Incomoda
Para os inseguros a respeito da própria inteligência, a burrice dos demais os incomoda, mas para os seguros, os compadece.
O silêncio incomoda.
O silêncio é eloquente e, muitas vezes ele me diz coisas que eu não desejo ouvir.
Se você se relaciona amorosamente com uma pessoa que só fala mal dos outros, que se incomoda com tudo que as pessoas fazem, que reclama de tudo, que não sabe se colocar no lugar de ninguém, que acha que ser grato se resume a dizer ‘obrigado’, que só procura as pessoas quando precisa delas, que mantém amizades que em nada acrescentam e descarta aquelas que fazem diferença, que julga os outros mas odeia ser julgada, que até já resvalou na queda da traição, foi perdoada mas não aparenta demonstrar gratidão pelo seu gesto nobre; então talvez - e somente talvez - você não esteja com a pessoa certa. Pessoas assim talvez precisem viver a experiencia da solidão e da superficialidade de relações vazias e amizades meramente entusiásticas por muito tempo antes de conseguirem valorizar uma presença verdadeiramente segura na própria vida.
A solidão não me incomoda.
Incomoda-me o medo
que as pessoas têm dela.
Até para orar
comprimem-se
em multidões amorfas
e berram sua infelicidade
rumo ao nada.
Prefiro seguir só...
Todo aquele que consegue viver na liberdade do Ser incomoda aqueles que vivem acorrentados os padrões estabelecido pela sociedade.
Desejos
Há um desejo dentro de mim, uma coisa que me incomoda, me consome, me perturba ...
Há uma coisa indefinida, que me ferve, me levanta, me derruba e me perturba a cabeça ...
Há um desejo que mete medo, me agita, me deixa avoada, me leva às alturas ...
Há uma vontade de realizar, de me projetar, de existir ...
Uma vontade de acertar, erra, bater cabeça ...
Há uma vontade louca de viver ...
Há o desejo preguiçoso de sair sem rumo, sem bagagem e sem conceitos, sem passado, sem presente, sem mágoas, sem cicatrizes ...
Há ainda o desejo de não tocar na ferida, que ela se abre, sangra e ainda machuca...
Há ainda o desejo de amar simplesmente, pelo simples prazer de amar ...
Há ainda um resto de desejo, de saudade, do teu olhar, da tua boca
Há ainda o desejo de te falar tanto ou de não te dizer nada ...
Há ainda um não sei quê, que ainda quero ...
É ... eu ainda te quero ...
A realização de um sonhador incomoda e vira pesadelo de quem dorme! Mal sabem eles que podem acordar!
O seu sucesso incomoda a muitos por isso que muitos não se manifestam mais sua derrota fazem eles se sentirem superiores.
Se um invejoso incomoda muita gente com a sua estúpida cobiça, três invejosos incomodam muito mais com a cupidez dos bens alheios.
Vem com dedo de veludo e cutuca a alma, não dói, mas incomoda e não quer parar. De vez em quando chega como espinho açoitando sem dó. O que seria essa sensação estranha? Vai junto a qualquer lugar, não desgruda, impele, as vezes irrita. Se sair um segundo, vem a saudade, o medo de perder, o arrependimento por não ter-lhe dado atenção. Simplesmente tem um nome: inspiração...
Monotonia!
Monotonia, dor incômoda e persistente
Sintoma normal do virtualismo insaciável.
Envelhecemos e os mortos se rejuvenescem,
Sem imaginação perdemos a insensatez poética.
O poeta procura ser apenas um anarquista sincero.
Os lógicos procuram contê-los em seus silogismos
Débeis como os chapeleiros que medem cabeças ocas
Não podem habitar os céus dos visionário lunáticos.
Enfadonho claustro dos incessantes cálculos mentais.
Andar por aí, assobiar, cantarolar, esfregar as mãos,
Para os sensatos são atos menores sem causa explicável
Fico com os insensatos que são felizes nas coisas inúteis.
O Poeta é um louco que perdeu tudo, exceto a razão
Ele não importa que o mundo negue seu mundo
Ele não oferece argumentos, o que são premissas?
Ele deposita seus versos no esparramo que é a vida!
O poeta é livre, olha, vê, sente e cria, mata o tédio.
A visão lógica tem o cristalino opaco, cataratas, ranhuras
Estrelas são apenas pontos desconexos na escuridão.
Livrai os poetas de toda lucidez mórbida, Monotonia!
O poeta somente na desordem se sente bem, mergulha
Até nas ruas do paraíso estará descontente, quer viver
Poesia e amor não são ângulos retos, insensibilidade
Precisa experimentar todas as atrações da irrealidade.
Extravagante, ensina a arte da indisciplina do amor
Com ar de desprezo, excita todas as neuroses, amem
Interroga o sentido da vida sem temer o ridículo, ri
Palavras e versos sem emoção= obituários!