Ignora
Houve um tempo, em que seu tempo tinha tempo...
Hoje você vê, ignora e sorrir, enquanto outros choram.
Ignora os fantasmas, não tenhas medo de quem já não está entre os vivos, preocupa-te com as palmadinhas que realmente sentes nas costas, nem sempre são provenientes de relacionamento amistoso.
Eu deveria te dizer que dói toda vez que você me ignora na frente de seus amigos.
Deveria te dizer que não sou uma boba
Deveria te dizer que estou cansada e quero me afastar.
Deveria te dizer que fico absolutamente triste quando diz que é só pegação.
Eu deveria te dizer.... Não, eu não deveria te dizer nada, apenas sumir, fingir é ignorar você, deixar o tempo cuidat de tudo.
Mas eu não consigo e nem quero sair de sua vida, mesmo q isso me traga dores profundas no peito.
Adoro quando escancaro meus fingimentos mais sinceros e você ignora os padrões os quais devo me encaixar.
Temos o mesmo segredo, inconfessável e contraditório, de uma urgência daquilo que nunca se teve.
Quem é tão inflexível não demonstra humildade e não é bem-visto pelos outros, já que ignora o significado de união, perdão, bem comum. A teimosia tem cheiro de insensatez e de rebeldia, enquanto a obediência lembra prudência, luta, trabalho, dedicação e vitória.
O descaso diante da realidade nos transforma em prisioneiros dela. Ao ignorá-la, nos tornamos cúmplices dos crimes que se repetem diariamente diante de nossos olhos.
Das paredes orgânicas da minha progenitora
Tanta coisa se passou, minha memória não ignora
Quatro quilos e duzentos gramas quando cheguei cá fora
Bebé saudável e passei pela incubadora
Noventa e quatro é o ano, Agosto se não me engano
Hospital Central de Maputo, parto cesariana
Mãe crente, de uma família carente
Dono do feto ausente, conheci o amor materno somente
Filho único educado a respeitar não pelos bens
Respeitas-me, respeito-te, não pelo que tens
Brincava na rua das sete às dezassete
Com os amigos, descalços, sem camisete
Luta punho a punho, não havia canivete
Conversas cara a cara, não tínhamos internet
Ao anoitecer, telejornal, novela e cama
Mata-bicho pão com «badjia» raramente havia Rama
Cresci a jogar tétulas, não tinha Super-Mário
Carrinhos de arrame, sem bolo no aniversário
Fiz um rolamento, chamaram-me engenhoca
Bilhares de papelão, minha imaginação era louca
Época de férias metia o pé até a praia
Nunca sozinho sempre com amigos da mesma laia
Nando e Hipólito, Lima, Acácio e Caló
Companheiros de infância nunca estivemos só
Fazíamos casinhas, brincando de Papá e Mamã
Todos disputávamos para o papel de Papá
Diferente de uns, nunca fui a creche
Aprendi sozinho a não mexer o que não se mexe
O vício pelo dinheiro não bateu a minha porta
Mas a necessidade sim, o motivo pouco importa
Comecei a vender sucatas ao pé do cinema «Charlote»
Semanalmente tinha que conseguir outro lote
A rua foi a escola, meus amigos os meus docentes
Meus familiares próximos também estiveram presentes
Na construção da personalidade e na minha educação
Palavras não bastam, agradeço-vos de coração
Por cada lição dada com dedicação
Por cada punição a cada má acção
Por cada correcção, por cada «sim» e «não»
E por tudo que não posso dizer nesta ocasião.
Amo uma mulher, mesmo que ela não me aceite, guardarei oque é dela. Enquanto ela me ignora, torcerei por sua felicidade enquanto tento cercar-lá com meu amor
“O sábio de vez em quando ignora as pessoas e os acontecimentos que o cercam. E por ignorar mantém-se sábio.”