Grito de Protesto
Dizem que um poema carrega o poder da palavra. Gritei chuva, caiu granizo. Sussurrei vento, choveu na alma.
uma brisa fria estremesse a alma
alma que sente nesse frio a dor
a dor desalma em noite tão clara e calma
calma como o mar como um vencedor
das ondas tão calmas do mar brilhante
com brilho que traz nome da luna
da luna tão bela até mas do antes
antes da vida antes de ler a runa
foi quando o papiro da água foi lido
e sua beleza do mar renasceu
toda a historia perdeu seu sentido
quando do mar o sonho renasceu
do sonhos do mar não foi ma contido
o grito da luna a morte venceu
Não deve supor-se antinatural que a alma ressoe com os gritos da carne. A voz da carne diz: não se deve sofrer fome, a sede e o frio. E é difícil para a alma opor-se; antes, é perigoso para ela não escutar a prescrição da natureza, em virtude da sua exigência inata de bastar-se a si própria.
Quem vós engana para conseguir o que desejas?
Pois te falta espelhos pra ver tuas faltas...
És terra, és lodo, és pó...
És vazio na alheia cama...
Mas não te digo, nem te lembro nada...
Enquanto entre risadas vaga...
O tempo vil, que tudo troca, e muda...
Sem perdão, de outrora sem culpa...
Desgasta o que cultua...
E te levará à cova...
São dias de febre na cabeça...
E não sentes o que te corrói...
Num jardim onde há flores sem hastes...
Dá-se sua alma em troca...
Finges uma lágrima enquanto chora...
A ti e aos teus no correr do tempo...
Somente enganas a tu mesmo...
Enquanto apodrece a alma...
Triste e dúbia luz em que vives...
Cuja vaidade lhe assombra...
Entre falsas lisonjas caminhas...
Em suas tristes e perdidas horas...
Eu dar-vos-ia as estrelas...
Se realmente soubesses amar...
Mas que triste ironia...
Nem isso anseias por sonhar...
Nem batalhas, nem paz tens...
Apenas um grito na memória...
Apenas dia após dia...
Apenas noite que vai e vem...
Se alguma qualidade pode ser preferida...
Não a restrinja...
És só...
Não tem ninguém...
Redemoinho de ventos...
A desenhar seus próprios pés...
Incerto destino te procura...
Enquanto vagas na realidade crua...
Enquanto singra pelas noites e ruas...
Seria hipócrita se dissesse...
Que sendo assim não te quero...
Contundo cresce em mim a paixão...
Desde que apenas com um único olhar seu...
Roubaste meu coração...
Sandro Paschoal Nogueira
...eu, aqui neste degrau de granito
não sei se ando, não sei se paro,
não sei se calo, não sei se grito...
O monstro
Em algumas noites ele se transformava
acho que era um tipo de monstro
vinha para o meu quarto
quando eu me dava conta lá estava
deitado na minha cama
me tocando em partes estranhas
nem papai nem mamãe me tocava assim
nem vovó nem vovô me acariciava assim
me dava nojo, me dava medo.
E quando eu tentava afastar
era pior pegava com força
e em meu ouvido sussurrava:
“__Continue dormindo...
__É só um sonho .... Shisshs
__Ninguém vai acreditar em você”
__Sou adulto e da familia, shishsss”
Se eu chorasse continuava:
__“Não chore, senão eu te machuco, shisshss
Quando ele cansava ia embora,
eu me sentia suja, culpada
Mas não fazia nada,
o medo me calava.
Durante o dia parecia um anjo
Será mesmo um pesadelo?
Devo contar para mamãe?
Ninguém vai acreditar em mim.
Deserto
Atravesso desertos fora de mim.
Não encontro oásis no recôndito de minha alma.
Deserto incerto...
Nada é proporcional.
Miragens de mim.
Desejo intencional.
Deste-me um beijo.
Disseste-me adeus.
Gosto amargo e seco.
Tempestade de areia.
Uma serpente serpenteia.
Grito em silêncio.
Ecos num vazio amargurado...
Tudo desajustado.
Oásis embaciado.
Mesmo se todos soubessem
O quão gratificante é viver
Deixariam de julgar o que vêm
E entenderiam o significado do “Ser”.
Um dia caça e no outro caçador;
Se escondendo das ameaças
E se mostrando ao bom observador.
Caindo em prantos por dentro;
Corpo sorridente por fora
Quem dera entendessem o sentimento
De quem demonstra que nunca chora.
Se existe um lado bom da vida,
Preciso descobrir se vivo
Pois, o lado que tenho não facilita
Mas prefiro correr o risco.
O grito mais alto
Ecoa no silêncio
De que clama exausto
Mais uma vez, pelo entendimento.
Aceitar a vida é viver no presente,
Deixando o passado aflorar mais uma vez
Pensar no futuro que ninguém aceite
E mostrar pra mim o que a coragem fez.
É previso perdoar aqueles que vivem gritando sem razão, tentando se impor pelo barulho; pelo menos o eco do seu grito apelativo serve de base para aqueles que necessitam de uma consulta otorrinológica.
Quando alguém grita, “já fiz tudo que podia!”, você está diante de um profissional abaixo da média. Se alguém pronuncia, “podemos tentar as seguintes possibilidades para resolver”, é um profissional desejável. Mas ao ouvir alguém expressar, “avaliei as possibilidades existentes e com base em meus estudos proponho a opção de maior ganho”, este é um profissional raro no mercado.
Os desprovidos de autoridade
acreditam que, por meio de gritos,
imporão respeito.
desconhecem que o respeito
é conquistado
pelo exemplo de suas vidas.