Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

E agora estĂĄ vocĂȘ aĂ­, com esse amor que nĂŁo estava nos planos. Um amor que nĂŁo Ă© a sua cara, que nĂŁo lembra em nada um amor idealizado. E, por isso mesmo, um amor que deixa vocĂȘ em pĂąnico e em ĂȘxtase. Tudo diferente do que vocĂȘ um dia supĂŽs, um amor que te perturba e te exige, que nĂŁo aceita as regras que vocĂȘ estipulou. Um amor que a cada manhĂŁ faz vocĂȘ pensar que de hoje nĂŁo passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussĂ”es que vocĂȘ nĂŁo esperava enfrentar e por beijos para os quais nem imaginava ter tanto fĂŽlego. Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto nĂŁo encontramos o certo, e o certo era aquele outro que vocĂȘ havia solicitado, mas a vida, que Ă© pĂ©ssima em atender pedidos, lhe trouxe esse e conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que vocĂȘ desconfia que nĂŁo lhe pertence. Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, nĂŁo apareceu. Olhe pra vocĂȘ vivendo esse amor a granel, esse amor escarcĂ©u, nĂŁo era bem isso que vocĂȘ desejava, mas Ă© o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou em vocĂȘ no elevador, o amor que era pra nĂŁo vingar e virou compromisso, olha vocĂȘ tendo que explicar o que nĂŁo se explica, vocĂȘ nunca havia se dado conta de que amor nĂŁo se pede, nĂŁo se especifica, nĂŁo se experimenta em loja – ah, este me serviu direitinho!

Um amor como o nosso estĂĄ fadado a acabar. E eu jĂĄ nĂŁo tenho mais fĂŽlego para soprar a fogueira.

Ouvi falar de amor como de um crime...

dar nĂŁo Ă© fazer amor

O ser busca o outro ser, e ao conhecĂȘ-lo acha a razĂŁo de ser, jĂĄ dividido. SĂŁo dois em um: amor, sublime selo que Ă  vida imprime cor, graça e sentido.

"O amor que move o Sol,
como as estrelas"

" ser busca outro ser, ao conhecĂȘ - lo
acha a razĂŁo de ser, jĂĄ dividido.
SĂŁo dois em um:, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

"Amor - eu deisse - e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais ocluto do jardim, mas seu perfume nĂŁo chegou a mim"

O amor vai permanecer, mesmo que as palavras sejam esquecidas, que a presença não seja constante e que os caminhos sejam diferentes.

...eu tive tanto amor um dia.

VĂȘ, meu amor, vĂȘ como por medo jĂĄ estou organizando, vĂȘ como ainda nĂŁo consigo mexer nesses elementos primĂĄrios do laboratĂłrio sem logo querer organizar a esperança. É que por enquanto a metamorfose de mim em mim mesma nĂŁo faz nenhum sentido. É uma metamorfose em que perco tudo o que eu tinha, e o que eu tinha era eu – sĂł tenho o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pĂ© diante de um susto. Sou: o que vi. NĂŁo entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com os seus planetas e baratas. Eu, que antes vivera de palavras de caridade ou orgulho ou de qualquer coisa. Mas que abismo entre a palavra e o que ela tentava, que abismo entre a palavra amor e o amor que nĂŁo tem sequer sentido humano – porque – porque amor Ă© a matĂ©ria viva. Amor Ă© a matĂ©ria viva?

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração.

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Amor.

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Inclusive mais amor inclui uma alerteza maior para achar bonito o que nem mesmo bonito Ă©.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crînica O “verdadeiro” romance.

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É horrivelmente insípido, meu amor.

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Que imensa misĂ©ria o grande amor - depois do nĂŁo, depois do fim - reduzir-se a duas ou trĂȘs frases frias ou sarcĂĄsticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.

Acorda amor
NĂŁo Ă© mais pesadelo nada

O amor romĂąntico Ă© como um traje, que, como nĂŁo Ă© eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formĂĄmos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romĂąntico, portanto, Ă© um caminho de desilusĂŁo.

Fernando Pessoa

Nota: Trecho adaptado de poema do "Livro do Desassossego", de Bernardo Soares (heterĂŽnimo de Fernando Pessoa).

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Acordei cheia de alegria, amor, esperança e cinismo.

Nenhum amor é igual ao outro, logo, as dores também deixam cicatrizes particulares.

Volto pra casa, destruĂ­da. Sinto tanto amor dentro de mim que posso explodir e bolhas de coraçÔes vermelhas atingiriam o JapĂŁo. Quase nĂŁo consigo respirar. Chega, chega. Ligo pra ele. Ele nĂŁo atende. Ligo de novo. Ele atende falando baixinho. VocĂȘ estĂĄ com alguĂ©m? Estou. Desligamos. Pronto, agora eu jĂĄ sei. Depois de um final de semana inteiro de palpitacĂ”es, descargas de adrenalina, mĂșsicas, textos, amigos, danças, gritos, sensaçÔes, assuntos, choros, dores, vida. Agora eu jĂĄ sei. O que eu nunca vou saber Ă© porque faço tudo isso comigo sĂł porque tenho tanto pavor do tĂ©dio. Era sĂł isso o que eu precisava saber.

Sabe, o amor Ă© uma troca:
vocĂȘ precisa oferecer para receber de volta;
e quando vocĂȘ recebe de volta, vocĂȘ oferece outra vez.
Ele deixa de funcionar direito se nĂŁo for assim. :)

Dispenso uma vida rotulada, humores inståveis, amor de hora marcada. Nego reviver o passado e ter maturidade quando quero colo. Discordo viver sobre desculpas e amordaçar minha tolerùncia. Não esfolo meu valor com o descaso. Não podo minhas asas. Não oscilo de opinião. Adorno meus medos, dores são segredos; prefiro expor o que tenho de bom. Não sou de faces, mas tenho fases. Não invento personalidade, nem crio situaçÔes. Que me achem fria; que me julguem estranha. Que se afastem os que confundirem autenticidade com estupidez. Sou o que quebra e não cola; o que brota mas também desfolha. A intensidade de uma ocasião. Perfeita, ou não.