Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
Nunca digas que esqueceste um amor diga apenas que consegue falar nele sem chorar, pois o amor Ă©... inesquecĂvel.
Ela o amava. Ele a amava também. E ainda, que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia dentro do sonho, era simples. Boa, fåcil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo.
Bom dia, meu amor. Que seja breve o tempo sem vocĂȘ. Que seja doce o momento do reencontro. Que seja eterno o tempo que passamos juntos.
Se vocĂȘ estĂĄ triste porque perdeu o seu amor, lembre-se daquele que nĂŁo teve amor para perder.
Se vocĂȘ estĂĄ cansado de trabalhar, lembre-se daqueles tantos angustiados que estĂŁo sem emprego.
Se vocĂȘ reclama da comida mal feita, lembre-se daqueles que morrem famintos sem um pedaço de pĂŁo.
Se um sonho seu foi desfeito, lembre-se daquele que vive um pesadelo constante.
Se vocĂȘ anda aborrecido, lembre-se daquele que espera um sorriso seu.
Se vocĂȘ teve:
Um amor para perder,
Um trabalho para cansar,
Um sonho desfeito,
Uma tristeza para sentir,
Uma comida para reclamar,
Lembre-se de agradecer a deus, porque existem muitos que dariam tudo para ficar no seu lugar.
Cio
Quero dormir com vocĂȘ ou pelo menos
Te dar um beijo na boca
O meu amor nĂŁo tem pudor, nem acanhamento
NĂŁo tem paciĂȘncia, nĂŁo agĂŒenta mais
A urgĂȘncia do desejo
E eu te olho, te olho, te olho
Como se dissesse.
Penso, ele hĂĄ de perceber, me encosto um pouco
Espero um gesto, um sinal, uma atitude
Que eu possa interpretar como uma resposta,
Uma indicação,
Mas vocĂȘ Ă© um homem sĂ©rio e continua
Se escondendo atrĂĄs dessas teorias
E nem te brilha no olho uma faĂsca de tentação.
Aà que aflição
Pensar no que eu faria
Se pudesse.
Desejo que nĂŁo acontece
Fica parado no peito
AĂ vira obsessĂŁo.
NĂŁo existe amor Ă primeira vista. O que existe Ă© a pessoa certa no momento certo. VocĂȘ por acaso estava lĂĄ.
O AMOR DEIXA MUITO A DESEJAR
A Rita Lee fez uma mĂșsica com a letra tirada de um artigo que escrevi, sobre amor e sexo.
A mĂșsica Ă© linda, estou emocionado, nĂŁo mereço tĂŁo subida honra, quem sou eu, quase enxuguei uma furtiva lĂĄgrima com minha "gĂ©lida manina" por estar num disco, girando na vitrola sem parar com Rita, aquela hippie florida com consciĂȘncia crĂtica, aquela hippie parĂłdica, aquela mulher divinamente dividida, de noiva mutante ou de cartola e cabelo vermelho que, em 67, acabou com a caretice de Sampa e de suas lindas "minas" pĂĄlidas.
A mĂșsica veio mesmo a calhar, pois ando com uma fome de arte, ando com saudade da beleza, ando com saudade de tudo, saudade de alguma delicadeza, paz, pois jĂĄ nĂŁo agĂŒento mais ser apenas uma esponja absorvendo e comentando os bodes pretos que os polĂticos produzem no Brasil e o Bush lĂĄ fora. Ando meio desesperançado, mas essa canção de Rita trouxe de volta a minha mais antiga lembrança de amor. Isso mesmo: a canção me trouxe uma cena que, hĂĄ mais de 50 anos, me volta sempre. Sempre achei que esse primeiro momento foi tĂŁo tĂȘnue, tĂŁo fugaz que nĂŁo merecia narração. Mas, vou tentar.
Eu devia ter uns 6 anos, no mĂĄximo. Foi meu primeiro dia de aula no colĂ©gio, lĂĄ no Meier, onde minha mĂŁe me levou, pela Rua 24 de Maio, coberta de folhas de mangueira que o vento derrubava. Fiquei sozinho, desamparado, sem pai nem mĂŁe no colĂ©gio desconhecido. No pĂĄtio do recreio, crianças corriam. Uma bola de borracha voou em minha direção e bateu em meu peito. Olhei e vi uma menina morena, de tranças, com olhos negros, bem perto, me pedindo a bola e, nesse segundo, eu me apaixonei. Lembro-me de que seu queixo tinha um pequeno machucado, como um arranhĂŁo com mercĂșrio-cromo, lembro-me que ela tinha um nariz arrebitado, insolente e que, num lampejo, eu senti um tremor desconhecido, logo interrompido pelo jogo, pela bola que eu devolvi, pelos gritos e correria do recreio. Ela deve ter me olhado no fundo dos olhos por uns trĂȘs segundos mas, atĂ© hoje, eu me lembro exatamente de sua expressĂŁo afogueada e vi que ela sentira tambĂ©m algum sinal no corpo, alguma informação do seu destino sexual de fĂȘmea, alguma manifestação da matĂ©ria, alguma mensagem do DNA. Recordando minha impressĂŁo de menino, tenho certeza de que nossos olhos viram a mesma coisa, um no outro. Senti que eu fazia parte de um magnetismo da natureza que me envolvia, que envolvia a menina, que alguma coisa vibrava entre nĂłs e senti que eu tinha um destino ligado Ă quele tipo de ser, gente que usava trança, que ria com dentes brancos e lĂĄbios vermelhos, que era diferente de mim e entendi vagamente que, sem aquela diferença, eu nĂŁo me completaria. Ela voltou correndo para o jogo, vi suas pernas correndo e ela se virando com uma Ășltima olhada.
Misteriosamente, nunca mais a encontrei naquela escola. Lembro-me que me lembrei dela quando vi aquele filme Love Story, nĂŁo pelo medĂocre filme, mas pelo rosto de Ali McGraw, que era exatamente o rosto que vivia na minha memĂłria. Recordo tambĂ©m, com estranheza, que meu sentimento infantil foi de "impossibilidade"; aquele rosto me pareceu maravilhoso e impossĂvel de ser atingido inteiramente, foi um instante mĂĄgico ao mesmo tempo de descoberta e de perda. Escrevendo agora, percebo que aquela sensação de profundo "sentido" que tive aos 6 anos pode ter marcado minha maneira de ser e de amar pelos tempos que viriam. Senti a presença de algo belĂssimo e inapreensĂvel que, hoje, velho de guerra, arrisco dizer que talvez seja essa a marca do amor: ser impossĂvel. Calma, pessoal, claro que o amor existe, nem eu sou um masoquista de livro, mas a marca do sublime, o momento em que o impossĂvel parece possĂvel, quando o impalpĂĄvel fica compreensĂvel, esse instante se repetiu no futuro por minha vida, levando-me para um trem-fantasma de alegrias e dores.
Amar Ă© parecido com sofrer - LuĂs Melodia escreveu, nĂŁo foi? Machado de Assis toca nisso na sĂșbita consciĂȘncia do amor entre Bentinho e Capitu:
"Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca."
Isso: felicidade e medo, a sensação de tocar por instantes um mistério sempre movente, como um fotograma que påra por um instante e logo se move na continuação do filme. Sempre senti isso em cada visão de mulheres que amei: um rosto se erguendo da areia da praia, uma mulher fingindo não me ver, mas vendo-me de costas num escritório do Rio... São momentos em que a "måquina da vida" parece se explicar, como se fosse uma lembrança do futuro, como se eu me lembrasse ali, do que iria viver.
Esses frĂȘmitos de amor acontecem quando o "eu" cessa, por brevĂssimos instantes, e deixamos o outro ser o que Ă© em sua total solidĂŁo. Vemos um gesto frĂĄgil, um cabelo molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nĂłs uma espĂ©cie de "compaixĂŁo" pelo nosso prĂłprio desamparo, entrevisto no outro.
A cultura americana estĂĄ criando um "desencantamento" insuportĂĄvel na vida social. Vejam a arte tratada como algo desnecessĂĄrio, sem lugar, vejam as mulheres nuas amontoadas na internet. Andamos com fome de beleza em tudo, na vida, na polĂtica, no sexo; por isso, o amor Ă© uma ilusĂŁo sem a qual nĂŁo podemos viver. Todas essas tĂȘnues consideraçÔes, essas lembranças de lembranças, essa tentativa de capturar lampejos tĂŁo antigos, com risco de ser piegas, tudo isso me veio Ă cabeça pela emoção de me ver subitamente numa mĂșsica, parceiro de Rita Lee, "lovely Rita", a mais completa tradução de SĂŁo Paulo, essa cidade cheia de famintos de amor.
Eu amo uma mulher, mas nĂŁo vou obrigĂĄ-la a me amar, vou cercĂĄ-la com meu amor enquanto... rezo por sua felicidade.
NĂŁo se deixe entusiasmar a ponto de nĂŁo conseguir distinguir amor de atração, amor de carĂȘncia, amor de insegurança, amor de fantasia.
Quer saber?
Vou parar de procurar o amor
Cansei
Ele que me encontre
Cansei de tentar ser feliz
Cansei de ter um sorriso
Cansei de sofrer
Vou tĂĄ no mesmo lugar de sempre
Qualquer coisa, Ă© sĂł aparecer naquele lugar
Venha até aqui me alegrar,
me faça feliz, mais uma vez.
Me då carinho, beijo, abraço
e falar que nĂŁo preciso sentir mais medo
Que jĂĄ cansei de ser corajoso
Cada dia, foi um tempo perdido
Me arreppendo por isso
Por isso que vou espalhar o meu amor por aĂ
Pois eu cansei de procurar o amor,
Na hora certa e no momento certo,
o amor me encontra.
O amor nĂŁo correspondido Ă© como cativeiro: sem ĂĄgua, sem comida e sem visita. E vocĂȘ sĂł lembra de quem te aprisionou. Ă o pior amor!
o amor vai chegar
e quando o amor chegar
o amor vai te abraçar
o amor vai dizer o seu nome
e vocĂȘ vai derreter
sĂł que Ă s vezes
o amor vai te machucar mas
o amor nunca faz por mal
o amor nĂŁo faz jogo
porque o amor sabe que a vida
jĂĄ Ă© difĂcil o bastante