Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
Soneto
Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que nĂŁo me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste sĂł, com que saĂda
Por que desceste ao meu porĂŁo sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio
Por que nos conhecemos? Por que o acaso o quis? Foi porque atravĂ©s da distĂąncia, sem dĂșvida, como dois rios que correm a unir-se, nossas inclinaçÔes particulares nos impeliram um para o outro.
DOR FĂSICA X DOR EMOCIONAL
O maior medo do ser humano, depois do medo da morte, Ă© o medo da dor. Dor fĂsica: um corte, uma picada, uma ardĂȘncia, uma distensĂŁo, uma fratura, uma cĂĄrie. Dor que sĂł cessa com analgĂ©sico, no caso de ser uma dor comum, ou com morfina, quando Ă© uma dor insuportĂĄvel. Mas Ă© a dor emocional a mais temĂvel, porque essa nĂŁo tem medicamento que dĂȘ jeito.
Uma vez, conversando com uma amiga, ficamos nessa discussĂŁo por horas: o que Ă© mais dolorido, ter o braço quebrado ou o coração? Uma pessoa que foi rejeitada pelo seu amor sofre menos ou mais do que quem levou 20 pontos no supercĂlio? Dores absolutamente diferentes. Eu acho que dĂłi mais a dor emocional, aquela que sangra por dentro. Qualquer mĂŁe preferiria ter Ășlcera para o resto da vida do que conviver com o vazio causado pela morte de um filho.
As estatĂsticas nĂŁo mentem: Ă© mais fĂĄcil ser atingida por uma depressĂŁo do que por uma bala perdida. Existe mĂ©dico para baixo astral? Psicanalistas. E remĂ©dio? Anti-depressivos. Funcionam? Funcionam, mas nĂŁo com a rapidez de uma injeção, nĂŁo com a eficiĂȘncia de uma cirurgia. Certas feridas nĂŁo ficam Ă mostra. Acabar com a dor da baixa auto-estima Ă© bem mais demorado do que acabar com uma dor localizada.
Parece absurdo que alguĂ©m possa sofrer num dia de cĂ©u azul, na beira do mar, numa festa, num bar. Parece exagero dizer que alguĂ©m que leve uma pancada na cabeça sofrerĂĄ menos do que alguĂ©m que for demitido. Onde estĂĄ o hematoma causado pelo desemprego, onde estĂĄ a cicatriz da fome, onde estĂĄ o gesso imobilizando a dor de um preconceito? Custamos a respeitar as dores invisĂveis, para as quais nĂŁo existem prontos-socorros. NĂŁo adianta assoprar que nĂŁo passa.
Tenho um respeito tremendo por quem sofre em silĂȘncio, principalmente pelos que sofrem por amor. Perder a companhia de quem se ama pode ser uma mutilação tĂŁo sĂ©ria quanto a sofrida por Lars Grael, sĂł que os outros nĂŁo enxergam a parte que nos falta, e por isso tendem a menosprezar nosso martĂrio. O prĂłprio iatista terĂĄ sua dor emocional prolongada por algum tempo, diante da nova realidade que enfrenta. Nenhuma fisgada se compara Ă dor de um destino alterado para sempre.
CONHECIDOS E AMIGOS: AS GRADAĂĂES
Amigo do peito.
AmigĂŁo.
Velho amigo.
Meu melhor amigo.
Conheço-o hå muito tempo.
Conhecido metido a amigo.
Amigo que cai de turma e vira conhecido.
Sempre foi muito legal comigo.
Conhecido Ăntimo.
Conhecido afetuoso.
Conhecido que se diz amigo.
Conhecido que finge que nĂŁo nos vĂȘ em certas situaçÔes.
Amigo intenso que nĂŁo se vĂȘ hĂĄ muitos anos.
Amigo passivo.
Amigo de convivĂȘncia esparsa e rara.
Amigo de todas as horas.
Amigo das horas difĂceis.
Amigo sĂł de horas fĂĄceis.
Amigos encrenqueiros.
Amigos adorĂĄveis.
Amigos trabalhosos.
Amigo de FĂ©.
Conhecido de vista.
Falso Ăntimo.
Amigo a quem nĂŁo se conhece pessoalmente.
Amigo da Internet.
Conhecido da Internet.
Chato da Internet.
Afinidade especial na Internet.
Amigo dela de quem foi caso secreto no passado.
Amiga dele de quem foi caso secreto no passado.
Exâamigo que ainda nĂŁo sabe que jĂĄ Ă©.
Candidato a ex-amigo.
Amizade que deixamos escapar.
Amizade unilateral.
Admiração sem amizade.
Amizade com inveja.
A mĂștua admiração da amizade.
A impossibilidade do amigo morto.
Toda separação é triste. Ela guarda memória de tempos felizes (ou de tempos que poderiam ter sido felizes...) e nela mora a saudade.
Canção na plenitude
NĂŁo tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translĂșcida hĂĄ muito se manchou.
HĂĄ rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar Ă© mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciĂȘncia
e nĂŁo menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força â que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiĂĄvel
cujas marĂ©s â mesmo se fogem â retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminĂĄvel das sereias.
Do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim - SĂŁo Paulo, 1997, pĂĄg. 151.
Gosto quando te calas
Gosto quando te calas porque estĂĄs como ausente,
e me ouves de longe, minha voz nĂŁo te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estĂŁo cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estĂĄs como distante.
E estĂĄs como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silĂȘncio teu.
Deixa-me que te fale tambĂ©m com o teu silĂȘncio
claro como uma lĂąmpada, simples como um anel.
Ăs como a noite, calada e constelada.
Teu silĂȘncio Ă© de estrela, tĂŁo longinqĂŒo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estĂĄs como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra entĂŁo, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que nĂŁo seja verdade.
Nota: Tradução de poema de Pablo Neruda
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
NĂŁo tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela estĂĄ minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma estĂĄ ligada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,
EstĂĄ no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
Eu sĂł sei que amo verdadeiramente depois de ter esbarrado nas imperfeiçÔes do outro, depois de ter conhecido sua pior faceta e mesmo assim continuar reconhecendo-a como parte a que nĂŁo posso renunciar. SĂł o amor me faz conviver com o precĂĄrio da vida, com a indigĂȘncia humana.
Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou nĂŁo. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez nĂŁo se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. SeqĂŒestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada.
A escuridĂŁo nĂŁo pode expulsar a escuridĂŁo, apenas a luz pode fazer isso. O Ăłdio nĂŁo pode expulsar o Ăłdio, sĂł o amor pode fazer isso.
Que passem os minutos, dias e anos...
Todas as estaçÔes do tempo!
Que eu viva, qual tolo, todas as ilusÔes
pueris de sentimento...
Amar-te-ei, em todas as Ă©pocas,
em todo momento
Que passem as ĂĄguas por muitas pontes
e que debruce a saudade por muitas
serras e montes, amar-te-ei,
como se fosse a primeira vez e Ășnica,
apesar das tantas aventuras!
Ainda além deste céu, nas alturas.
Eternamente...
Ainda que outro alguém o tenha
entre lençóis confidentes,
mesmo que os beijos sejam molhados
e quentes,
Ă parte, nossa alma vaga enamorada,
sobre qualquer prazer da carne ou qualquer
entrega fugaz.
Eternas, apaixonadas
Amar-te-ei, sobre qualquer dor que me pese
o orgulho ferido, o despeito revolvido!
Sobre qualquer punhalada em meu coração,
sobre qualquer distĂąncia a nĂłs imputada...
Porque sei, amor de mim , que ainda assim...
NĂŁo Ă© pequeno o nosso comprometimento.
Ah! Soubessem todos o tamanho!
Pobre carne, pequeno tempo!
A Duas Flores
SĂŁo duas flores unidas
SĂŁo duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Um livro aberto é um cérebro que fala;
Fechado, um amigo que espera;
Esquecido, uma alma que perdoa;
DestruĂdo, um coração que chora.
EU PROMETO
Eu prometo te lembrar todos os dias o quanto eu te adoro
E o quanto vocĂȘ Ă© especial pra mim
Eu prometo enxugar suas lĂĄgrimas
Quando vocĂȘ estiver triste
E cantar e rezar por vocĂȘ todas as noites,
antes de eu dormir
Eu prometo que sempre ao olhar as estrelas
eu lembrarei do brilho de teus olhos
E do quĂŁo maravilhoso Ă© o sorriso teu
Eu prometo um dia estar com vocĂȘ
pra te girar e te abraçar bem forte
E vocĂȘ saberĂĄ o quanto eu amo vocĂȘ
Eu prometo nunca mais me aborrecer com vocĂȘ por besteira
Prometo que sempre vou achar vocĂȘ o maior docinho
Mesmo que vocĂȘ esteja muito, mas muito brava!
Eu prometo ser teu amigo por toda a vida
E que jamais irei magoar vocĂȘ
Porque pra mim o mundo Ă© mais maravilhoso porque vocĂȘ existe!
E vocĂȘ sempre estarĂĄ em meu coração.