Impulsiva
E foi arrumando meu guarda-roupa que encontrei a nossa caixa. Aquela mesma, que eu guardava nossas fotos, cartas e bugigangas. Tudo já meio velho e com cheiro de passado, acabei mergulhando em sentimentos que hoje não mais me pertencem. Lembrei do início do relacionamento, e o quanto eu era louca por você. Das suas palhaçadas e o quanto a gente sorria juntos. Lembrei também de todas as vezes que você me fez chorar. Quando lutava sozinha por um relacionamento que era pesado demais pra uma pessoa só. E de todas as loucuras que eu fiz, a maior foi tentar amar por nós dois. Lembrei do fim... Ainda bem que existem amigas. Eu sofri sabia? Era como se você tivesse retirado meu chão, e insistisse em sambar sob ele. Quando me abri novamente pro mundo, foi ainda pior. A cada beijo que não se encaixava, a cada garoto que não me fazia sorrir o suficiente pra suprir sua falta, era uma quase recaída com mensagens já escritas salvas no rascunho do celular. E felizmente, sempre que pensava em te procurar, havia uma amiga pra me lembrar dos motivos por a gente não estar juntos. Hoje, eu ainda não encontrei alguém que me marcasse como você, mas sobrevivo bem assim. Na verdade, foi você mesmo quem fez o parto, e me colocou de volta a vida. E esta, me guarda coisas muito melhores. Até mesmo que você. Obrigada por me fazer mais forte do que antes, e mais do que isso, por sair do jogo para que eu pudesse ver que sou capaz de amar muito mais... Minhas queridas amigas.
Banho, roupa apresentável, uma quase arrumação nos cabelos, e lembrar de no meio do dia, entre um compromisso e outro, ensaiar meus melhores sorrisos. O roteiro de todos os dias é esse. As pessoas fazem questão do clichê ‘tudo bem?’ enquanto não estão interessadas na verdade. E ainda se surpreendem com a resposta de que não estamos bem. É como se você tivesse implorado pra falar dos seus problemas. Não! Então meu clichê mesmo, é outro: ‘se não quer saber, não pergunte’. Não sou obrigada a mentir, pra te poupar. Mas pra não ter dor de cabeça com aqueles que não seguem o script, optei pelas cenas mais fáceis: finjo que estou ótima e se você perguntar, ainda confirmo se quer realmente saber. O bom de tudo isso, é que além de descobrir que não as pessoas nem se preocupam com você como imaginava, faz bem pra alma. Umas boas gargalhadas ao longo do dia são capazes de esconder angústias e mais do que isso, deletá-las. Sofre quem tem tempo, e o tempo que tenho livre, to gastando sorrindo. E no fim de todos os dias, mesmo com os problemas sem solução, chego à conclusão de que sou uma atriz muito boa ou ninguém me conhece o suficiente: aposto nos dois.
Aprender a não atravessar o mundo por quem não daria um passo na minha direção. Poupar paciência e evitar frustrações. Preciso.
E o joguinho continua. Você fingindo que está tudo bem, enquanto vibra em saber que sofro com a situação. Confesso que eu realmente sofro. Não por você, de saudade ou vontade de ter de volta, mas sofro por mim. Sofro só de pensar no quanto valorizei, por toda confiança e dedicação depositada em quem não merecia. Me esforcei por nós sabia? Enquanto você não fez questão alguma de dividir sua vida comigo. Hoje, já não sofro nem por mim. E chego a conclusão de que errada não é quem acredita, mas sim quem não tem capacidade de aceitar um sentimento e acha que tudo na vida é brinquedo. Compreensível, coisas de criança.
E como boa menina que sou, darei a você o tempo que precisar. Esperar sentada é uma boa... No colo de outro.
A pessoa diz “calma, a gente resolve isso na hora certa” e eu escuto: vamos deixar pra nos ferrar depois.
Eu já aceitei o fim, só ando trocando todas as palavras por ‘amor’ ou ‘namoro’ no meio das frases, por mera distração.
E chega uma hora que a gente percebe que fez sim tudo errado. Deveria sim ter dado valor. Mais amor quem sabe? Mas percebe também que esse amor e valor só virão pra pessoa certa.
Para de se lamentar garota! No fundo, no fundo, as coisas estão do jeito que estão porque você permitiu.
Toda vez que corto meu cabelo, odeio pra sempre ate me acostumar e crescer de novo. Quando cresce, enjoo, corto e me arrependo claro, jurando não fazer mais, ate a próxima vez! É um ciclo vicioso. Sou mulher.
Tenho pena do próximo que me amar depois da minha vida com ele. Vai ter que imitar todo aquele jeitinho de ser.
Procurar em outros, o que só um no mundo poderia ser pra mim não parece certo, mas é a única maneira para eu ser feliz.
Doeu. E quem é que vai dizer que não? Doeu sim. Por algumas horas.. Qe viraram dias. E no final das contas, a única coisa que eu tinha na vida, foi deixando de ser prioridade. Foi deixando de ser meu, ser eu. Apesar de não esquecer por nem um segundo, eu escolhi não sentir mais. Usava a melhor gargalhada que eu tinha até com o cachorro do vizinho - só pra não dar o gostinho de me verem sofrer. E por favor, não venham me dizer que não era amor. Que culpa eu tenho, se nasci pra enfrentar a vida e ser forte? O fim foi tomando forma de fim lentamente, como deveria acontecer com todas as pessoas. Você foi do tudo, pro nada. Porém não sem dor.
Eu só peço que esses homens nunca descubram realmente o que eu penso sobre eles. Do contrário, morro solteirona.