Guitarra
Depois que eu vi ele tocando guitarra e a Janis cantando, era muito parecida a distorção da guitarra dele com a distorção da voz da Janis, era uma coisa super diferente da época, e isso me deu uma ideia de liberdade, de raio, de libertação, depois que ouvi ele tocar e ela cantar eu também achei que eu podia tudo, que eu podia ser um raio de energia, que eu podia ir contra tudo, que eu podia ser uma pessoa do jeito que eu sonhava.
Quando eu comecei a me interessar pelo rock and roll o que me inspirou a tocar guitarra foi algo que me aconteceu aos treze anos. Eu persegui a garota mais bonita (que devia ter o dobro da minha idade) por cerca de três meses. Finalmente, quando entrei em seu apartamento ela tocou o disco Rocks para mim pela primeira vez. Eu ouvi o disco quatro ou cinco vezes, esqueci completamente da garota e deixei o apartamento rapidinho. Isso é o que o Aerosmith significa para mim.
Quando a vida me deixa triste, eu toco a minha guitarra. O resto do mundo pode seguir as regras, mas eu tenho que seguir o meu coração.
Eu nunca quis cantar. Eu só queria ficar tocando guitarra no fundo do palco.
Uma mulher chamada guitarra
Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era "a música em forma de mulher". A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam un mot d'esprit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.
O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina - viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo - o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.
Mas como recusam-se a estabelecer aquela íntima relação que o violão oferece; como negam-se a se deixar cantar preferindo tornar-se objeto de solos ou partes orquestrais; como respondem mal ao contato dos dedos para se deixar vibrar, em benefício de agentes excitantes como arcos e palhetas, serão sempre preteridas, no final, pelas mulheres-violão, que um homem pode, sempre que quer, ter carinhosamente em seus braços e com ela passar horas de maravilhoso isolamento, sem necessidade, seja de tê-la em posições pouco cristãs, como acontece com os violoncelos, seja de estar obrigatoriamente de pé diante delas, como se dá com os contrabaixos.
Mesmo uma mulher-bandolim (vale dizer: um bandolim), se não encontrar um Jacob pela frente, está roubada. Sua voz é por demais estrídula para que se a suporte além de meia hora. E é nisso que a guitarra, ou violão (vale dizer: a mulher-violão), leva todas as vantagens. Nas mãos de um Segovia, de um Barrios, de um Sanz de la Mazza, de um Bonfá, de um Baden Powell, pode brilhar tão bem em sociedade quanto um violino nas mãos de um Oistrakh ou um violoncelo nas mãos de um Casals. Enquanto que aqueles instrumentos dificilmente poderão atingir a pungência ou a bossa peculiares que um violão pode ter, quer tocado canhestramente por um Jayme Ovalle ou um Manuel Bandeira, quer "passado na cara" por um João Gilberto ou mesmo o crioulo Zé-com-Fome, da Favela do Esqueleto.
Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d'amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de ser tocado - contra o peito - lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.
Ponha-se num céu alto uma Lua tranquila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casals. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seu tremolos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranquila num céu alto? E eu vos responderei: um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.
Quero um skate, uma vitrola, uma guitarra, um poster, uma máquina de escrever, um fusca, um telefone de fio azul, uma bolsa de disco, um disco voador, mas me contento feliz da vida com você.
E o canto daquela guitarra estrangeira era um lamento choroso e dolorido, eram vozes magoadas, mais tristes do que uma oração em alto-mar, quando a tempestade agita as negras asas homicidas, e as gaivotas doidejam assanhadas, cortando a treva com os seus gemidos pressagos, tontas como se estivessem fechadas dentro de uma abóboda de chumbo.
Essa Noite vai rolar;
Num acorde de uma guitarra,
e para aqueles que são do rock
eu saúdo todos vocês!
NIRVANA AINDA VIVE
Nirvana ainda vive em cada guitarra que toca (Smells Like Teen Spirit)
Nirvana ainda vive em cada baixo que toca (Come As You Are)
Nirvana ainda vive em cada bateria que toca (Breed)
Nirvana ainda vive em cada dia melancolico
Nirvana ainda vive em cada momento louco
Nirvana ainda vive em cada inspiração minha
Se houvesse mais escolas de música
que militares pelas cidades, haveria
mais guitarras que metralhadoras
e mais artistas que assassinos.
Engano você, os meus amigos, o coração, a minha guitarra, todo mundo.. mas não me engano, sei bem em quem eu penso antes de deitar.
Enquanto minha guitarra gentilmente chora
Eu olho você toda, vejo o amor que aí dorme
Enquanto minha guitarra suavemente chora
Eu olho para o chão e vejo que precisa ser limpo
Ainda minha guitarra suavemente chora
Eu não sei porque ninguém te disse
como desdobrar seu amor
Eu não sei como alguém te controlou
eles compraram e venderam você
Eu olho o mundo e eu noto que ele está girando
Enquanto minha guitarra suavemente chora
Com todo erro certamente precisamos aprender
Ainda minha guitarra suavemente chora
Eu não sei como você foi divertida
você foi pervertida também
Eu não sei como você foi invertida
ninguém te alertou
Eu olho você toda, vejo o amor que aí dorme
Enquanto minha guitarra suavemente chora
Eu olho você toda
Ainda minha guitarra suavemente chora
O Mago e a Guitarra
Seus acordes atravessam a alma do publico,
Com a magia sublime,
Que transforma em paz, a imensidão do som.
Ele não a penas a toca,
Ele a sente, conhece cada centímetro de seu corpo.
Existe a voz que atenua seus dedilhados,
Que ecoa nas paredes,
Transformando seus solos em aplausos.
Ele a conduz com delicadeza,
Mas dela extrai gemidos vorazes.
Ela fica ao seu lado, é menina moça.
Seus timbres são afago para quem os ouça.
Se entrega somente a ele, e assim se faz nossa.
Ele é seu companheiro,
De alma e de corpo inteiro.
Gritos, mistérios, dores e segredos...
Amores, saudades, solidão e medos...
Personificados pela mágica dos sons.
Pela união de dois corpos.
Nas cordas de uma guitarra,
E pelos dedos de um mago.
* * *
(Dedicado ao guitarrita Pedro de Farias)