Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Hoje eu estou sensĂ­vel
Hoje eu estou menos eu
Hoje, sĂł hoje, vou dar um tempo de mim
Vou resistir a meus impulsos
E controlar os meus sentimentos

SĂł hoje vou fingir que nĂŁo estou nem aĂ­
Vou pensar menos
Vou rir mesmo que a força

SĂł hoje vou parar totalmente
Vou ficar sem fazer nada
E vou ficar feliz apenas por estar na minha presença e na de Deus

Hoje eu nĂŁo quero ouvir coisas ruins
Porque hoje estĂĄ mais fĂĄcil de chorar
E se eu chorar
Não terei condiçÔes de argumentar
E tudo pode sair errado

Hoje eu nĂŁo quero nada complicado
Quero sonhar com coisas boas
Quero brincar como criança
Quero comer sem medo de engordar
E viver sem objetivos

SĂł hoje quero ficar muda
Quero que o silĂȘncio seja verdadeiramente silencioso
Quero dormir como um anjo

Hoje eu quero ouvir palavras de amor
Quero ouvir que sou importante
Quero abraços e muitos beijos
Quero carinho e quero colo
Quero famĂ­lia e quero amigos
Quero estar com quer estar comigo

Hoje eu quero que passe rĂĄpido
Eu quero que as horas corram
Mas se vocĂȘ vier
Hoje e todos os dias
Eu quero que o tempo pĂĄre
SĂł para ficar mais um pouquinho contigo...

O DESCONCERTO QUE CONSERTA!

Odiar Ă© tambĂ©m uma forma de amar. Diferente, mas Ă©. É que o coração humano nem sempre consegue identificar o sentimento que o move. É claro que existem situaçÔes em que o Ăłdio Ă© Ăłdio mesmo, mas, em outras, nĂŁo.

VocĂȘ jĂĄ deve ter experimentado isso que estou dizendo. Sobretudo no momento em que foi traĂ­do, enganado e atĂ© mesmo abandonado. O sentimento foi de revolta e, nela, o amor muda de cor, configura-se diferente. É a mesma coisa que acontece com os animais que se camuflam para sobreviverem Ă s ameaças dos inimigos. O camaleĂŁo Ă© sempre camaleĂŁo, mesmo que nĂŁo possamos identificĂĄ-lo no seu disfarce. Da mesma forma fazemos nĂłs.

Quando temos o nosso amor traído, ameaçado pelo descaso do outro, nós nos revestimos de ódio e ressentimentos. Mas a fonte é sempre o amor. Ele é o referencial de onde parte a nossa reação. Nem sempre temos coragem de assumir isso. A traição nos trava para a misericórdia. E, então, sentimos necessidade de devolver a ofensa com a mesma moeda.

Por isso, dizemos que odiamos. Mas sĂł o dizemos, porque o que nos falta Ă© coragem para dizer que amamos.

Camuflados e infelizes

Camuflar Ă© o recurso que usamos com o objetivo de nos justificarmos diante dos outros. É uma forma que temos de nos sentir menos humilhados. NĂŁo raras vezes, dizer que temos Ăłdio Ă© uma maneira de tentar dar a volta por cima. Estranho isso, mas acontece.

Talvez seja por isso que as pessoas andam tĂŁo distantes dos seus verdadeiros sentimentos. Tememos a fraqueza. Tememos que o outro nos flagre no sofrimento que a gratuidade do amor nos trouxe. Preferimos assumir uma postura marcada pela agressividade a outra que nos mostrasse em nossa fragilidade.

Nos dias de hoje, cada vez mais, acentua-se a necessidade de ser forte. Mas nĂŁo hĂĄ uma fĂłrmula mĂĄgica que nos faça chegar Ă  força sem que antes tenhamos provado a fraqueza. E amar Ă© experimentar a fraqueza. É provar o doloroso campo da necessidade, da carĂȘncia e da fragilidade.

Amar Ă© uma forma de depender, de carecer e de implorar. É uma forma de preenchimento de lacunas, visto que o amor Ă© a melhor forma de complementar os espaços.

AdmirĂĄvel desconcerto

Quem ama sabe disso. Quem Ă© amado, tambĂ©m. A gratuidade do amor consiste nisso. Amar quando o outro nĂŁo merece ser amado. Surpresa maior nĂŁo hĂĄ. Ser abraçado no momento em que sabemos nĂŁo merecer ser perdoados. O amor verdadeiro desconcerta. O perdĂŁo e a reconciliação sĂŁo a prova disso. Somente depois de dizermos infinitas vezes "Eu te perdĂŽo" , Ă© que temos o direito de dizer "Eu te amo". Porque, antes do perdĂŁo, o que existe Ă© admiração. Esse Ășltimo sentimento nĂŁo Ă© o mesmo que amar. SĂł amamos aqueles a quem perdoamos. E, geralmente, sĂł odiamos aos que amamos, caso contrĂĄrio serĂ­amos indiferentes.

Pena que tem sido cada vez mais difícil declarar amor no momento em que o outro não merece. Não temos coragem de tomar essa atitude, porque ela é chamada de fraqueza, coração mole. E, por medo de sermos vistos assim, camuflamos o amor com as roupas do ódio.

Perdemos a oportunidade de atualizar a gratuidade do amor de Deus na precariedade do amor humano e de surpreender o outro com nosso gesto jå transformado pela graça divina.

Na sua vida, não tenha medo de ser fraco, jå que a fraqueza representa capacidade de amar. Quando o outro, pelas mais diversas razÔes esperar pelo seu ódio, surpreenda-o com o seu amor.

Desconcerte-o e, assim, vocĂȘ ajudarĂĄ a consertar o mundo.

Me ame quando eu nĂŁo merecer, porque Ă© nesse momento que eu mais preciso.

Amo vocĂȘ. Embora isso nĂŁo signifique que tenha que gostar de vocĂȘ o tempo todo.

NĂŁo gosto de ingratidĂŁo, nĂŁo gosto de falsidade ou hipocrisia. NĂŁo gosto de gente metida, nem de gente que atua. NĂŁo gosto de gente orgulhosa demais, gente que se acha por seu corpo, por dinheiro... nĂŁo gosto nem sequer de gente burra. NĂŁo gosto de gente que se cala, de pessoas que tĂȘm medo de viver, nem daqueles que nĂŁo prestam atenção nos outros, ou que se acham o centro do mundo. NĂŁo gosto de ĂĄgua com gĂĄs, de trabalhar, nem de barata voadora Sem palavras, de onde eu tirei isso?... Gosto de gente que sabe rir, de quem sente, e sente verdadeiro. Gosto de gente que sabe aproveitar a vida, e sabe ser atenciosa. Gosto de quem tem o coração maior que a cabeça, mas sabe pensar. Gosto quando sussurram no ouvido, gosto quando surge aquele olhar, gosto quando beijam, quando abraçam, admiro o sentimento de reciprocidade. Gosto de pessoas autĂȘnticas, pessoas batalhadoras... Gosto atĂ© das pessoas que magoam, mas aquelas que magoam por serem sinceras. Gosto que briguem comigo quando faço besteira... gosto mais ainda daqueles que amam, amam no sentido de amor, aqueles que amam verdadeiro, nĂŁo dos que ficam em dĂșvida sobre o que sente, ou dos que amam dois, trĂȘs ou quatro pessoas diferentes. Gosto de quem ama mesmo. Por que quem ama nĂŁo tem dĂșvida... aproveita a vida, Ă© autĂȘntico e sabe rir. Quem ama Ă© atencioso, sabe dar carinho, e Ă© verdadeiro, sente de verdade, e estĂĄ sempre de bem com a vida.

Vivendo e aprendendo!

POR QUE TE AMO

Te amo
te amo de uma maneira inexplicĂĄvel
de uma forma inconfessĂĄvel
de um modo contraditĂłrio
Te amo
Te amo, com meus estados de Ăąnimo que sĂŁo muitos
e mudar de humor continuadamente
pelo que vocĂȘ jĂĄ sabe

o tempo
a vida
a morte

Te amo
Te amo, com o mundo que nĂŁo entendo
com as pessoas que nĂŁo compreendem
com a ambivalĂȘncia de minha alma
com a incoerĂȘncia dos meus atos
com a fatalidade do destino
com a conspiração do desejo
com a ambiguidade dos fatos
ainda quando digo que nĂŁo te amo, te amo
até quando te engano, não te engano
no fundo levo a cabo um plano
para amar-te melhor.

Te amo
Te amo, sem refletir, inconscientemente
irresponsavelmente, espontaneamente
involuntariamente, por instinto
por impulso, irracionalmente
de fato nĂŁo tenho argumentos lĂłgicos
nem sequer improvisados
para fundamentar este amor que sinto por ti
que surgiu misteriosamente do nada
que nĂŁo resolveu magicamente nada
e que milagrosamente, pouco a pouco, com pouco e nada,
melhorou o pior de mim

Te amo
Te amo com um corpo que nĂŁo pensa
com um coração que não raciocina
com uma cabeça que não coordena

Te amo
Te amo incompreensivelmente
sem perguntar-me porque te amo
sem importar-me porque te amo
sem questionar-me porque te amo

Te amo
simplesmente porque te amo
eu mesmo nĂŁo sei por que te amo

Pablo Neruda

Nota: O poema costuma ser atribuĂ­do a Pablo Neruda e a Gian Franco Pagliaro, mas nĂŁo hĂĄ fontes que confirmem essas autorias.

...Mais

Foi o tempo que dedicaste Ă  tua rosa que a fez tĂŁo importante...

Aprocura de alguém

Não quero alguém que me ame absurdamente, mas o suficiente
NĂŁo quero alguĂ©m que diga-me “Eu te amo”, mas que me transmita valores
Não quero alguém que me ligue todos os dias, mas alguém que esteja em sintonia comigo
NĂŁo quero alguĂ©m que me dĂȘ presentes, mas alguĂ©m que lembre-se de mim
NĂŁo quero alguĂ©m que sinta ciĂșmes, mas que se importe comigo
Não quero alguém que faça declaraçÔes de amor, mas que saiba se expressar
Não quero alguém que me guie, mas alguém que caminhe junto comigo
Não quero alguém com grandes coisas, mas alguém com significados
Não quero alguém que me escute, mas alguém que saiba me decifrar
Não quero alguém que me elogie, mas alguém que me admire
Não quero alguém que me aconselhe, mas alguém que me encoraje
NĂŁo quero um confidente, mas um cĂșmplice
NĂŁo quero nem muito nem pouco, mas o bastante.

Deixa acontecer

Ah, nĂŁo tente explicar
Nem se desculpar
Nem tente esconder
Se vem do coração
NĂŁo tem jeito, nĂŁo
Deixa acontecer

O amor é essa força incontida
Desarruma a cama e a vida
Nos fere, maltrata e seduz
É feito uma estrela cadente
Que risca o caminho da gente
Nos enche de força e de luz

Vai debochar da dor
Sem nenhum pudor
Nem medo qualquer
Ah, sendo por amor
Seja como for
E o que Deus quiser

Vinicius de Moraes
Livro de letras

Queria eu poder tocar seu coração,
Fazer vocĂȘ sentir todo carinho que tenho por ti.
E assim mudar sua vida para melhor,
Consequentemente vocĂȘ tambĂ©m mudaria a minha.

Anjo da Guarda

Eu estou ao seu lado e sou aquele que nunca desacredita dos seus sonhos,
sou eu que as vezes altero seu itinerårio, e até atraso seus horårios para evitar acidentes ou encontros desagradåveis.
Sim, sou eu que falo ao seu ouvido aquelas "inspiraçÔes" que vocĂȘ acredita que acabou de ter como "grande idĂ©ia".
Sou eu quem te causa aqueles arrepios quando vocĂȘ se aproxima de lugares ou situaçÔes que vĂŁo te fazer mal,
e sou eu quem chora por vocĂȘ quando vocĂȘ com a sua teimosia insiste em fazer tudo ao contrĂĄrio sĂł para desafiar o mundo. Quantas noites passei ĂĄ cabeceira de sua cama velando por sua saĂșde, cuidando de sua febre e renovando suas energias.
Quantos dias eu te segurei para que vocĂȘ nĂŁo entrasse naquele ĂŽnibus, carro e atĂ© aviĂŁo?
Quantas ruas escuras eu te guiei em segurança?
NĂŁo sei, perdia a conta, e isso nĂŁo importa.

O que realmente importa, e o que me deixa triste e preocupado, Ă© quando vocĂȘ assume a postura de vĂ­tima do mundo, quando vocĂȘ nĂŁo acredita na sua capacidade de resolver os problemas, quando vocĂȘ aceita as situaçÔes como insolĂșveis, quando vocĂȘ para de "lutar" e simplesmente reclama de tudo e de todos,
quando vocĂȘ desiste de ser feliz e culpa outra pessoa pela sua infelicidade,
quando vocĂȘ deixa de sorrir e assume que nĂŁo hĂĄ motivos para rir, quando o mundo estĂĄ repleto de coisas maravilhosas,
quando se esquece até de mim, seu anjo da guarda, aquele que Deus deu a honra de auxiliar nessa missão tão difícil que é viver e progredir.

JĂĄ que me deixaram falar diretamente com vocĂȘ, gostaria de te lembrar, que estou ao seu lado sempre, mesmo quando vocĂȘ acredita estar totalmente sĂł e abandonado,
até nesse momento eu estou segurando a sua mão,
eu estou consolando seu coração,
eu estou te olhando,
e por te amar demais, fico triste com a sua tristeza,
mas, como eu sei que vocĂȘ nasceu para brilhar,
eu agradeço a Deus a oportunidade bendita de te conhecer e cuidar de vocĂȘ,
porque vocĂȘ Ă© realmente muito especial.
Seu anjo da guarda, que acredita em vocĂȘ

MEDO DE SE APAIXONAR

VocĂȘ tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que nĂŁo estĂĄ acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone nĂŁo toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda Ă© pouca perto de um olhar insistente. NĂŁo suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agĂŒentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse lĂ­quido, de ser beijada como se fosse lĂ­quen, de ser tragada como se fosse leve. VocĂȘ tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infĂąncia, o seio que criou para aquecer as mĂŁos quando criança, medo de ser a Ășltima a vir para a mesa, a Ășltima a voltar da rua, a Ășltima a chorar. VocĂȘ tem medo de se apaixonar e nĂŁo prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um Ășnico homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisĂ­vel que foi planejado. Medo de que ele morda os lĂĄbios e prove o seu sangue. VocĂȘ tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, atĂ© que vocĂȘ antes disso e vocĂȘ depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tĂ©dio, afinal vocĂȘ e o tĂ©dio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violĂȘncia da posse, a violĂȘncia do egoĂ­smo, que nĂŁo queira repartir ele com mais ninguĂ©m, nem com seu passado. Medo de que nĂŁo queira se repartir com mais ninguĂ©m, alĂ©m dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dĂșvidas. Medo de que ele nĂŁo seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para nĂŁo dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pĂłlen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruĂ­da, aniquilada, devastada e nĂŁo reclamar da beleza das ruĂ­nas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de nĂŁo ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independĂȘncia dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele nĂŁo precise de vocĂȘ. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sĂ©rio ou que banque o sĂ©rio quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de nĂŁo respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de nĂŁo ser convincente na cama, persuasiva no silĂȘncio, carente no fĂŽlego. Medo de que a alegria seja apreensĂŁo, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de nĂŁo soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidĂĄ-lo a entrar, medo de deixĂĄ-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que nĂŁo interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para nĂŁo ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por nĂŁo merecĂȘ-la. Medo de nĂŁo mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecĂȘ-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando nĂŁo hĂĄ o que opinar. Medo de interromper o que recĂ©m iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversĂĄrio sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convĂ­vio sem alguĂ©m para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. NĂŁo hĂĄ nada mais triste do que enlouquecer sozinha. VocĂȘ tem medo de jĂĄ estar apaixonada.

Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim.

O Anjo Mais Velho
(Fernando Anitelli )

"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"

Enquanto houver vocĂȘ do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei
de acreditar

tua palavra, tua histĂłria
tua verdade fazendo escola
e tua ausĂȘncia fazendo silĂȘncio em todo lugar

metade de mim
agora Ă© assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no
fim
e o fim Ă© belo incerto... depende de como vocĂȘ vĂȘ
o novo, o credo, a fĂ© que vocĂȘ deposita em vocĂȘ e sĂł

SĂł enquanto eu respirar
Vou me lembrar de vocĂȘ

MINHA PROPOSTA...
Tenho uma proposta irrecusĂĄvel para vocĂȘ!
Mas chegue pertinho...
Porque Ă© segredo,
NĂŁo posso falar alto:
Psiu! Ei... vocĂȘ topa fazer um assalto?
É... podemos juntar uma rapaziada
E fazer a quadrilha da web.
Calma! Fica frio!
NĂŁo estou te pervertendo nĂŁo.
Garanto que nĂŁo dĂĄ prisĂŁo!
Vamos sair por aĂ­.
Roubando das flores,
Um pouco de perfume.
Roubando do sol,
Uns raiozinhos de calor.
Roubando dos pĂĄssaros ,
Umas notas de alegria.
E do mar, umas gotas de serenidade.
Roubemos das ĂĄrvores
Um pouco de vitalidade.
E das nuvens brancas
Um pouco da leveza.
Roubemos da terra
A profundidade.
E das formigas
A solidariedade.
Organizemos o nosso assalto
Com cuidado
E com zelo guardemos
Aquilo que arrecadarmos.
Em nossos coraçÔes,
Processemos os nossos lucros
E pelos caminhos espalhemos
As alegrias que daĂ­ obtivermos.
E de repente veremos
A nossa riqueza multiplicada
E nossos cofres cheios
E a nossa felicidade sem tamanho.
E aĂ­, topa fazer o assalto?
Topas?
Te aguardo...
Vou esperar sua resposta!

Eu quero saber...
NĂŁo me interessa o que vocĂȘ faz para viver,
eu quero saber o que de fato vocĂȘ busca e se vocĂȘ Ă© capaz
de ousar sonhar em encontrar as aspiraçÔes do seu coração.
NĂŁo me interessa a tua idade.
Eu quero saber se vocĂȘ serĂĄ capaz de se transformar num tolo
para poder amar, viver os seus sonhos, aventurar-se de estar vivo.
NĂŁo me interessa qual o planeta que estĂĄ em quadrante com a tua lua.
Eu quero saber se vocĂȘ tocou o centro da tua prĂłpria tristeza, e se vocĂȘ
tem sido exposto pelas traiçÔes da vida ou se vocĂȘ tem se contorcido e
se fechado com medo da prĂłpria dor.
Eu quero saber se vocĂȘ Ă© capaz de ficar com a alegria, a minha e a sua.
Se vocĂȘ Ă© capaz de dançar loucamente e deixar que o ĂȘxtase te envolva
até a ponta dos dedos dos pés e das mãos, e sem querer nos aconselhar a
sermos mais cuidadosos, mais realistas ou nos lembrar das limitaçÔes de ser humano.
NĂŁo me interessa se a histĂłria que vocĂȘ estĂĄ me contando Ă© verdadeira.
Eu quero saber se vocĂȘ Ă© capaz de desapontar o outro para se verdadeiro consigo mesmo.
Se vocĂȘ Ă© capaz de escutar a acusação de traição e nĂŁo trair a sua prĂłpria alma.
Eu quero saber se vocĂȘ pode ser confiĂĄvel e verdadeiro.
Eu quero saber se vocĂȘ pode ver a beleza, mesmo quando o dia nĂŁo estĂĄ belo,
e se vocĂȘ pode conectar a sua vida atravĂ©s da presença de Deus.
Eu quero saber se vocĂȘ Ă© capaz de viver com os fracassos, os teus e os meus,
e mesmo assim se postar nas margens de um lago e gritar para o reflexo da lua, "SIM"
NĂŁo me interessa onde vocĂȘ moro ou quanto dinheiro vocĂȘ ganha,
eu quero saber se vocĂȘ Ă© capaz de acordar depois da noite do luto e do desespero,
exausto e machucado até a alma, e fazer aquilo que precisa ser feito.
NĂŁo me interessa o que vocĂȘ Ă©, ou como vocĂȘ chegou aqui.
Eu quero saber se vocĂȘ irĂĄ postar-se no centro do fogo comigo e nĂŁo fugir.
NĂŁo me interessa onde, o quĂȘ ou com quem vocĂȘ estudou.
Eu quero saber o que te sustenta interiormente quando tudo o mais desabou.
Eu quero saber se vocĂȘ Ă© capaz de ficar bem consigo mesmo, e se vocĂȘ
realmente Ă© boa companhia para si mesmo nos momentos vazios.

O que eu peço Ă© que vocĂȘ seja sempre de verdade tambĂ©m. Que me queira assim, imperfeita e cheia de confusĂ”es. Que saiba os momentos em que eu preciso de uma mĂŁo passando entre os fios de cabelo. Que perceba que Ă s vezes tudo o que eu preciso Ă© do silĂȘncio e do barulho da nossa respiração. Que veja que eu me esforço de um jeito nem sempre certo. Que veja lĂĄ na frente uma estrada, inteiramente nossa, cheia de opçÔes e curvas. E que aceite que buracos sempre terĂŁo.

Sabe, eu sempre fui um sonhador...
Mas sem vocĂȘ, eu desisto.

Amar Ă© uma mistura de alegria e medo; de paz por um lado e ameaça de guerra pelo outro. É pensar que a felicidade tem nome e endereço. É temer nĂŁo estar Ă  altura. É sofrer tanto quanto querer.

Quando se ama alguĂ©m tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela nĂŁo vem ter connosco, nĂłs esperamos. O verbo esperar torna-se tĂŁo imperativo como o verbo respirar. E aprendemos a respirar na espera, a viver nela, afeiçoando-nos a um sonho como se fosse verdade. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejĂĄ-lo, a organizar tudo para que ele seja possĂ­vel. É mais fĂĄcil esperar do que desistir. É mais fĂĄcil desejar do que esquecer. É mais fĂĄcil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, Ă© muito mais fĂĄcil viver.

Margarida Rebelo Pinto
PINTO, M. R. DiĂĄrio da tua AusĂȘncia. Alfragide: Oficina do Livro, 2006.