Impulsiva
Não sei lidar com perdas. E sou tão possessiva, que até o copo que quebrei semana passada, deixei para jogar fora depois. Ah, é que eu gostava tanto daquele copo de requeijão.
E agora você volta arrependido... Com suas mentiras tão fartas, com orgulho ferido e sem vergonha nenhuma na cara. Te amei até ontem; ou talvez até perceber quantos homens me elogiavam na rua, ou olhar realmente no espelho. Esperei aquela resposta que você ficou me devendo. Aquela decisão que eu sempre soube que não era do seu feitio. A desculpa de que não sabe realmente o que eu quero não me compra mais, nem tão pouco me aluga por algumas horas, como você sempre quis. Andei colocando mais pingos nos ‘is’ do que necessário pra você entender. Tava tão na minha testa, não me leu porque não quis. Nunca vi mal algum em me entregar sinceramente, de alma mesmo, até perceber que você não fazia questão alguma de me receber. Eu procurei, quem na verdade, não queria ser encontrado. Me joguei, pra quem não tava a fim de pegar. Arriscando quebrar a cara mais uma vez, esperando que você me segurasse antes do chão. Quanta decepção. Passou! Agora é sem mal entendidos, sem meio-termo. Mulher pronta assusta né? Eu sei. Antes mulher demais do que atitude de menos. E se eu esperasse uma atitude sua... Bom, a verdade é que eu estaria no mesmo lugar em que estou hoje, as mulheres de atitude também se cansam. E de atitude mesmo, é aquela que não implora por amor, não se contenta com migalhas e mais do que isso, sabe a hora exata de tirar o seu time de campo. E mesmo que tarde, percebi que todas as vírgulas, não foram suficientes pra você se tocar que tava a ponto de me perder. Problemas de pontuação, muita gente tem. Mas entende esse, dessa vez é final.
Adolescente ilude demais. Lembro que quando mais nova, vendo novela pensava: “que casal ridículo, se eles se amam tanto porque não ficam juntos logo?” A vida aos poucos foi me mostrando que não é tão simples assim. Existem formas e formas de amar, e talvez o máximo de amor que você oferece, é o mínimo que o outro precisa. Tem também aqueles que juram amor eterno, e que não conseguem demonstrar por nem um segundo. Ninguém é perfeito. E ao se tratar de relacionamento, cabe a nós escolher alguém cujas imperfeições somos capazes de suportar. Acredito em casais que se amam verdadeiramente, mas que nunca souberam lidar com esse amor, e até mesmo com o outro. Brigam um dia sim, o outro também e não conseguem ficar meio dia separados. Acontece. O importante é saber dosar. Ama tanto, ao ponto de suportar tudo que te faz mal? Se sim, ótimo... só fique longe das armas de fogo e objetos cortantes. Mas caso os momentos de agonia e raiva no relacionamento estejam tornando rotina ao ponto de você não se lembrar quando se sentiu tranquila e feliz com esse amor pela última vez – que é o sentido de estar com alguém – supere. Não é fácil, eu sei. Se fosse, não chamaria superação. É assim mesmo, uma super, mega, hiper ação que você terá que fazer pra esquecer. E o mais importante de tudo, não voltar à decisão achando que dessa vez, será diferente. O amor verdadeiro traz paz, do contrário: superação, das grandes.
Relacionamentos que explodem na cara da gente, e pacificam dois minutos depois com um 'eu te amo'. Quem nunca?
Então quer dizer que do nada ela ficou fria com você? Aham, conte-me mais sobre as faixas de ‘vamos conversar?’, e os sinais de fogo que você insistia em ignorar.
Segundo a Psicologia, as historinhas de criança que você inventa têm nome: fabulação. Se cuida, antes que eu perca a paciência e vá tratar suas ridicularidades pessoalmente.
Estudos comprovam que os caras que mais comemoram a menstruação da namorada, são os que menos tem noção de uma cólica.
Eu sei que comprar um cachorro teria sido mais fácil do que assumir esse relacionamento. Um cachorro não iria perturbar pelo simples fato de não ter respondido uma mensagem. Não reclamaria pelo tempo que teve que ficar me esperando, e muito provavelmente viria até mim com toda empolgação do mundo. E nem sequer brigaria por um vestido curto, ou um amigo que você tem ciúmes. Tá vendo? Isso é amor incondicional. Mas claro que caberia também algumas obrigações como domesticar, cuidar, e vigiar para que ele não faça nenhuma bagunça... Mas ah, isso tudo eu já faço com você. Está resolvido, vou comprar uma cachorrinha. Menos dor de cabeça, mais alegria. Menos perturbação, mais amor incondicional. E pra não se sentir abandonado, compra também. Estou cansada de tentar sozinha. Brigar pelo relacionamento sozinha. Desisto, escolho os cães. Mas vou ter saudades. Que tal levarmos nossos cães para passear juntos todas as noites até se apaixonarem a ponto de não conseguirem ficar um dia sem ver o outro? Eu adoraria caminhar ao seu lado. Eu adoraria receber um amor incondicional.
Então quer dizer que se o mundo acabasse hoje você faria tal coisa? Aproveitaria o dia com fulano de tal? Ótimo. Considerando que não vai acabar, vai ficar na vontade? Estava tentando entender o porquê das pessoas depositarem tantas expectativas em um dia marcado e não se darem conta de que hoje, todos os dias, desde quando você nasceu pode ser sim o último. Nunca se sabe, conscientize disso. Os seus desejos devem ser realizados todos os dias, ou pelo menos dar um passo na direção de alcançá-los. A morte muitas vezes não permite aviso prévio. Portanto todos os dias são dias para perdoar aquela pessoa que estamos brigados e demonstrar mais amor àqueles que são realmente importantes. E se hoje não for o último dia da sua vida, está perfeito. Você ainda tem outro dia pra amar e perdoar mais. O mundo não permite perca de tempo, principalmente oportunidades. Você só viverá o mesmo tempo duas vezes: na mudança do horário de verão e quando faz uma viagem com fusos horários diferentes. E se isso não acontece com frequência, para que você possa refazer tudo que não ficou de acordo, perder todos os segundos do seu dia fazendo coisas que não faria se fosse o último, não é uma escolha inteligente. O fim do mundo é todos os dias. E como a vida faz parte de um script que não conhecemos, hoje pode ser o fim do seu mundo. Aproveite seu último dia.
E foi arrumando meu guarda-roupa que encontrei a nossa caixa. Aquela mesma, que eu guardava nossas fotos, cartas e bugigangas. Tudo já meio velho e com cheiro de passado, acabei mergulhando em sentimentos que hoje não mais me pertencem. Lembrei do início do relacionamento, e o quanto eu era louca por você. Das suas palhaçadas e o quanto a gente sorria juntos. Lembrei também de todas as vezes que você me fez chorar. Quando lutava sozinha por um relacionamento que era pesado demais pra uma pessoa só. E de todas as loucuras que eu fiz, a maior foi tentar amar por nós dois. Lembrei do fim... Ainda bem que existem amigas. Eu sofri sabia? Era como se você tivesse retirado meu chão, e insistisse em sambar sob ele. Quando me abri novamente pro mundo, foi ainda pior. A cada beijo que não se encaixava, a cada garoto que não me fazia sorrir o suficiente pra suprir sua falta, era uma quase recaída com mensagens já escritas salvas no rascunho do celular. E felizmente, sempre que pensava em te procurar, havia uma amiga pra me lembrar dos motivos por a gente não estar juntos. Hoje, eu ainda não encontrei alguém que me marcasse como você, mas sobrevivo bem assim. Na verdade, foi você mesmo quem fez o parto, e me colocou de volta a vida. E esta, me guarda coisas muito melhores. Até mesmo que você. Obrigada por me fazer mais forte do que antes, e mais do que isso, por sair do jogo para que eu pudesse ver que sou capaz de amar muito mais... Minhas queridas amigas.
Banho, roupa apresentável, uma quase arrumação nos cabelos, e lembrar de no meio do dia, entre um compromisso e outro, ensaiar meus melhores sorrisos. O roteiro de todos os dias é esse. As pessoas fazem questão do clichê ‘tudo bem?’ enquanto não estão interessadas na verdade. E ainda se surpreendem com a resposta de que não estamos bem. É como se você tivesse implorado pra falar dos seus problemas. Não! Então meu clichê mesmo, é outro: ‘se não quer saber, não pergunte’. Não sou obrigada a mentir, pra te poupar. Mas pra não ter dor de cabeça com aqueles que não seguem o script, optei pelas cenas mais fáceis: finjo que estou ótima e se você perguntar, ainda confirmo se quer realmente saber. O bom de tudo isso, é que além de descobrir que não as pessoas nem se preocupam com você como imaginava, faz bem pra alma. Umas boas gargalhadas ao longo do dia são capazes de esconder angústias e mais do que isso, deletá-las. Sofre quem tem tempo, e o tempo que tenho livre, to gastando sorrindo. E no fim de todos os dias, mesmo com os problemas sem solução, chego à conclusão de que sou uma atriz muito boa ou ninguém me conhece o suficiente: aposto nos dois.
Aprender a não atravessar o mundo por quem não daria um passo na minha direção. Poupar paciência e evitar frustrações. Preciso.
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