Horizonte
em meus momentos de mar, solífugo, a evitar o sol,
as ondas submetendo a proa, olhava o horizonte...
sereias labializavam meu nome,
o navio a extraviar-se, agonizava a silhueta,
e a melancolia era a tinta
para pintar os meus naufrágios.
É através da contemplação dos pequenos milagres diários que alargamos o horizonte do olhar para apreciar os grandes.
Andar e ver o horizonte é uma motivação aos olhares, o silêncio da Floresta é o respirar do mundo, a água do rio é o sangue da nossa esperança. A natureza é muito bela, além de ser linda ela nos mantém vivos.🌻
A vastidão do horizonte impede de medir o tamanho de uma dor, onde se mistura junto com uma saudade.
A Taça
Lá bem longe, onde o horizonte descansa e o vento faz a curva e a vista nunca alcança e imaginação descreve, tem uma cidade e no seio dela há um mercado que vende todas as intenções.
Há cheiros saborosos, paladares indescritíveis e ideias nunca despidas e negócios sem questão de pendências.
As portas se abriam ao último vento frio das madrugadas e se encerravam ao findar e ao tremular a última questão.
Junto ao burburinho ela adentrou a procurar algo mais que o destino guardara e o desejo não lhe proporcionara. Revirou não encontrou e na saída viu uma velha maltrapilha com uma taça cravejada de pedras preciosas, bordada com filigranas de ouro.
Teve piedade e se condoeu por ela, velha, sozinha e na sua bagagem somente a taça.
Foi depositar uma moeda em seu xale esparramado pelo chão e a velha sussurrou.
— Não preciso de esmola.
— Então me vende esta taça quanto custa? Quero ajudá-la.
— Quero uma morte digna, um teto cheio de palavras amorosas, ouvidos curiosos para que eu possa contar minha viagem e mentes sem julgamento para desdobrar minha bagagem.
— Mas o que esta taça guarda em segredo para que eu possa levá-la e a você em minha história?
— Se beber o que ela contém, terá a solução de todas as suas perguntas.
Respostas que nunca achará em livros e a inteligência de ninguém vai verbalizar para acalmar seu coração.
— Vou pensar, consultar as entrelinhas, volto logo.
— Estarei aqui, pode ir à diversidade desse mercado que não vai preencher seu coração.
Caminhou lentamente de coração vazio entre as sedas macias e esvoaçantes do mercado. Não se encantou com as suas cores alucinantes.
Colocou nos dedos anéis fabulosos de pedras facetadas e lapidadas mas que não contornavam nem de longe as curvas de sua insatisfação.
Observou os mágicos, mas sabia de todos os seus truques. Comeu quando o estômago desejou, mas não houve surpresa no seu paladar.
Sentiu o perfume absorvido de toda a ciência e alquimia, mas seus cheiros não descortinam nenhuma lembrança.
Ficou cansada, tinha que voltar, sua ausência estava expirando, voltou à velha:
— Eu compro esta questão.
E foram para casa e a viagem apenas começou.
Todas as manhãs, em sua cama profundamente macia em sua tenda com tudo o que era sua conquista, abarrotada de troféus dependurados e perfumados e os dedos cheios de anéis diplomados, bebia da taça e sua mente se abria, clareava e tinha a solução de todas as questões.
Mas o tempo soprou e as dunas mudavam de paisagem e o que era ontem, hoje tinha outra face e o que era absoluto ontem, hoje de nada valia e as questões iam e vinham, passavam mas não encontravam repouso, resolução não terminavam, caiam feito goteiras, cada dia em lugar diferente.
Ela se irritou; tudo tinha que acabar. Queria um mundo soprando fresco em sua face, absoluto, sem discussão de nada.
Foi à velha reclamar.
— Bebo da taça velha, todos os dias e quanto mais bebo mais goteiras perturbam minha calma, você iludiu meus pensamentos e minhas melhores intenções, onde mora a solução finita de todas as minhas angústias?
— Você tem que beber da outra taça.
— Onde está a outra taça?
— Eu bebi tudo o que nela continha e a manuseei tanto que ficou gasta, fina, transparente, trincou as bordas e a haste
esfarelou e virou areia que o vento do deserto sopra.
— Velha você me enganou e me vendeu ilusão. Qual a verdade que mora nesta taça ou vai me vender à prestações? Vá ao deserto agora e diga ao vento para juntar todos os fragmentos e monte outra taça porque eu quero beber dela.
— Isto é impossível! Não posso recolher palavras de uma vida, não posso relembrar de todos detalhes. Na verdade tudo que bebi habita comigo, me escute.
— Não tenho tempo.
— Então não tem sabedoria, "o saber” leva tempo saber: é uma consulta longa e o diagnóstico, a conclusão, é sem tempo exato.
— E o que faço com a senhora, a jogo nas esquinas?
— Eu sou taça, a sabedoria que você tanto procura não vai acalmar suas decisões e não vai ser taça se não me escutar. Vai ser areia triturada do deserto e nem vai saber onde ficar quando envelhecer: vai vagar, perambulando, rodopiando feito areia sem dar a ninguém o seu recado.
Tem que reescrever e solucionar todos os dias. Todas as horas. E o mundo vem, pisa em cima de suas intenções e você novamente reescreve. Deixa seu rastro. Sua Verdade. Sua Sabedoria. Sua persistência.
Por que quem vive muito, rejuvenesce nos ouvidos de quem escuta.
E o ou vinte amadurece.
Alcança cheiros, sabores, paladares indescritíveis, amadurece na procura e aprende que além dessa taça existe outra e esta não está à venda mas dela todos podem beber se você tiver fé na sua sabedoria.
Dentro dela há a esperança que encurta todos os caminhos.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Meu espirito fala puramente ao universo
Meu destino observa o horizonte de minha escolha
O movimento excêntrico da paixão
Encosto sutilmente na cereja silenciosa
Entrego-me
Sentindo perfume misterioso do amor...
Na delicadeza das minhas palavras e gestos sempre demonstrei ser uma pessoa distinta.
No horizonte dos meus pensamentos sempre trago um pouco da luz de quem me norteia.
Na força do meu olhar procuro propagar, que não há nada mais "distinto e iluminado" do que o sentimento de amor próprio e ao próximo.
"
Flávia Abib
Verde no horizonte
Das alturas vejo em meio
A destruição
Sujeira
Pecado
Pequenos traços verdes
Parece que consigo pega-los com as mãos
Parece tão perto...
Mas não posso ir lá
No meu paraíso
Lá não há dor
Pecado
Sofrimento
Humanidade
Lá é livre de todos os males
Se eu pudesse ir até lá
Descansaria
Deus como quero descansar!
Mas o verde é ilusório
Onde o homem estiver
O mau vai estar a espreita
Procurando brechas
Pará se manifestar
O homem cura
Mas tem medo de segurar
Uma navalha nas mãos
Como confiar?
É mesmo que esse verde
Puro, limpo, sagrado
Imaculado
Estivesse em meu alcance
O sofrimento me alcançaria
Pois onde eu estiver
A dor me alcançará
A humanidade há em mim.
Limpa minha mente Mestre!
Ela ferve como uma chaleira,
Coloca um pano frio e úmido
Sobre minha testa
O vapor é a prova de que fui
Curado
Eu quero me transformar no Verde
Me fundir a ele no horizonte!
Ser imaculado como ele
Impõe as mãos sobre mim!
Tira a humanidade de mim !
Tira o instinto !
Me faz superar a bestialidade!
Transforma minha mente
No jardim do éden
Antes do homem chegar.
O sol desponta no horizonte
Suntuoso, poderoso, resplandecente
Reluzindo as cores do arrebol
A exuberância desse instante
Traduz a possibilidade real
E única da existência
Reafirma a dádiva da vida
A magia do recomeço.
Insensatez
Intensidade
não há limites
se busca estimulo
nesse horizonte
singular de amplitude
turbelento de erros.
HORIZONTES
Ao olhar a linha do horizonte
parece que a terra ali termina,
mas se eu chegar naquele lugar,
outro horizonte se descortina...
Assim é vida e suas trajetórias,
quando nos parece que tudo se finda,
novos episódios formarão a história,
talvez, com uma aurora ainda mais linda.
Enquanto a vida habitar no ser
haverá esperança, haverá porvir,
haverá motivo pra não desistir,
brilhará a dádiva do viver...
Quem dera ser horizonte
Num dia poder escolher ser céu,
Noutro pedaço de terra no cume de um monte!
O olhar paira a aura branco cinza que se esbate sobre o planalto do horizonte, lá longe, longe de o encontra, longe de o tocar invejando o sentido do seu propósito de ser. Limite entre todo aquilo que existe e tudo aquilo que não existe dentro do coração da gente. Linha fina, infinita, que não se aumenta nem diminui, vectorial dentro de de mim onde eu desenho um ou dois... Universos!
Quem, um dia, observou o meu olhar sobre o horizonte saberá:
as minhas saudades não têm calmaria
estão sempre em devir
E dói
tanto que não caibo em casa,
fico acostado no limiar da porta
desejando algo mais.
Vida de mar
Madrugada Balançando nas ondas
Que atras de horizonte escondas
Sobre cada tempo que for traçoeiro
E debaixo de um nuvem chuveiro
Buscando a vida diante do perigo
Tempestade é meu grande imimigo
Provoca me calafrio no meu umbigo
Esperança é no farol que eu abrigo
Distanciando da terra a muita milha
Sobre o perigo que os olhos nao brilha
Lutar pelo sustento da minha familia
Entre ondas bravas igual a armadilha
Esta e a Vida de um regresso incerto
Algo em comum entre mar e deserto
Nosso sexto sentido sempre esperto
Nas dificuldades que se preve é certo
ElyseuDiMaria
"Eu gosto quando as pessoas riem ao meu lado e comigo - a alma espande-se e o horizonte fica mais palpável"