Impaciência
Calma! Calma! Calma!
Por que pede calma? Se o faz com tanta impaciência.
Calma, enfim vegeta, ilude a ação, inibe o som
Acalme esta vontade de paz e liberte o sentido que traz
Trazendo esse furacão de fazeres que arranca a jornada contínua do ser
Essa vidinha que todos têm, que fazem como sempre, sem fúria
Coloca esta cabeça pesada no travesseiro e dorme como se não houvesse madrugada
Cala olhos, ouvidos e boca, cancela sentidos tão necessários
Medita uma vontade quase exterior
Faz dos medos sono, apenas sono
Traz esse sonho outra vez mórbido, calado
Num pesadelo cada vez mais silencioso
Não continua, mas para! Evita lançar à frente
Não há como ter calma, nem dormir
São três horas dessa batida e sons eufóricos
Dessa balada que não me deixou dormir
Contei até dez!
E o despertador fez o som finalizar o sono!
Ele parou em frente a minha casa e gritava por mim, quanto mais eu demorava, mais impaciente ele ficava... gritava meu nome.... qdo por fim apareci na porta pude vê-lo pelo portão, eufórico com minha presença, sorria e balançava a cabeça, tinha nas mãos um papel... ah mãe, atende, é o carteiro....
Tenho medo da minha impaciência. Ela me incita a afastar cada vez mais pessoas das quais eu realmente gosto. E o pior: sem motivo aparente.
Todos os erros humanos são fruto da impaciência, interrupção prematura de um processo ordenado, obstáculo artificial levantado ao redor de uma realidade artificial.Talvez haja apenas um pecado capital: a impaciência. Devido à impaciência, fomos expulsos do Paraíso; devido à impaciência, não podemos voltar (isso se você acredita nisso).
O último voo.
...num movimento alienado, Aiumy olhou novamente pela janela impacientemente como se esperasse alguém. Estava inquieta e por isso foi buscar um cigarro no criado mudo do seu quarto, respirou fundo e foi caminhando o que lhe pareceu uma maratona. Colheu seu último cigarro do sexto maço que comprara junto de outros cinco a quatro horas. Acabou a munição, pensou consigo mesma, está chegando ao fim.
Sentou-se então na cama para acendê-lo, suas mãos tremiam incontrolavelmente o que dificultou o processo. Quando começou a queimá-lo fechou os olhos como se tentasse acalmar-se, como se fosse conseguir. Contou calmamente até 10 e depois deu uma tragada, pensou estar mais calma, mas a essa altura do campeonato Aiumy não conseguiria relaxar.
A sua frente mirava sua penteadeira desorganizada: quinze tipos de pincéis de maquiagem espalhados por todo o móvel, um curvex, seu estojo de sombras com cinquenta cores diferentes, um estojo de blush com seis tons e ainda 23 batons em todas as tonalidades de vermelho ocupando todo o espaço. Havia também perfumes, Carolina Herrera, Caron's Poivre, Jean Patou's Joy, Imperial Majesty, Chanel n°5, além de infinitos elásticos de cabelos de infinitas cores, grampos com e sem brilho, inúmeras jóias e algumas bijuterias. Por último e não menos visível, uma garrafa de Dom Pérignon vazia e alguns resíduos de sua fuga mais rápida. Alguns papéis, notas fiscais, contas e cartelas de remédio se via por ali também. Acima e refletindo tudo aquilo havia o espelho, que além de suas porcarias refletia o seu rosto cansado o qual não transparecia a tensão que ela sentia no momento.
Em uma tentativa de não enxergar sua desorganização, que sua mãe sempre considerara sintoma de loucura, olhou para o lado. Tentativa frustrada. Agora olhava seu criado-mudo ainda mais desorganizado, livros embaixo de tudo, 4 ou 5 exemplares, Clarice, Drummond, Machado, Nietzche, discos espalhados, pois adorava uma velharia. Ao lado deles seus óculos e a caixa do seu aparelho móvel: ambos inúteis. Muitas bolinhas de papel amassado além de embalagens de barrinhas de cereais de baixa caloria. Havia também o dobro de caixas de remédios, bulas, cartelas, receitas, copos meio vazios e um cinzeiro, o qual não se podia mais enxergar a imagem do fundo, muito menos qualquer outra parte do objeto que carregava bitucas e cinzas de quatro dias.
E agora, uma última bituca.
Acabou-se o cigarro então foi à janela conferir a presença de ninguém. Abriu a porta da sacada e demorou-se admirando as pessoas-formigas lá embaixo, era o vigésimo primeiro andar do prédio. De repente ao longe, talvez vindo da sala - agora não fazia idéia de onde colocara suas coisas - ouviu seu celular tocando Edith Piaf - Non Je Ne Regrette Rien. Irônico. Deixou tocar.
Tocou de novo. Ignorou. Não desistiu. Aiumy foi atender. Não quero, não quero, não quero, pensou alto, mas esqueceu de repetir mais uma vez para ir às quatro direções. Quando chegou parou de tocar, ela respirou e então tocou novamente. Somente de olhar o número não gravado seus olhos se encheram d’água. Não estava armazenado, mas ela sabia exatamente quem era. Atendeu, gritou, respondeu, esperneou. Do outro lado era o contrário: a outra pessoa respondia fria e indiferentemente. Aiumy desligou e jogou o celular no sofá, mas não havia dito adeus.
Olhou pensativa para o sofá, caçou o celular entre os cobertores e restos de comida. Mandou uma mensagem, uma palavra. Desligou definitivamente o aparelho e voltou ao quarto.
Dirigiu-se a penteadeira, sentou-se na banqueta, aspirou a ultima fileira e pensou, quem diria finalmente poderei me livrar desse vício. Olhou-se, e agora em seu rosto manchado de lágrimas transparecia seu sofrimento, porém havia prometido: "vou ser fiel ao rosto que criei". Selecionou suas maquiagens e se pintou, tornou-se perfeita novamente como era (re)conhecida, demorou quarenta e cinco minutos nessa última atividade e esforçou-se para não borrar, nem haver defeitos.
E então correu para sacada, até lembrar-se. Voltou até o criado-mudo, selecionou aleatoriamente uma das bulas, qualquer pedaço de papel serviria e escreveu alguma coisa pequena e somente nas bordas.
Voltou a correr para a sacada. Abriu a porta, apoiou-se com as mãos na mureta e olhou para baixo, ainda na sua incessante busca por ninguém admirando as pessoas-formigas. Pôs força nos braços, ergueu-se e ficou em pé na mureta, equilibrando-se com a respiração que aprendera na ioga.
Aiumy fechou os olhos, sentiu duas lágrimas caindo e seu coração pulando, seus braços se abrindo automaticamente em posição de asas e seu corpo foi despencando lentamente e para quem a entendia, percebeu.
Aiumy não caia, alçava voo.
Freedom(Liberdade)
Não há chave no caminho,
não há chuva sem cantar,
para sentir a impaciência,
do teu impulso de voar.
Não há oceano sem céu,
não há outono sem inverno,
não há paixão sem coração,
não há sentimento tão belo!
Não sei dançar,
Nem tão pouco você.
Cheia de medos,
Pisei nos teus dedos.
Impaciente comigo,
Me pôs de castigo!
Mas noutra dança
Somos par perfeito
Não mate a esperança
Dance comigo até o fim, amor
Não sei o que acontece... Eu o vejo e o fogo aqui dentro borbulha, pulsa, me impacienta nesse frenesi de loucura, desejo e posse. Tenho ímpetos de fechar os olhos e deixar minha boca saciar essa fome de indecência sem me importar com o julgo das criaturas ao redor.
Defensivo não, agressivo! Vejo-me ousado, onde você vê somente impaciências. E, quando você pensa qu'eu tenho falta de coragem, estou apenas abusando da sensatez.
Você, és a coisa mais bela que eu já vi, tou sendo besta, talvez sim, tou impaciente, quero te ver a todo instante, mas, não quero que pense que sou seu perciguidor e quando penso nisso me angustia.
Eu sou meio impaciente.
Vejo o telefone dando sopa e logo disco, redisco, desisto e fico prostrada na frente dele.
“Por que não liga?” - me pergunto já torta de tanto discar e desistir.
O amor deveria ser logo. Para o amor não deveria ter grande espera.
Nota: Há, e o amor também não deveria causar úlceras.
Seus dedos tamborilavam impacientes sobre a bancada da cozinha.
O café fervia e assobiava baixo e sereno.
Cheguei e te surpreendi
com um beijo.
E seus lábios vieram mornos e ansiosos,
como quem vai deixar alguém, como quem se despede.
Amor forte
é amor de despedida –
que beija ardentemente toda vez que toca os lábios.
O medo do
depois torna o
momento intenso – único.
Toquei seus dedos,
ajeitei seu cabelo
e lhe arranhei de leve a nuca.
Sentir seus espasmos
de arrepio e desejo nos olhos só me fez querer-te mais e mais
– a cada segundo.
“Sentir” é o meu maior defeito... Antes pensava que era minha “impaciência” ou minha “intolerância”... Não! É o estado de “sentir” o meu maior defeito...
“Sentir” saudades... “sentir” dor... “sentir” alegria... “sentir” tristeza... “sentir” não importa qual emoção...
Não sei... O meu “sentir” geralmente me faz mais mal que bem...
hoje estou “sentindo” o silêncio... Silêncio da alma, silêncio do corpo, silêncio... simplesmente silêncio...
Não sei lidar com o silêncio dos outros... Nunca soube...
O silêncio de hoje é um dos mais insuportáveis que jamais vivi... É um silêncio presente e extremamente superficial... Tudo de fora esta em silêncio... Superficial silêncio...
Dentro de mim existe uma explosão de palavras, angústias, perguntas que não me deixam em paz... E o “sentir” silêncio é o mais estranho de todos os “sentir”...
De que vale o silêncio de fora se dentro o que tenho é tudo menos silêncio...
Difícil entender e explicar... Entender o silêncio de fora sem julgar, entender quem quer silenciar, entender sem me precipitar, entender sem chorar...
Explicar sem julgar, explicar o silenciar, explicar sem precipitar, explicar sem chorar...
Realmente não sei... Não sei se devo quebrar o silêncio de fora ou se devo calar como quem se silencia...
Tento colher sementes
na flor que inda não brotou.
Talvez eu seja impaciente,
ou talvez meu adubo
não seja o melhor.