdadeiro. NĂŁo foi sĂł o muque que ficou mais duro, mas minha autopiedade tambĂ©m aprendeu a ser menos molenga. Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor sĂł para nunca deixar de ser amor.

Para um Amor na Rua

Meu amor,
vem pra casa que ouvi dizer
que vai estourar a guerra
Nostradamus previu
Raimunda, nega Raimunda confirmou
Por favor, ponha os pés na terra
ChĂŁo firme cama da gente
ouvi dizer que vai estourar a guerra.
VocĂȘ que Ă© mundano convicto
vocĂȘ que erra
vai argumentar que nĂŁo hĂĄ perigo e o escambou
que Ă© apenas o "bicho" internacional.
Vai confundir tudo com show
vai dizer que tem Prince, Rock n'roll
Gun's N'Roses e talvez Gal;
É mau, meu bem
tem também Sadam, Bushes e mesquinharias
Vem pra casa guardar num cofre sua ingenuidade
vem proteger da maldade sua fotografia.
Aqui fiz cuscuz farofa e feijĂŁo fraldinho
aqui pintei filosofia, comigo-ninguém-pode
espada de SĂŁo Jorge, jasmim, arruda, carinho.
Tudo anti-mĂ­ssil
tudo bruxaria anti-crueldade bélica
LĂĄ fora alguns meninos
querem experimentar a potĂȘncia
de seus terrĂ­veis brinquedos.
NĂŁo tenha medo
vem pra casa sem nem telefonar
aqui tem ar, poesia, fé
e tudo que a alegria da alma encerra.

Vem, meu amor
que ouvi dizer que vai estourar a guerra.

(verĂŁo de 1991)

NĂŁo hĂĄ limite no anormal, Ă© que nem sempre o amor Ă© tĂŁo azul...

Ney Matogrosso

Nota: Trecho da mĂșsica Novamente.

ProjeçÔes: e amanhã, e depois? E trabalho, amor, moradia? O que vai acontecer?

Mais uma festa

Um a um foram chegando, e eu somando a quantidade de amor que tenho no mundo. Mais ou menos 50 pessoas foram, somando com mais um monte de e-mails e mais um monte de ligaçÔes, é  atĂ© que sou bem amada. Calma, vocĂȘ Ă© amada, tĂĄ vendo? NĂŁo precisa mais ficar em casa de pijama assistindo Woody Allen, vocĂȘ Ă© amada. É que dĂĄ uma preguiça de existir.
Comemoro que estou viva, no meio da confusão que é comemorar ter amigos, comemorar a blusa nova, comemorar que tenho emprego e, por isso, amigos e roupa nova, comemorar que fiz progressiva na franja, comemorar que não sou um alien e consigo socializar, comemorar que existo dentro de uma comunidade que me aceita e até sai de casa pra tentar achar uma ruazinha difícil pra caramba.
Sorri em todas as fotos, esgotei minhas piadas, desfilei abraços, toquei em muita gente, ganhei alguns presentes, fiz bem meu papel de “olha que legal, estou aqui, mais um ano se passou e eu continuo achando que vale a pena estar aqui”.
Um a um vĂŁo embora, e eu somando a quantidade de amor que vai embora.
Sobram os loucos e suas insĂŽnias, sobra o garçom cansado que nĂŁo agĂŒenta mais os loucos e suas insĂŽnias. Sobra uma latinha num canto, seis cadeiras solitĂĄrias formando uma rodinha animada, muitas bitucas que insinuam um animado papo que nĂŁo existe mais. Sobro eu, novamente.
A vida, a noite, as festas, tudo continua igual. O mesmo fedor de cigarro no cabelo, o mesmo homem bonito me olhando de longe, o mesmo homem bonito que, quando chega perto e abre a boca, eu gostaria que tivesse permanecido longe. O mesmo ùnimo em pertencer, a mesma alegria em comemorar, a mesma festa em se encontrar. Mas ninguém sabe exatamente ao que pertence, o que comemora e muito menos o que encontra.
Atravesso a rua sozinha, carregando uma sacola cheia de presentes e cartinhas. Entro sozinha no meu carro, ouço de novo a mĂșsica da semana, sigo em frente. Carrego o afeto que ganhei numa sacolinha rosa, mas dentro do meu coração Ă© sempre esse saco furado e negro.
Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente nĂŁo precisar de vocĂȘ, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa Ă© sempre pela metade.
É vocĂȘ quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque Ă© preciso festejar, com a minha solidĂŁo cansada de se enganar.
NĂŁo agĂŒento mais os mesmos papos, os mesmos cheiros, as mesmas gĂ­rias, os mesmos erros, a volta por cima, o salto alto, o queixo empinado, o peito projetado pra frente. NĂŁo agĂŒento mais fingir com toda a força do mundo que tudo bem festejar sem saber quem Ă© vocĂȘ.
Eu nĂŁo acredito mais em sumir do paĂ­s, em trocar de emprego, em mudar de religiĂŁo, em ficar em silĂȘncio atĂ© que tudo se acalme, em dormir atĂ© tarde, no fim de tarde na Praia Preta, na nova proposta, no novo projeto, no super livro, no filme genial, na nova galera, na academia moderna, no carinha atĂ© que bacana que gosta de jazz e restaurantes charmosos, no curso de histĂłria, em comprar o novo CD mais master animado do mundo, em ler John Fante longe de tudo, em ser dondoca, em fazer progressiva, em fazer boxe, em fazer torta de verdura, em ser batalhadora, em ser fashion, em nĂŁo ser nada. Mas eu continuo acreditando na gente, eu continuo acreditando que tudo sem vocĂȘ Ă© distração e tudo com vocĂȘ Ă© vida.
Como eu queria agora ir para a sua casa, deitar na sua cama, ouvir a sua voz, esquentar meu pé na sua batata da perna. Como eu queria saber seu nome, seu cheiro, sua rua.
Assim como um dia um samba saiu procurando alguĂ©m, este texto tem a missĂŁo de sair em sua busca. Eu nĂŁo escrevo por dinheiro, vaidade, pretensĂŁo ou inteligĂȘncia. Eu escrevo porque eu sei que Ă© assim que vou te encontrar. Eu escrevo porque nĂŁo posso mais agĂŒentar que a festa acabe.

"Amor que Ă© amor nĂŁo para, nĂŁo tem intervalo, atropela."

Eu protegi o teu nome por amor.
Em um codinome, Beija-flor...

E Ă© sĂł amor que eu respiro.

Mesmo o amor mais forte nĂŁo resiste Ă  ausĂȘncia dos sonhos...

O amor Ă© uma mĂĄquina do tempo, e todo desejo, Ă© desejo de voltar. E encontrar no amor as pessoas de quem gostĂĄvamos (
). Mas nĂŁo Ă© sĂł isso, querer voltar ao passado Ă© querer transformar esse passado quantas vezes forem necessĂĄrias.

É muita gente dando amor pra muita gente que não quer amar.

Norte, sul, leste ou oeste o amor é igual e o tamanho do amor, ås vezes é até maior.

Hoje em dia, falar de amor e sentir amor sĂŁo duas coisas totalmente diferentes.

O melhor desejo Ă© aquele eternizado dentro de nĂłs. O melhor beijo Ă© aquele dado com amor. A melhor realização Ă© aquela que demoramos para realizar. O melhor projeto Ă© aquele pensado nos mĂ­nimos detalhes. A melhor festa Ă© aquela feita de surpresa. O melhor de nossa vida Ă© viver cada dia, cultivando novas amizades, vivendo um amor sincero e tendo Deus como nosso Ășnico espelho.

Procura-se um amor de verdade no meio de tanta gente que finge amar sĂł pra fazer os outros sofrerem.

Por vezes Deus escolhe entre os vis
para mostrar que o amor prevalece
e que o bem Ă© capaz de superar o mal.

O Amor pede Identidade com Diferença
O amor pede identidade com diferença, o que Ă© impossĂ­vel jĂĄ na lĂłgica, quanto mais no mundo. O amor quer possuir, quer tornar seu o que tem de ficar fora para ele saber que se torna seu e nĂŁo Ă©. Amar Ă© entregar-se. Quanto maior a entrega, maior o amor. Mas a entrega total entrega tambĂ©m a consciĂȘncia do outro. O amor maior Ă© por isso a morte, ou o esquecimento, ou a renĂșncia - os amores todos que sĂŁo os absurdiandos do amor.
(...) O amor quer a posse, mas nĂŁo sabe o que Ă© a posse. Se eu nĂŁo sou meu, como serei teu, ou tu minha? Se nĂŁo possuo o meu prĂłprio ser, como possuirei um ser alheio? Se sou jĂĄ diferente daquele de quem sou idĂȘntico, como serei idĂȘntico daquele de quem sou diferente? O amor Ă© um misticismo que quer praticar-se, uma impossibilidade que sĂł Ă© sonhada como devendo ser realizada.

" Dores de amor, falta de grana
e angĂșstias existenciais sĂŁo contingĂȘncias da vida,
mas vocĂȘ nĂŁo precisa soterrar os outros
com seus lamentos e mås vibraçÔes.
Sustente o prĂłprio fardo e esforce-se para aliviĂĄ-lo.
Emagreça onde tem que emagrecer:
no espĂ­rito, no humor.
E coma de tudo,
se isso ajudar."

CrĂŽnica: A importĂąncia de perder peso - Livro: Coisas da Vida

O importante nĂŁo Ă© voltar com a vitĂłria mais sim lutar por aquilo que se tem amor.

NĂŁo Ă© amor nĂŁo. É mais que isso, Ă© mais que amor. Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por vocĂȘ, eu tive que nĂŁo morrer. Porque pra ter vocĂȘ por perto um pouco, eu tive que nĂŁo querer mais ter vocĂȘ por perto pra sempre. E eu soquei meu coração atĂ© ele diminuir, sĂł pra vocĂȘ nunca se assustar com o tamanho.

(
)

E eu vou continuar me fantasiando de nĂŁo-amor, sĂł pra vocĂȘ poder me vestir e sair por aĂ­ com sua casca de nĂŁo-amor. E eu vou rir quando vocĂȘ me contar das suas meninas, e eu vou continuar dizendo “bonito carro, boa balada, boa idĂ©ia, bonita cor, bonito sapato”. E eu vou continuar sendo sĂł daqui pra fora.Porque no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiĂșsculas: nĂŁo existe ninguĂ©m aqui dentro. Mas quando, de vez em quando, o seu ninguĂ©m colocar ali, meio sem querer, a mĂŁo no meu joelho, sĂł para me enganar que vocĂȘ Ă© meu dono
 SĂł para enganar o cara da mesa ao lado que vocĂȘ Ă© meu dono, eu vou deixar. Vai que um dia vocĂȘ acredita.