Era uma vez numa aldeia, um comerciante muito, muito rico, mas que tinha como sua maior riqueza sua família. Ele tinha uma esposa que amava mais que tudo e uma filha que era o orgulho de seus pais. Esse filha se chamava Cinderela.
Um dia, a mãe de Cinderela ficou terrivelmente doente. Percebendo ser hora de se despedir, ela chamou sua filha para dar sua bênção. Suas últimas palavras para Cinderela foram “Seja corajosa e gentil” e assim, mesmo triste, a menina teve forças para continuar.
Desde então, todos os dias, Cinderela visitava o túmulo de sua mãe para conversar sobre seu dia, pedir conselhos ou simplesmente passar o tempo.
Sendo um comerciante de muito sucesso, o pai de Cinderela fazia longas e demoradas viagens e, ao regressar de uma destas, chegou não apenas com os presentes de costume, mas com uma esposa e duas novas irmãs para Cinderela. Ele contou ter se apaixonado perdidamente e que não poderia deixar passar essa nova chance de ser feliz.
A madrasta da Cinderela, no entanto, era cruel e ambiciosa. Ela e suas filhas tinham inveja de Cinderela e aproveitavam as muitas ausências de seu pai para a maltratar e humilhar, a obrigando a fazer todos os serviços da casa sozinha. Elas a chamavam de Gata Borralheira. Apesar de tudo isso, Cinderela não contava nada ao pai quando ele voltava. Via o amor de seu pai pela madrasta, lembrava de seu sofrimento quando a mãe havia morrido, e temia se sentir responsável por outra desilusão.
Um dia, o pai de Cinderela estava se preparando para uma nova viagem e perguntou a cada uma das garotas o que gostariam da cidade. As meias-irmãs de Cinderela logo pediram joias e vestidos de todos os tipos e cores, mas Cinderela só queria o pai de volta o mais breve possível, e pediu apenas que ele trouxesse um ramo de oliveira.
O pai voltou e com ele trouxe todos os presentes. Após um longo abraço em seu pai, Cinderela, com o ramo de oliveira nas mãos, correu para o túmulo de sua querida mãe e o plantou lá. Pouco tempo depois, o pai de Cinderela acabou por se juntar à sua mãe.
A menina agora estaria por conta própria, ou pior, inteiramente aos cuidados de sua cruel madrasta.
Cinderela continuava a visitar o túmulo de sua mãe, onde agora seu pai também estava enterrado. Contava de seu sofrimento e angústias, e suas muitas lágrimas iam regando aquele ramo de oliveira com tanto amor e entrega que ele acabou se transformando na mais linda árvore já vista na aldeia.
Certo dia, o Rei anunciou uma festa de três dias para escolher a futura esposa de seu filho. As duas filhas da madrasta ficaram eufóricas e passaram a semana planejando penteados e escolhendo qual dos muitos vestidos iriam usar. Cinderela não tinha vestidos de festa, mas não lhe faltava habilidade. Quando todos iam dormir, costurava com cuidado e capricho aquele que seria seu passaporte para um mundo novo. Ela sonhava em conhecer os salões reais e quem sabe, por pelo menos um dia, poderia esquecer aquela vida de tristezas e solidão.
Quando chegou o dia, para impedir Cinderela de ir ao baile, a madrasta exigiu que ela arrumasse toda a casa. Com a ajuda de pombinhas e passarinhos, ela conseguiu arrumar tudo faltando apenas uma hora para o baile. Mas a madrasta não apenas bagunçou a casa novamente como encontrou o vestido de Cinderela e o entregou para que suas filhas o destruíssem.
Já sem esperanças, Cinderela foi até a oliveira plantada no túmulo de seus pais e se lembrou de uma história que sua mãe gostava de contar para a fazer adormecer. Fechou os olhos e lembrou da história que falava de uma fada mágica que atendia aos desejos de corações que fossem corajosos e gentis. De repente, uma linda fada apareceu bem diante de seus olhos e, adivinhando seus desejos, a vestiu como uma verdadeira princesa.
No baile, Cinderela impressionou a todos, especialmente ao príncipe, que dançou com ela a noite inteira. Sua madrasta e irmã a viram, mas era impossível reconhecê-la naqueles trajes tão elegantes. Quando estava perto do fim do baile, Cinderela entendeu que precisava ir embora, afinal era urgente que chegasse em casa antes de sua família. Na segunda noite de festa, Cinderela esperou que suas irmãs e madrasta saíssem e, mais uma vez, com a ajuda da fada, chegou ao baile ainda mais bela do que antes. O príncipe dançou com ela mais uma vez, mas antes da meia-noite, ela precisou ir embora.
Na última noite, tudo se repetiu. O príncipe não apenas dançou com ela como esteve ao seu lado durante todo a noite. O baile estava quase no fim. Cinderela estava tão envolvida com o jovem príncipe que quase não percebeu que suas irmãs já estavam indo embora. Com medo de ser descoberta, Cinderela mal chegou a se despedir. Correu pelas escadarias e, na pressa, deixou um dos seus sapatinhos de cristal para trás.
O príncipe, apaixonado por aquela moça tão misteriosa quanto encantadora, guardou aquele sapatinho como seu maior tesouro. Mal o sol nasceu, foi dada a ordem para que todas as jovens do reino estivessem à disposição para experimentar o sapato e, aquela em quem ele coubesse, se ela assim quisesse, seria a nova princesa.
Quando chegaram à casa da Cinderela, a irmã mais velha insistiu em experimentá-lo primeiro, mas seu pé era muito grande. A mãe a obrigou a colocá-lo à força, mas o príncipe logo percebeu que ela era uma impostora. A irmã mais nova também tentou, mas seu pé também era grande demais.
Finalmente, Cinderela experimentou o sapato, que encaixou perfeitamente em seu pé. O príncipe reconheceu Cinderela como aquela com quem havia dançado no baile por três dias e a pediu em casamento no mesmo instante. Cinderela aceitou e desde então viveu feliz para sempre!
Interpretação e moral da história 📚
A história da Cinderela, também conhecida como Gata Borralheira, nos mostra como as aparências enganam e como as virtudes de uma pessoa são mais importantes do que a beleza.
Apesar das filhas da madrasta possuírem belos vestidos para irem ao baile, suas personalidades eram feias e não agradaram o príncipe. Por outro lado, Cinderela manteve a promessa que tinha feito à mãe: ser sempre corajosa e gentil.
O príncipe encontrou em Cinderela a princesa perfeita. Apesar de estar suja e não possuir títulos de realeza quando o príncipe calçou-lhe o sapato, Cinderela descobriu que a bondade e a honestidade eram virtudes mais importantes para ele.
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