Guimarães Rosa sobre o Amor

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É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.

Para ódio e amor que dói, amanhã não é consolo.

entre as folhas
de um livro-de-reza
um amor-perfeito cai

Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.

De sofrer e de amar, a gente não se desfaz.

O verdadeiro amor é um calafrio doce, um susto sem perigos

Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

Rezar muito. E ter fé. Porque as coisas estão todas amarradinhas é em Deus.

Guimarães Rosa
ROSA, G. Vilma. Relembramentos: João Guimarães Rosa, meu pai. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
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A culpa minha, maior, é meu costume de curiosidade
de coração. Isso de estimar os outros, muito ligeiro,
defeito esse que me entorpece

O amor? Pássaro que põe ovos de ferro.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Chegando na encruziada tive que me arrezolver... prá esquerda fui contigo... Coração soube escolher

Rede é uma porção de buracos, amarrados com barbante.

Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também - mas Diadorim é a minha neblina...

Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?

Guimarães Rosa
Livro: Ave, palavra. Ed. Nova Fronteira, 1970

Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total. Todos os sucedidos acontecendo, o sentir forte da gente - o que produz os ventos. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

O amor não precisa de memória, não arredonda, não floreia:
faz forte estilo. E fim.

Coração da gente – o escuro, escuros.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se.

Sigo à risca.
Me descuido e vou… Quebro a cara.
Quebro o coração.
Tropeço em mim.
Me atolo nos cinco sentidos.