Ha Menina Apaixonada por Rosa

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Lá onde a identidade individual se apaga, não há nem punição nem recompensa.

Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas,que esperam por nós
E outras frágeis, que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.

Em Março de 79

Farto de todos aqueles que com palavras fazem palavras mas onde não há uma linguagem;
Dirigi-me para a ilha coberta de neve.
A veação não conhece palavras.
As páginas em branco dispersam-se em todas as direcções.
Eu dei com vestígios de cascos de corça na neve.
Linguagem, mas nenhuma palavra.

Não há quem apresse mais os outros do que os preguiçosos depois de haverem satisfeito a sua preguiça, a fim de parecerem diligentes.

Há bons casamentos, mas deliciosos não.

Não há baliza racional para as belas, nem para as horrorosas ilusões, quando o amor as inventa.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Amor de Perdição, 1862

Há imensas pessoas que confundem a imaginação com a memória.

Não há crise de combustível, há excesso de automóveis.

Há uma medida nas coisas; existem enfim limites precisos, / além dos quais e antes dos quais o bem não pode subsistir.

Há mulheres com quem fazemos amor, outras com quem falamos.

Não há uma felicidade tal, que te sintas sempre satisfeito.

Há os livros que antes de lidos já estão lidos. Há os que se lêem todos e ficam logo lidos todos. E há os que nos regateiam a leitura e que pedimos humildemente que se deixem ler todos e não deixam e vão largando uma parte de si pelas gerações e jamais se deixam ler de uma vez para sempre.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Há muitos homens que se queixam da ingratidão humana para se inculcarem benfeitores infelizes ou se dispensarem de ser benfazentes e caridosos.

Não pode haver graça onde não há discrição.

Numa situação intensa não sabemos que dizer. Para isso é que há o formalismo do silêncio, traduzido num abraço de emoção ou nos «sentidos pêsames» sem emoção nenhuma.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Há na amizade uma perfeição à qual poucas mulheres são acessíveis.

Não há cinquenta maneiras de combater, há apenas uma: a do vencedor.

Não ha coisas úteis ou inúteis: a medida do seu valor está em nós.

Não há ofensa que não perdoamos, depois de nos termos vingado.

Há pessoas que nunca se despem do seu orgulho. Até ao recordarem os seus erros fazem-no com rapidez.