Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amå-la.
Nota: Trecho do poema "Todo o Amor". A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuĂda a Bob Marley.
...MaisCrĂŽnica do amor
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrårio os honestos, simpåticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. (...)
NinguĂ©m ama outra pessoa porque ela Ă© educada, veste-se bem e Ă© fĂŁ do Caetano. Isso sĂŁo sĂł referĂȘncias. Ama-se pelo cheiro, pelo mistĂ©rio, pela paz que o outro lhe dĂĄ, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
VocĂȘ ama aquela petulante. VocĂȘ escreveu dĂșzias de cartas que ela nĂŁo respondeu, vocĂȘ deu flores que ela deixou a seco, vocĂȘ levou-a para conhecer sua mĂŁe e ela foi de blusa transparente. VocĂȘ gosta de rock e ela de chorinho, vocĂȘ gosta de praia e ela tem alergia a sol, vocĂȘ abomina o Natal e ela detesta o Ano-Novo, nem no Ăłdio vocĂȘs combinam. EntĂŁo? EntĂŁo que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela Ă© mais viciante que LSD, vocĂȘ adora brigar com ela e ela adora implicar com vocĂȘ. Isso tem nome.
VocĂȘ ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e nĂŁo liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armĂĄrio, ele sĂł escuta Egberto Gismonti e Sivuca. NĂŁo emplaca uma semana nos empregos, estĂĄ sempre duro e Ă© meio galinha. Ele nĂŁo tem a menor vocação para prĂncipe encantado, e ainda assim vocĂȘ nĂŁo consegue despachĂĄ-lo. Quando a mĂŁo dele toca na sua nuca, vocĂȘ derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que vocĂȘ ama esse cara? NĂŁo pergunte pra mim.
VocĂȘ Ă© inteligente. LĂȘ livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes do Ettore Scola, dos irmĂŁos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comĂ©dia romĂąntica tambĂ©m tem o seu valor. Ă bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de mĂșsica, tem loucura por computador e seu fettuccine al pesto Ă© imbatĂvel. VocĂȘ tem bom humor, nĂŁo pega no pĂ© de ninguĂ©m e adora sexo. Com um currĂculo desses, criatura, por que diabo estĂĄ sem namorado?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor nĂŁo fosse um sentimento, mas uma equação matemĂĄtica: eu linda + vocĂȘ inteligente = dois apaixonados.
NĂŁo funciona assim.
Amar nĂŁo requer conhecimento prĂ©vio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinĂvel. Honestos existem aos milhares, generosos tĂȘm Ă s pencas, bons motoristas e bons pais de famĂlia, tĂĄ assim, Ăł. Mas ninguĂ©m consegue ser do jeito que o amor da sua vida Ă©.
Nota: Trechos fora da ordem da crÎnica "As razÔes que o amor desconhece", presente no livro "Trem-Bala", de Martha Medeiros.
...MaisSoneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivĂȘ-lo em cada vĂŁo momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angĂșstia de quem vive
Quem sabe a solidĂŁo, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que nĂŁo seja imortal, posto que Ă© chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdĂcio da vida estĂĄ no amor que nĂŁo damos, nas forças que nĂŁo usamos, na prudĂȘncia egoĂsta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos tambĂ©m a felicidade.
Para meus amigos solteiros.
O amor Ă© como uma borboleta. Por mais que tente pegĂĄ-la, ela fugirĂĄ.
Mas quando menos esperar, ela estĂĄ ali do seu lado.
O amor pode te fazer feliz, mas às vezes também pode te ferir.
Mas o amor serĂĄ especial apenas quando vocĂȘ tiver o objetivo de se dar somente a um alguĂ©m que seja realmente valioso. Por isso, aproveite o tempo livre para escolher.
Para meus amigos nĂŁo solteiros.
Amor nĂŁo Ă© se envolver com a "pessoa perfeita", aquela dos nossos sonhos.
NĂŁo existem prĂncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.
Para meus amigos que gostam de paquerar.
Nunca diga "te amo" se nĂŁo te interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes nĂŁo existem.
Nunca toque numa vida, se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguĂ©m, se nĂŁo quiser vĂȘ-lo derramar em lĂĄgrimas por causa de ti.
A coisa mais cruel que alguĂ©m pode fazer Ă© permitir que alguĂ©m se apaixone por vocĂȘ quando vocĂȘ nĂŁo pretende fazer o mesmo.
Para meus amigos casados.
O amor nĂŁo te faz dizer "a culpa Ă©", mas te faz dizer "me perdoe".
Compreender o outro, tentar sentir a diferença, se colocar no seu lugar.
Diz o ditado que um casal feliz Ă© aquele feito de dois bons perdoadores.
A verdadeira medida de compatibilidade nĂŁo sĂŁo os anos que passaram juntos;
mas sim o quanto nesses anos vocĂȘs foram bons um para o outro.
Para meus amigos com um coração partido.
Um coração assim dura o tempo que vocĂȘ deseje que ele dure, e ele lastimarĂĄ o tempo que vocĂȘ permitir.
Um coração partido sente saudades, imagina como seria bom, mas não permita que ele chore para sempre.
Permita-se rir e conhecer outros coraçÔes.
Aprenda a viver, aprenda a amar as pessoas com solidariedade, aprenda a fazer coisas boas, aprenda a ajudar os outros, aprenda a viver sua prĂłpria vida.
A dor de um coração partido Ă© inevitĂĄvel, mas o sofrimento Ă© opcional. E lembre-se: Ă© melhor ver alguĂ©m que vocĂȘ ama feliz com outra pessoa, do que vĂȘ-la infeliz ao seu lado.
Para meus amigos que sĂŁo inocentes.
Ela(e) se apaixonou por ti, e vocĂȘ nĂŁo teve culpa, Ă© verdade.
Mas pense que poderia ter acontecido com vocĂȘ. Seja sincero, mas nĂŁo seja duro; nĂŁo alimente esperanças, mas nĂŁo seja crĂtico; vocĂȘ nĂŁo precisa ser namorado(a), mas pode descobrir que ela(e) Ă© uma Ăłtima pessoa e pode vir a se tornar uma(um) grande amiga(o).
Para meus amigos com medo de terminar.
Ăs vezes Ă© duro terminar com alguĂ©m, e isso dĂłi em vocĂȘ.
Mas dói muito mais quando alguém rompe contigo, não é verdade?
Mas o amor tambĂ©m dĂłi muito quando ele nĂŁo sabe o que vocĂȘ sente.
NĂŁo engane tal pessoa, nĂŁo seja grosso(a) e rude esperando que ela(e) adivinhe o que vocĂȘ quer.
NĂŁo a (o) force terminar contigo, pois a melhor forma de ser respeitado Ă© respeitando.
Para terminar:
eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra Ă© bobagem. VocĂȘ nĂŁo sĂł nĂŁo esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela.
Um dia descobrimos que se apaixonar Ă© inevitĂĄvel.
Um dia percebemos que as melhores provas de amor sĂŁo as mais simples.
Um dia percebemos que o comum nĂŁo nos atrai.
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" nĂŁo Ă© bom.
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga Ă© a que mais pensa em vocĂȘ.
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso.
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas aĂ jĂĄ Ă© tarde demais.
Enfim,
um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito.
O jeito Ă©: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida, ou lutar para realizar todas as nossas loucuras.
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderå uma longa explicação.
As sem-razÔes do amor
Eu te amo porque te amo,
NĂŁo precisas ser amante,
e nem sempre sabes sĂȘ-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor nĂŁo se paga.
Amor é dado de graça,
Ă© semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionĂĄrios
e a regulamentos vĂĄrios.
Eu te amo porque nĂŁo amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor nĂŁo se troca,
nĂŁo se conjuga nem se ama.
Porque amor Ă© amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor Ă© primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor lembre-se: se escolher o mundo ficarĂĄ sem o amor, mas se escolher o amor com ele vocĂȘ conquistarĂĄ o mundo.
Porque eu fazia do amor um cålculo matemåtico errado: pensava que, somando as compreensÔes, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensÔes é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fåcil.
Saudade Ă© solidĂŁo acompanhada,
Ă© quando o amor ainda nĂŁo foi embora,
mas o amado jĂĄ.
Saudade Ă© amar um passado que ainda nĂŁo passou,
Ă© recusar um presente que nos machuca,
Ă© nĂŁo ver o futuro que nos convida.
Saudade Ă© sentir que existe o que nĂŁo existe mais.
Saudade Ă© o inferno dos que perderam,
Ă© a dor dos que ficaram para trĂĄs,
Ă© o gosto de morte na boca dos que continuam.
SĂł uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse Ă© o maior dos sofrimentos:
nĂŁo ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e nĂŁo viver.
O maior dos sofrimentos Ă© nunca ter sofrido.
Nota: Trecho de fala de um personagem da novela Fera Ferida, de Aguinaldo Silva. Muitas vezes atribuĂdo de forma errĂŽnea a Pablo Neruda.
...MaisSe vocĂȘ sabe explicar o que sente, nĂŁo ama, pois o amor foge de todas as explicaçÔes possĂveis.
Nota: Autoria nĂŁo confirmada. PossĂvel parĂĄfrase de trecho do livro "O Avesso das Coisas - Aforismos", de Carlos Drummond Andrade.
...MaisCoisas que a vida me ensinou em 40 anos
Amor nĂŁo se implora, nĂŁo se pede
nĂŁo se espera.
Amor se vive ou nĂŁo.
CiĂșmes Ă© um sentimento inĂștil.
NĂŁo torna ninguĂ©m fiel a vocĂȘ.
Animais são anjos disfarçados, mandados
Ă terra por Deus para mostrar ao homem
o que Ă© fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que vocĂȘ faz,
nĂŁo com o que vocĂȘ diz.
As pessoas que falam dos outros para vocĂȘ,
vĂŁo falar de vocĂȘ para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Ăgua Ă© um santo remĂ©dio.
Deus inventou o choro para o homem nĂŁo explodir.
AusĂȘncia de regras, Ă© uma regra que depende do bom senso.
NĂŁo existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autĂȘntico Ă© a melhor e Ășnica forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho Ă© a melhor arma contra o Ăłdio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Hå poesia em toda a criação divina,
Deus Ă© o maior poeta de todos os
tempos.
A mĂșsica Ă© a sobremesa da vida.
Acreditar não faz de ninguém um tolo
Tolo Ă© quem mente.
Filhos sĂŁo presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças
acerca de suas açÔes.
Obrigada, desculpa, por favor,
sĂŁo palavras mĂĄgicas, chaves que abrem
portas para uma vida melhor
O amor. Ah, o amor.
O amor quebra barreiras, une facçÔes,
destrói preconceitos, cura doenças.
NĂŁo hĂĄ vida decente sem amor!
E Ă© certo, quem ama, Ă© muito amado.
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... nĂŁo cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiĂșde
Ă que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Aprendi que eu nĂŁo posso exigir o amor de ninguĂ©m, posso apenas dar boas razĂ”es para que gostem de mim e ter paciĂȘncia, para que a vida faça o resto.
Aprendi que nĂŁo importa o quanto certas coisas sejam importantes para mim, tem gente que nĂŁo dĂĄ a mĂnima e eu jamais conseguirei convencĂȘ-las.
Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruĂ-la em apenas alguns segundos. Que posso usar meu charme por apenas 15 minutos, depois disso, preciso saber do que estou falando.
Eu aprendi... Que posso fazer algo em um minuto e ter que responder por isso o resto da vida. Que por mais que se corte um pĂŁo em fatias, esse pĂŁo continua tendo duas faces, e o mesmo vale para tudo o que cortamos em nosso caminho.
Aprendi... Que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e devo ter paciĂȘncia. Mas, aprendi tambĂ©m, que posso ir alĂ©m dos limites que eu prĂłprio coloquei.
Aprendi que preciso escolher entre controlar meus pensamentos ou ser controlado por eles. Que os herĂłis sĂŁo pessoas que fazem o que acham que devem fazer naquele momento, independentemente do medo que sentem.
Aprendi que perdoar exige muita prĂĄtica. Que hĂĄ muita gente que gosta de mim, mas nĂŁo consegue expressar isso.
Aprendi... Que nos momentos mais difĂceis a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava que iria tentar piorar as coisas.
Aprendi que posso ficar furioso, tenho direito de me irritar, mas nĂŁo tenho o direito de ser cruel. Que jamais posso dizer a uma criança que seus sonhos sĂŁo impossĂveis, pois seria uma tragĂ©dia para o mundo se eu conseguisse convencĂȘ-la disso.
Eu aprendi que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando, que eu tenho que me acostumar com isso. Que nĂŁo Ă© o bastante ser perdoado pelos outros, eu preciso me perdoar primeiro.
Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso.
Eu aprendi que as circunstùncias de minha infùncia são responsåveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando adulto.
Aprendi que numa briga eu preciso escolher de que lado estou, mesmo quando nĂŁo quero me envolver. Que, quando duas pessoas discutem, nĂŁo significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas nĂŁo discutem nĂŁo significa que elas se amem.
Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão se machucar e eu também. Isso faz parte da vida.
Aprendi que a minha existĂȘncia pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes.
Aprendi também que diplomas na parede não me fazem mais respeitåvel ou mais såbio.
Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério. E que amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos.
Aprendi que certas pessoas vĂŁo embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retĂȘ-las para sempre.
Aprendi, afinal, que Ă© difĂcil traçar uma linha entre ser gentil, nĂŁo ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.
Quero apenas cinco coisas...
Primeiro Ă© o amor sem fim
A segunda Ă© ver o outono
A terceira Ă© o grave inverno
Em quarto lugar o verĂŁo
A quinta coisa sĂŁo teus olhos
NĂŁo quero dormir sem teus olhos.
NĂŁo quero ser... sem que me olhes.
Abro mĂŁo da primavera para que continues me olhando.
Nota: Adaptação do poema "Peço SilĂȘncio"
Ah o amor... que nasce nĂŁo sei onde, vem nĂŁo sei como, e dĂłi nĂŁo sei porquĂȘ.
Nota: Trecho adaptado de soneto de LuĂs de CamĂ”es.
Soneto 116
De almas sinceras a uniĂŁo sincera
Nada hå que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstĂĄculos se altera,
Ou se vacila ao mĂnimo temor.
Amor Ă© um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
Ă astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lĂĄ na altura.
Amor nĂŁo teme o tempo, muito embora
Seu alfange nĂŁo poupe a mocidade;
Amor nĂŁo se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
A impontualidade do amor
VocĂȘ estĂĄ sozinho. VocĂȘ e a torcida do Flamengo. Em frente a tevĂȘ, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Trimmm! Ă sua mĂŁe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor nĂŁo atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar vocĂȘ numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sĂ©rios. Ele passa batido e vocĂȘ nem aĂ. Ou pode chegar tarde demais e encontrar vocĂȘ desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dĂĄ meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo, que vocĂȘ estĂĄ de banho tomado e camisa jeans. Agora que vocĂȘ estĂĄ empregado, lavou o carro e estĂĄ com grana para um cinema. Agora que vocĂȘ pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que vocĂȘ estĂĄ com o coração Ă s moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. VocĂȘ passa uma festa inteira hipnotizado por alguĂ©m que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguĂ©m que sĂł tem olhos pra vocĂȘ. Ou entĂŁo fica arrasado porque nĂŁo foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma estĂĄ lĂĄ, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, vocĂȘ busca refĂșgio numa locadora de vĂdeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irĂĄ encontrar a pessoa que darĂĄ sentido a sua vida. O amor Ă© que nem tesourinha de unhas, nunca estĂĄ onde a gente pensa.
O jeito Ă© direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor estĂĄ em todos os lugares, vocĂȘ que nĂŁo procura direito.
A primeira lição estĂĄ dada: o amor Ă© onipresente. Agora a segunda: mas Ă© imprevisĂvel. Jamais espere ouvir âeu te amoâ num jantar Ă luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo apĂłs a primeira transa. O amor odeia clichĂȘs. VocĂȘ vai ouvir âeu te amoâ numa terça-feira, Ă s quatro da tarde, depois de uma discussĂŁo, e as flores vĂŁo chegar no dia que vocĂȘ tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar Ă© sofrer. Amar Ă© surpreender.
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei Ă sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizĂvel
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
NĂŁo traz o exaspero das lĂĄgrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
à um sossego, uma unção,
um transbordamento de carĂcias
E sĂł te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mĂŁos cĂĄlidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estĂĄtico da aurora.
No amor ninguĂ©m pode machucar ninguĂ©m; cada um Ă© responsĂĄvel por aquilo que sente e nĂŁo podemos culpar o outro por isso... JĂĄ me senti ferida quando perdi o homem por quem me apaixonei... Hoje estou convencida de que ninguĂ©m perde ninguĂ©m, porque ninguĂ©m possui ninguĂ©m... Essa Ă© a verdadeira experiĂȘncia de ser livre: ter a coisa mais importante do mundo sem possuĂ-la.
O ContrĂĄrio do Amor
O contrĂĄrio de bonito Ă© feio, de rico Ă© pobre, de preto Ă© branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se vocĂȘ fizer uma enquete entre as crianças, ouvirĂĄ tambĂ©m que o contrĂĄrio do amor Ă© o Ăłdio. Elas estĂŁo erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrĂĄrio do amor nĂŁo Ă© o Ăłdio, Ă© a indiferença.
O que seria preferĂvel, que a pessoa que vocĂȘ ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer vocĂȘ se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existĂȘncia? O Ăłdio Ă© tambĂ©m uma maneira de se estar com alguĂ©m. JĂĄ a indiferença nĂŁo aceita declaraçÔes ou reclamaçÔes: seu nome nĂŁo consta mais do cadastro.
Para odiar alguĂ©m, precisamos reconhecer que esse alguĂ©m existe e que nos provoca sensaçÔes, por piores que sejam. Para odiar alguĂ©m, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocĂnio, ainda que doente. Para odiar alguĂ©m gastamos energia, neurĂŽnios e tempo. Odiar nos dĂĄ fios brancos no cabelo, rugas pela face e angĂșstia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do Ăłdio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendĂȘ-lo e pouco humor para aturĂĄ-lo. O Ăłdio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.
JĂĄ para sermos indiferentes a alguĂ©m, precisamos do quĂȘ? De coisa alguma. A pessoa em questĂŁo pode saltar de bungee-jumping, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisĂŁo perpĂ©tua, estamos nem aĂ. NĂŁo julgamos seus atos, nĂŁo observamos seus modos, nĂŁo testemunhamos sua existĂȘncia. Ela nĂŁo nos exige olhos, boca, coração, cĂ©rebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dĂĄ conta de sua ausĂȘncia. NĂŁo temos o nĂșmero do telefone das pessoas para quem nĂŁo ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da ĂĄgua, cor do ar, cor de nada.
Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela Ă© muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança estĂĄ sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca Ă© ignorada. SĂł bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que nĂŁo seja materna ou paterna, Ă© que descobrirĂĄ que o amor e o Ăłdio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença Ă© um exĂlio no deserto.