Homenagem a Alguém que Amamos e Morreu

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Felicidade é alguém para amar, algo para fazer e algo para aspirar.

Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi -na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Amor-próprio e orgulho são coisas totalmente diferentes. Não confunda. Você ir atrás de alguém após uma briga, sabendo que está errado, é passar por cima do seu orgulho. Agora se humilhar constantemente por causa de alguém, é falta de amor-próprio.

Estar apaixonado é querer dividir o dia-a-dia, mesmo que sejam coisas comuns. Se feitas com alguém amado, se tornam especiais.

Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém...

Alguém que vive dentro de suas possibilidades sofre de falta de imaginação.

Essa sensação estranha de sempre precisar de alguém. Alguém pra conversar, alguém pra me fazer rir ou só alguém pra não me deixar chorar.

Você tem um bom coração. Entregue-o para alguém que se importe.

É duro não ser nada na vida de alguém, que é tudo na vida da gente.

Sempre só. Eu vivo procurando alguém que sofra como eu também, mas não consigo achar ninguém.

Quando alguém passa a mão no pêlo de um gato, ele ronrona. Da mesma forma, quando se elogia um homem, seu rosto reflete um doce enlevo e alegria.

O fato de que sou escritora: uma mulher escritora, não uma dona-de-casa que escreve, mas alguém cuja existência, em sua totalidade, é comandada pelo ato de escrever.

Quero um amor sossegado. Alguém para me abraçar, assistir um filme, jogar baralho, viajar, conversar, contar o dia, fazer cafuné, dar apoio, confortar. Quero troca, carinho, respeito, cumplicidade. O amor é uma amizade sem inveja. É um sonho com realidade. É uma realidade sem photoshop. O amor é um abraço apertado, um olhar que se encontra, um silêncio que não incomoda, um barulho de onda, um gosto bom. Não tem serenata, mas tem bilhetinho dentro da bolsa. E rotina, cansaço, discussão, divergências de opinião. Mas, acima de tudo, tem paciência. E vontade.

Dificilmente existirá alguma coisa nesse mundo que alguém não possa fazer um pouco pior e vender um pouco mais barato, e as pessoas que considerem somente preço são as merecidas vítimas.

Enquanto escrever e falar vou ter que fingir que alguém está segurando a minha mão.

Clarice Lispector
A paixão Segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Se me oferecessem a Sabedoria com a condição de guardar só para mim, sem comunicar a alguém, não a quereria.

O meu desejo é profundo demais pra falar e o que eu penso é difícil de alguém entender.

Está tudo tão estranho, tão monótono, tão tedioso. Falta algo, falta alguém.

E se um dia eu mudar, quero que todos tenham certeza que eu mudei por mim, e não por alguém.

Se você precisar de alguém para conversar ou para não conversar, conte comigo para qualquer um dos dois.