Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Peste, fome e guerra, morte e amor, a vida de Tereza Batista Ă© uma histĂłria de cordel.

Jorge Amado
Tereza Batista, cansada de guerra

Morre de amor quem Ă© capaz.

Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado

Amor Ă© quando vocĂȘ sabe tintim por tintim as razĂ”es que impedem o seu relacionamento de dar certo, Ă© quando vocĂȘ tem certeza de que seriam muito infelizes juntos, Ă© quando vocĂȘ nĂŁo tem a menor esperança de um milagre acontecer, e essa sensatez toda nĂŁo impede de fazĂȘ-lo chorar escondido quando ouve uma mĂșsica careta que lembra os seus 14 anos, quando vocĂȘ acreditava em milagres.

Tenho coragem? Por enquanto estou tendo: porque venho do sofrido longe, venho do inferno de amor mas agora estou livre de ti.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.

Quem deve ser eu e aonde deve estar vocĂȘ, meu amor?

Hå sempre um perigo no amor que tem utilidade. Enquanto o outro exerce uma função na nossa vida, corremos o risco de não experimentar o amor gratuito(...) A utilidade pode parecer amor, mas não é. Amor que se fundamenta na utilidade que o outro tem corre o risco de se transformar em abandono num futuro próximo.

Padre FĂĄbio de Melo
Tempo de esperas - O itinerĂĄrio de um florescer humano

Ainda Ă© cedo e eu preciso de amor. SĂł um pouquinho de amor... Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele, na esperança de que seu riso congelado saia do automĂĄtico e eu ganhe um Ășnico sorriso verdadeiro... Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor sĂł para nunca deixar de ser amor.

Os botÔes fragrantes ås vezes dão abrigo a lagartas; o amor devorador, de igual maneira, demora nos espíritos sublimes.

Porque quando o amor existe, o que nĂŁo existe Ă© tempo pra sofrer.

NĂŁo confunda carĂȘncia com amor. CarĂȘncia Ă© a percepção de que vocĂȘ nĂŁo pode viver sem amar alguĂ©m.

Preciso que saiba: nunca deixarei de pensar em vocĂȘ, porque vocĂȘ foi o amor menos elaborado que tive, menos politicamente correto, menos “o cara certo na hora certa”, menos criado no cativeiro da idealização, e essa impossibilidade de intelectualizar o que senti me faz pensar que talvez eu nĂŁo estivesse enganada sobre aquela ideia romĂąntica de que sĂł se ama assim uma vez.

Amor eterno Ă© o que dura enquanto existe.

A Fome e o Amor

A um monstro

Fome! E, na Ăąnsia voraz que, ĂĄvida, aumenta,
Receando outras mandĂ­bulas a esbangem,
Os dentes antropĂłfagos que rangem,
Antes da refeição sanguinolenta!

Amor! E a satirĂ­asis sedenta,
Rugindo, enquanto as almas se confrangem,
Todas as danaçÔes sexuais que abrangem
A apolĂ­nica besta famulenta!

Ambos assim, tragando a ambiĂȘncia vasta,
No desembestamento que os arrasta,
SuperexcitadĂ­ssimos, os dois

Representam, no ardor dos seus assomos
A alegoria do que outrora fomos
E a imagem bronca do que inda hoje sois!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.

Amor sem admiração é amizade

Amor
Eu orei por vocĂȘ
Esperei por esse dia
Eu sempre acreditei em nĂłs dois
Eu falei sĂł pra Deus
Sobre tudo que eu sentia
Por vocĂȘ, meu amor
Te amo, Ă© tudo que eu quero te dizer
E a minha vida inteira eu vou viver
Pra Deus, pra vocĂȘ
Vou te amar
Dividir os meus segredos com vocĂȘ
Eu quero ser somente uma mulher
Segundo o coração de Deus
Seremos um, uma sĂł carne, uma famĂ­lia, mais um milagre nas mĂŁos de Deus.
Na alegria ou na dor, na saĂșde ou na enfermidade
Aconteça o que for eu vou te amar
Com mais poder do que palavras podem dizer!

A beleza da vida reside na variedade. Mesmo o mais tenro amor pede para ser renovado com intermĂ©dio da ausĂȘncia.

Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz!
Vens Ă s vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor Ă© um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco...

Miguel Torga
TORGA, M., Penas do PurgatĂłrio, 1954

Nota: Trecho do poema "Esperança"

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