Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Eu gosto.

Gosto daquele amor que se recebe sem pedir,
Daquele carinho inesperado, verdadeiro.
Do beijo romùntico que parece se eternizar no espaço,
Do abraço apertado, acorrentado no coração.

Gosto daquele olhar envergonhado e diminuto,
Daquele sorriso sempre Ășnico e transparente,
Daquela mĂŁo sempre pronta para me segurar,
Da respiração ofegante e delirante de estar com vocĂȘ.

Gosto das brincadeiras sem sentido, sem nexo,
Das gargalhadas que vĂȘm da alma, exageradas,
Do soninho no teu colo, no meu ninho,
Do teu querer-me sempre, do teu mimo.

Gosto de saber que gostas de estar comigo,
NĂŁo importa a hora, nem o tempo, nem o lugar,
Só o que te interessa é a minha presença, a minha pressa,
SĂł o te preocupas Ă© a minha felicidade, a minha festa.

Gosto de saber que te faço feliz, assim como vocĂȘ me faz,
Que o teu futuro coincide com os meus sonhos, com o meu querer,
Que o teu sorriso vem de mim, e o meu de ti,
Que a nossa felicidade sĂł depende agora de mim e de vocĂȘ.

Eu gosto de ter-te outra vez comigo,
De compartilhar contigo outras rizadas, outros sonhos,
De te conhecer de novo, de te reconhecer de novo,
De ter vocĂȘ, de estar com vocĂȘ, de ser de vocĂȘ.

Sim, eu gosto e como gosto, das tuas mudanças, do teu prumo,
Da sua versĂŁo melhorada, mais ainda encantada,
Mas sem perder a sua essĂȘncia, o seu brilho Ășnico,
Sem perder o vocĂȘ que me deixou e sempre me deixa tĂŁo apaixonada.

Chega de reticĂȘncias.
Ficar esperando.
Sofrendo.
Contando saudades.
Se o amor nĂŁo Ă© possĂ­vel, o melhor Ă© colocar um fim. E ponto.

A distĂąncia causa saudade, mas nunca o esquecimento. JĂĄ a saudade faz crescer o amor e nos dĂĄ uma lição de vida, porque aprendemos que, por mais que queiramos, nĂŁo podemos fugir do nosso destino nem do nosso amor e aprendemos tambĂ©m que o tempo cura tudo, todas as feridas e marcas. Às vezes atĂ© apaga as cicatrizes e nos ensina tambĂ©m que quando tem que ser nĂŁo adianta fugir, porque sempre chega atĂ© vocĂȘ da forma mais inesperada e apaixonante. A vida Ă© maravilhosa e surpreendente. Nunca diga nunca. Eu amo a vida, eu me amo e amo amar.

É NAMORO OU AMIZADE?

Coragem, confesse: vocĂȘ assiste ao programa Em nome do amor do Silvio Santos, domingos Ă  tarde. É aquele programa onde garotas e rapazes que nunca se viram mais gordos tiram uns aos outros para dançar ao som de Julio Iglesias, enquanto aproveitam para trocar trĂȘs palavras. No final da mĂșsica, Silvio pergunta para cada casal: Ă© namoro ou amizade? Se a menina responder amizade, volta para o banco de reservas. Se responder namoro, ganha um buquĂȘ de flores e sai de mĂŁos dadas com um amor novinho em folha. JĂĄ pensou que paraĂ­so se fosse fĂĄcil assim?

VocĂȘ estĂĄ no bar da faculdade tomando um suco quando surge aquele colega que Ă© um gato e que sĂł faz uma cadeira nas quintas. Ele vem na sua direção e sorri. É seu dia de sorte. EstĂĄ cada vez mais perto. Finalmente chega e lhe entrega um minidicionĂĄrio AurĂ©lio. "VocĂȘ deixou cair ali fora". Antes que vocĂȘ consiga dizer obrigada, ele dĂĄ meia-volta, mas nĂŁo consegue dar um passo. Silvio Santos estĂĄ de microfone na mĂŁo interrompendo a fuga: Ă© namoro ou amizade? "Namoro", responde vocĂȘ. A platĂ©ia do bar aplaude, vocĂȘ segura a mĂŁo do cara e nĂŁo larga nunca mais.

VocĂȘ estĂĄ de bobeira no posto de gasolina, sĂĄbado Ă  noite, encostado num Kadett. Sua cerveja estĂĄ ficando quente e vocĂȘ nĂŁo tem mais um tostĂŁo no bolso. Olha para o relĂłgio: hora de saltar fora. Nisso surge uma clone da Cameron Diaz e pede licença para sair com o carro. VocĂȘ desencosta. "EstĂĄ bem cuidado, princesa", diz naquele seu jeito cafajeste. Ela entra, tenta arrancar mas quase atropela Silvio Santos, que surge nĂŁo se sabe de onde, perguntando Ă  queima-roupa: Ă© namoro ou amizade? "Namoro", responde vocĂȘ entrando no Kadett da loira. Arranjou uma carona e uma paixĂŁo.

VocĂȘ Ă© divorciada e nĂŁo Ă© uma ninfeta: quase jĂĄ esqueceu para que serve um homem. EstĂĄ no cinema sozinha, pra variar. Nisso entra um cinquentĂŁo boa pinta, sem aliança no dedo. Senta quase ao seu lado, apenas uma poltrona os separam. As luzes ainda estĂŁo acesas e na fila da frente trĂȘs retardadas nĂŁo pĂĄram de rir e de fazer barulho com o papel de bala. O bacana olha pra vocĂȘ e diz: "Espero que, quando o filme iniciar, esse frege termine". Ele fala frege, como vocĂȘ. Feitos um para o outro. Nisso Silvio Santos materializa-se na poltrona do meio e lasca: "É namoro ou amizade?" VocĂȘ agarra o microfone: "Namoro". Silvio sai de fininho, vocĂȘ pula para a cadeira do lado e assiste todo o filme com a cabecinha apoiada no ombro do tipĂŁo.

Ou vocĂȘ pĂ”e a imaginação pra funcionar ou se inscreve no Em nome do amor. Mas vai ter que agĂŒentar o Julio Iglesias.

Martha Medeiros
Crînica "É namoro ou amizade?", 1998.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas GĂȘmeas, a 9 de junho de 1998.

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Ama-me por amor do amor somente.
Não digas: “Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente

Minh’alma em comunhão constantemente
Com a sua”. Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.

Nem me ames pelo pranto que a bondade
De tuas mĂŁos enxuga, pois se em mim
Secar, por teu conforto, esta vontade

De chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
Me hĂĄs de querer por toda a eternidade.

Elizabeth Barrett Browning
BANDEIRA, M. Poesias Completas. Rio de Janeiro: Editora da Casa do Estudante do Brasil, 1951.

Nota: Trecho dos "Sonetos Portugueses" escritos por Elizabeth Barrett Browning entre 1844 e 1845 (tradução de Manuel Bandeira). Por vezes atribuído, de forma errÎnea a Madre Teresa de Calcutå.

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Amor Ă© quando a paixĂŁo nĂŁo tem outro compromisso marcado.
Ansiedade Ă© quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

Todos os dias morre um amor. Quase nunca percebemos, mas todos os dias morre um amor. Às vezes de forma lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de rotina. Às vezes melodramaticamente, como nas piores novelas mexicanas, com direito a bate-bocas vexaminosos, capazes de acordar o mais surdo dos vizinhos. Morre em uma cama de motel ou em frente à televisão de domingo. Morre sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares compreensivos, com gosto de lágrima nos lábios. Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, cartas cada vez mais concisas, beijos que esfriam aos poucos. Morre da mais completa e letal inanição.

Todos os dias morre um amor. Às vezes com uma explosĂŁo, quase sempre com um suspiro. Todos os dias morre um amor, embora nĂłs, romĂąnticos mais na teoria que na prĂĄtica, relutemos em admitir. Porque nada Ă© mais dolorido do que a constatação de um fracasso. De saber que, mais uma vez, um amor morreu. Porque, por mais que nĂŁo queiramos aprender, a vida sempre nos ensina alguma coisa. E esta Ă© a lição: amores morrem.

Todos os dias um amor Ă© assassinado. Com a adaga do tĂ©dio, a cicuta da indiferença, a forca do escĂĄrnio, a metralhadora da traição. A sacola de presentes devolvidos, os ponteiros tiquetaqueando no relĂłgio, o silĂȘncio insuportĂĄvel depois de uma discussĂŁo: todo crime deixa evidĂȘncias.

Todos nĂłs fomos assassinos um dia. HĂĄ aqueles que, como o Lee Harvey Oswald, se refugiam em salas de cinema vazias. Ou preferem se esconder debaixo da cama, ao lado do bicho papĂŁo. Outros confessam sua culpa em altos brados, e fazem de pinico os ouvidos de infelizes garçons. HĂĄ aqueles que negam, veementemente, participação no crime, e buscam por novas vĂ­timas em salas de chat ou pistas de danceteria, sem dor ou remorso. Os mais periculosos aproveitam sua experiĂȘncia de criminosos para escrever livros de auto-ajuda, com nomes paradoxais como "O Amor Inteligente", ou romances açucarados de banca de jornal, do tipo "A PaixĂŁo Tem Olhos Azuis", difundindo ao mundo ilusĂ”es fatais aos coraçÔes sem cicatrizes.

Existem os amores que clamam por um tiro de misericórdia: corcéis feridos.

Existem os amores-zumbis, aqueles que se recusam a admitir que morreram. São capazes de perdurar anos, mortos-vivos sobre a Terra teimando em resistir à base de camas separadas, beijos burocråticos, sexo sem tesão. Estes não querem ser sacrificados, e, à semelhança dos zumbis hollywoodianos, também se alimentam de cérebros humanos, e definharão até se tornarem laranjas chupadas.

Existem os amores-vegetais, aqueles que vivem em permanente estado de letargia, comuns principalmente entre os amantes platÎnicos que recordarão até o fim de seus dias o sorriso daquela ruivinha da 4a. série, ou entre fãs que até hoje suspiram em frente a um pÎster do Elvis Presley (e, pior, da fase havaiana). Mas titubeio em dizer que isso possa ser classificado como amor (Bah, isso não é amor. Amor vivido só do pescoço pra cima não é amor).

Existem, por fim, os amores-fĂȘnix. Aqueles que, apesar da luta diĂĄria pela sobrevivĂȘncia, das contas a pagar, da paixĂŁo que escasseia com o decorrer dos anos, da mesa-redonda no final de domingo, das calcinhas penduradas no chuveiro e das brigas que nĂŁo levam a nada, ressuscitam das cinzas a cada fim de dia, e perduram: teimosos, e belos, e cegos, e intensos. Mas estes sĂŁo rarĂ­ssimos, e hĂĄ quem duvide de sua existĂȘncia. Alguns os chamam de amores-unicĂłrnio, porque sĂŁo de uma beleza tĂŁo pura e rara que jamais poderiam ter existido, a nĂŁo ser como lendas. Mas nĂŁo quero acreditar nisso.

Um dia vou colocar um anĂșncio, bem espalhafatoso, no jornal.

PROCURA-SE: AMOR-FÊNIX
(ofereço generosa recompensa)

Alexandre Inagaki
"Pequeno tratado sobre a mortalidade do amor" (2004)

Nota: Texto publicado por Alexandre Inagaki no seu blog em 10/03/2004, sob o tĂ­tulo "Pequeno tratado sobre a mortalidade do amor".

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Que as lĂĄgrimas que hoje rolam dos meus olhos levem consigo o meu amor nĂŁo correspondido, e que esse sorriso nos meus lĂĄbios seja a certeza de que eu te amo e te desejo toda felicidade do mundo.

Novo Amor
Procuro um amor novo amor com quem possa ter ressonùncias... num encontro pleno de respeito, cumplicidade e parceria. Alguém com quem seja possível dividir alegrias, delicadezas e alguns sonhos... não muitos, mas o suficiente para continuar a criar a magia do amar... e ser amado.
Busco assim por vocĂȘ que tenha leveza de alma e espĂ­rito, com total disponibilidade afetiva, que goste de viver a vida e que queira verdadeiramente um grande amor repleto de aventuras.
Nùo precisa ser um amor zero quilÎmetro, mas tem que ser dos bons. Daqueles de ter vontade de acordar mais cedo para levar café na cama, de ligar no meio do dia para dizer que sentiu saudade, de fazer bobagens, escrever bilhetinhos, fugir na madrugada em busca do desconhecido... um amor que não precisa durar para sempre mas que "seja infinitamente bom enquanto dure."
Procuro um amor que seja fiel e honesto, que saiba contar piadas e sussurrar no meu ouvido palavras gostosas para antes e depois do amor.
Procuro um amor que saiba viver sozinho, que invada meu mundo devagarinho e me convença que vale a pena ficar.
Procuro um amor quentinho... daqueles que não grudam na pele no verão mas que aquecem que nem edredom quando chega o inverno. Amor de dormir agarrado, de dançar colado e beijar na frente de todo mundo.
Procuro por fim um novo amor, uma companheira que seja minha amiga e minha amante, que goste de pipocas em tardes de chuva, e que queira andar de mĂŁos dadas comigo pela vida.

Meu amor por VocĂȘ

Meu amor ...
...Ă© terno, pois descansa na sinceridade do teu olhar.

Meu amor ...
...Ă© sereno, pois supera a ansiedade de te encontrar.

Meu amor ...
...Ă© paciente, pois espera o tempo que for preciso para estar ao teu lado.

Meu amor ...
...Ă© singelo, sĂł de pensar em vocĂȘ jĂĄ sou mais feliz.

Meu amor ...
...é sincero, pois vai além do brilho dos meus olhos ou da batida do meu coração...
...além, muito além da sua imaginação.

Relacionamento significa algo completo, acabado, fechado. O amor nunca Ă© um relacionamento: amor Ă© relacionar-se - Ă© sempre um rio fluindo, interminĂĄvel.

E atĂ© hoje, eu acredito que, na maior parte do tempo, o amor Ă© uma questĂŁo de escolhas. É uma questĂŁo de tirar os venenos e as adagas da frente e criar o seu prĂłprio final feliz.

Quem diz que Amor Ă© falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vĂŁo, desconhecido,
sem falta lhe terĂĄ bem merecido
que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor Ă© brando, Ă© doce e Ă© piedoso.
Quem o contrĂĄrio diz nĂŁo seja crido;
seja por cego e apaixonado tido,
e aos homens, e inda aos deuses, odioso.

Se males faz Amor, em mi se vĂȘem;
em mim mostrando todo o seu rigor,
ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras sĂŁo de Amor;
todos os seus males sĂŁo um bem,
que eu por todo outro bem nĂŁo trocaria.

NĂŁo importa a distĂąncia que nos separa, mas sim o amor que nos une.

Entenda bem: nĂŁo me veja tentando reatar uma histĂłria de amor jĂĄ bastante espatifada (ou talvez sim, mas vocĂȘ nĂŁo me deu chance e a coisa mais saudĂĄvel que eu podia fazer era entrar noutra). Acontece que, com ou sem cama, gosto profundamente de vocĂȘ.

Amor ideal

Repare,

que tanta gente no mundo
corre em busca do amor,
alguém que seja ideal,
aquela altura, aquela cor,
aquele extrato bancĂĄrio,
aquele belo salĂĄrio,
hĂĄ quem ligue pra idade,
pra raça, religião

Mas quem busca perfeição
nĂŁo busca amor de verdade.

O ideal Ă© amor,
inclusive o diferente!
Afinal que graça tem
amar uma cĂłpia da gente?
Procure sem ter critérios,
o amor tem seus mistérios

Deixa a gente atordoado.
VocĂȘ sai a procurar
e ao invés de achar
acaba sendo achado.

E quando o amor lhe acha
nĂŁo tem pra onde correr.
Finda logo essa besteira
de mil coisas pra escolher,
finda todo preconceito

É como se no seu peito
coubesse o mundo inteiro,
com todo tipo de gente
e aceita que o diferente
é só alguém verdadeiro.

Percebe que a estrada
Ă© repleta de amor,
e vocĂȘ nessa jornada
vai sorrir, vai sentir dor,
vai errar e acertar
na peleja pra encontrar
um sentimento real.
Uma dica, companheiro:
Se o amor for verdadeiro
jĂĄ Ă© o amor ideal.

BrĂĄulio Bessa
Poesia com rapadura. Fortaleza: Cene, 2017.

HistĂłrias de amor sĂŁo como borboletas: vocĂȘ consegue ver, pode atĂ© tocar, mas se vocĂȘ tentar guardar uma pra vocĂȘ ela simplesmente morre. Tem que saber admirar de longe.

Sei que o amor Ă© um grito no vazio, e que o esquecimento Ă© inevitĂĄvel, e eu te amo.

Tudo na vida tem um certo valor, atĂ© o vazio interior que brota no silĂȘncio da tristeza de um amor iludido e nĂŁo correspondido.

O verdadeiro amor nĂŁo tem final feliz, porque o amor verdadeiro nunca acaba.