Haicai de Paulo Leminski
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Temporal
Fazia tempo
Que eu não me sentia
Tão sentimental
hoje à noite
lua alta
faltei
e ninguém sentiu
a minha falta
Com nada, já dá para começar.
Quando nos vênus,
juro a marte.
Cuidado com o que não muda. Aqui fiquemos. Aqui acontecem coisas.
En la lucha de clases
todas las armas son buenas
piedras
noches
poemas
prazer
da pura percepção
os sentidos
sejam a crítica
da razão
não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino.
nada me demove
ainda vou ser
o pai dos irmãos Karamazov.
nu como um negro
ouço um músico grego
e me desagrego
Morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma.
entre a dívida externa e a dúvida interna
meu coração
comercial
alterna
duas folhas na sandália
o outono
também quer andar
“Pra que cara feia?/ na vida,/ ninguém paga meia.”
Amando,
aumenta
até duas mil vezes
o tamanho.
Para limpar lágrimas, uma
lápide.
A poesia é A LIBERDADE da minha LINGUAGEM
beija
flor
na chuva
gota
alguma
derruba