Herói

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Quem vence a si mesmo é um herói maior do que quem enfrenta mil batalhas contra muitos milhares de inimigos.

Mais vale um homem lento à cólera do que um herói, e um homem senhor de si do que o conquistador de uma cidade.

Textos Bíblicos
Provérbios 16:32

Mostre-me um herói e eu escreverei uma tragédia.

Basta um dia para se tornar um super-herói, mas é necessário uma vida inteira para se fazer um homem de bem.

Um herói é um indivíduo comum que encontra a força para perseverar e resistir apesar dos obstáculos devastadores.

Todo o herói torna-se chato.

O verdadeiro herói é aquele que faz o que pode. Os outros não o fazem.

O homem em tempo de guerra chama-se herói. Pode não ser mais corajoso e fugir a toda pressa. Mas, ao menos, é um herói que bate em retirada.

Se matamos uma pessoa somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis.

Charles Chaplin
Monsieur Verdoux (1947)

E se eu não for um super-herói? E se eu for o vilão?

Se há algo de que eles gostam mais do que um herói é ver a queda de um herói.

Green Goblin
Homem-Aranha (2002)

O verdadeiro herói é aquele que faz o que pode.

É, eu sou o herói, o mito. Sou o não mimado, o que não se vendeu. Minhas cartas são vendidas por 250 dólares lá no leste. E eu não consigo comprar um saco de peidos.

Por que quero fazer de mim um herói? Eu na verdade sou anti-heroica. O que me atormenta é que tudo é "por enquanto", nada é "sempre".

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão.

Não quero ser um herói, heróis dividem sua bebida...

Se o herói mudasse, se tornaria uma nova historia.

Quando somos crianças, nos ensinam a distinguir entre um herói e um vilão, o bem e o mal, um salvador e uma causa perdida. Mas e se a única diferença real for quem está contando a história?

NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

Eduardo Alves da Costa
Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século', organizado por José Nêumanne Pinto, pag. 218.

Nota: Niterói, RJ, 1936. A autoria do poema tem vindo a ser erroneamente atribuída a Vladimir Maiakóvski. O poeta Eduardo Alves da Costa garantiu que Maiakóvski nada tem a ver com o poema, na Folha de São Paulo, edição de 20.9.2003.

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Todo mundo falha em ser quem deveria ser. O valor de alguém, de um herói, está em conseguir ser quem realmente é.