Era uma vez, em um reino distante repleto de magia e encanto, uma jovem chamada Bela. A aldeia onde ela vivia era conhecida pela beleza natural e pela gentileza e simpatia dos habitantes. Bela se destacava não apenas pela aparência, mas principalmente pela bondade e paixão pelos livros e histórias.
Não tão distante dali, no coração da floresta, havia um castelo, lar da Fera, uma criatura feroz temida por todos. Eram muitas as histórias contadas sobre o castelo e seu habitante assustador, mas ninguém tivera a coragem de comprová-las. Um terrível feitiço havia transformado o príncipe que ali vivia em uma criatura peluda e feroz. Diziam que a única maneira de quebrar o feitiço era se a Fera fosse capaz de encontrar alguém que pudesse amá-lo apesar de sua aparência.
Bela vivia feliz na companhia do pai, dos dois irmãos mais velhos e de seus muitos livros. Seu pai era um homem muito respeitado na aldeia e trabalhava como mercador.
Um dia, ele precisou fazer uma longa viagem de negócios. Ao voltar para casa, já cansado da viagem, decidiu pegar um atalho pela floresta, mas foi apanhado por uma terrível tempestade. Perdido, o pobre homem entrou em desespero. Não via nada além das altas torres do tal castelo enfeitiçado. Ele conhecia bem todas as histórias sobre a Fera, mas não havia outro lugar em que pudesse pedir ajuda naquele momento.
Com cuidado, ele se aproximou dos portões do castelo, respirou fundo, pensou em sua doce filha e se encheu de coragem. Contava com a sorte de encontrar ali qualquer ajuda para regressar quando foi surpreendido pela criatura mais assombrosa que se poderia imaginar. A Fera o capturou e o prendeu no alto do castelo, afastando-o de todo e qualquer contato com o mundo exterior.
Os dias se passaram, e Bela começou a sentir falta do pai. Não era raro que ele acabasse se atrasando em suas viagens, mas o pai nunca havia passado tanto tempo longe.
Os irmãos de Bela tentaram tranquilizá-la. Diziam que sair pela estrada era perigoso e que o pai logo estaria de volta. Que não valia a pena correr aquele risco. Mas Bela, corajosa e determinada, não deu ouvidos a eles. Decidiu partir em uma jornada solitária para encontrar seu pai, mesmo com os protestos dos irmãos.
Na floresta, Bela se sentiu só e chorou pela primeira vez desde a partida do pai,. Seu coração estava cheio de medo, mas a saudade e o amor que sentia pelo pai era maior do que tudo. Ela enxugou as lágrimas, seguiu adiante e logo estava bem de frente ao majestoso e assustador castelo da Fera.
Assim como o pai fizera dias atrás, Bela entrou pelos portões do castelo com cuidado, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Fera, no entanto, com seu instinto animal, logo percebeu aquela estranha presença. Aproximou-se de Bela, pronto para capturar mais aquela intrusa quando, de repente, a jovem se virou e seus olhos se cruzaram num longo e profundo olhar.
Diferente do esperado, Bela não teve medo. A Fera, incomodada com aquele olhar tão intenso e corajoso, recuou, cobrindo o rosto com as mãos. Mas Bela continuou imóvel, encarando aquele ser que, para ela, não tinha nada de assustador. Pelo contrário, ela enxergou uma força majestosa na Fera e, de alguma forma, se sentiu comovida com seus gestos e sua aparência.
A cena era mesmo inesperada e, por uns segundos, o tempo pareceu congelar. Então, Bela se aproximou gentilmente da Fera, contou detalhes da busca e perguntou se, por acaso, o pai não havia passado por ali. Num instante, como que saído de um transe, a Fera, em silêncio, foi até o alto da torre, libertou o velho homem e o entregou a Bela. O homem, assustado, segurou o braço da filha, com pressa para deixar o castelo. Enquanto escapavam pelos portões, Bela não conseguia evitar olhar para trás, consciente de que deixava algo único e precioso para trás.
Após aquele encontro inesperado, Bela não conseguia tirar Fera da mente. Cada detalhe daqueles momentos parecia gravado em sua memória, tão irreais como se tivessem saído de um de seus livros. À medida que o tempo passava, ela percebia que algo dentro dela havia mudado, algo que a ligava de uma maneira inexplicável àquele ser intrigante.
Enquanto isso, Fera também não parava de pensar naquela corajosa e misteriosa jovem. A presença dela havia trazido esperança a sua solitária existência no castelo. Ele recordava a gentileza de Bela ao se aproximar, a maneira como ela contou sobre a busca e como seu coração acelerou quando libertou o pai dela. Aquelas memórias pareciam dissolver as sombras que envolviam seu coração.
Enquanto as semanas se transformavam em meses, Bela não conseguia resistir à atração que a levava de volta ao castelo. Acabou tomando uma decisão: iria voltar ao castelo, não mais movida pelo medo, mas por um desejo intenso de saber mais sobre aquela criatura tão única que tinha marcado sua mente e seu coração. A Fera recebeu Bela com surpresa, mas, principalmente, gratidão. Jamais poderia esperar que alguém, por livre e espontânea vontade, escolhesse estar em sua presença.
Daquele dia em diante, as visitas de Bela ao castelo tornaram-se mais demoradas. Entre muitas histórias, confissões e risadas compartilhadas, um vínculo especial florescia entre Bela e Fera. O castelo, outrora sombrio e triste, ganhava vida com a luz de uma amizade improvável.
Com o tempo, o coração de Bela começou a pulsar com um amor verdadeiro por Fera. Em um dia comum, enquanto ela lia seu poema favorito, algo mágico aconteceu. O feitiço que aprisionava Fera foi quebrado, revelando um príncipe encantador. O castelo, agora iluminado por uma aura de redenção, testemunhava a transformação do príncipe.
Bela e o príncipe viveram felizes para sempre, lembrando a todos que a verdadeira beleza está no interior, na bondade e na compreensão. E assim, o reino continuou a prosperar, celebrando a magia do amor que uniu Bela e a Fera.
Interpretação e moral da história
A história da Bela e a Fera traz a poderosa lição de que a verdadeira beleza vai além das aparências, e o amor verdadeiro consegue transformar até mesmo as situações mais sombrias em contos cheios de encanto e felicidade.
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