Grito de Protesto
Por vivermos num mundo de intrincadas conexões, as nossas escolhas tem um impacto sobre nós, aqueles que nos rodeiam e até mesmo os que virão depois de nós.Quando conseguimos criar essa imagem mental, notamos que cada
escolha carrega o peso da eternidade.
Gostamos de falar da luz divina, mas tentamos ocultar os nossos pecados com justificativas, a preferida é: Ele me fez assim. Ousamos transferir os nossos pecados ao próprio Deus, nem mesmo Adão e Eva foram tão longe.
Amamos em verdade e espírito quando acreditar nele não nos traz nenhum benefício, quando a Sua ausência não consegue mais nos assustar pois “sentimos” a Sua respiração suspensa.
A vantagem do cristão não está na sua saúde, mas em conhecer e aceitar a sua doença. O tratamento proposto pelo “hospital” não é um processo de cura instantânea. É um método que começa agora e só terminará na eternidade. Quem se recusar continuará eternamente doente.
Há filmes, livros, pinturas, músicas, florestas e paisagens que são itinerários espirituais por onde passeia o sopro do Espírito de Deus.
Quando o cristianismo tenta se adaptar a cultura, ele tende a transbordar para fora da sua existência. Torna-se um parasita do verdadeiro cristianismo, atraindo algumas pessoas, mas não transformando vidas.
Não minimizo a famosa frase “Deus é amor”. Sou totalmente
dependente desse amor. Mas, eu amo Deus? Se continuar acariciando os meus pecados, eu não O amo. Se não confronto e enfrento os meus pecados, preferindo afagá-los debaixo do edredom da misericórdia, recostado no travesseiro da graça sobre o aconchegante colchão do amor de Deus, não estou demonstrando que O amo, mas que utilizo o amor de Deus para justificar a minha perversidade.
O escândalo do cristianismo é que existe apenas um caminho. A boa notícia é que, apesar de toda a nossa teimosia, egoísmo e pecado, ainda há um caminho.
Muitos sermões são ofertados como se a igreja fosse um restaurante que deve conquistar o paladar dos seus clientes. Não precisamos de clérigos semeando frases de autoajuda; sacerdotes se portando como animadores de
auditório; reverendos motivando a auto satisfação ou fiéis se auto justificando no mantra do “Deus é amor”.
Precisamos de homens e mulheres trilhando o caminho da
transformação. Não devo aprender a amar mais a mim mesmo, mas a morrer para que Cristo viva em mim. Não quero a cumplicidade com os meus pecados, mas a luta diária para vencê-los. Não quero o cobertor elétrico sobre os meus erros, mas o inverno asfixiante derrubando todas as folhas com as quais me cubro.
O invisível não pode ser apreendido no visível. Na verdade o visível é a sombra de uma realidade maior que está além do limitado alcance da nossa visão.
Quando um cristão passa a ser celebrado nos círculos intelectuais dominantes, nota-se que o cristianismo apresentado foi diluído e os tons ofensivos ao homem natural encontram-se reduzidos de brasas incandescentes
a cinzas inofensivas.
A beleza, criatividade e alegria de Deus esparramam-se pela natureza aguardando que o distraído ser humano possa observá-la mais de perto. Mas o entediado não tem mais tempo para as coisas comuns. Vive tão absorto nos
afazeres da vida que não consegue vislumbrar as sombras da Realidade maior, a assinatura do Artista em sua obra.
Deus não existe. Se Ele existisse seria apenas mais um objeto. Deus antecede a existência, assemelha-se mais ao invólucro que a agasalha, a nascente de onde sai o filete da vida. A linguagem é limitada. Só é possível a teologia no terreno da analogia. Deus não se encaixa num exemplo mais amplo, porque se encaixasse, o gênero do qual Ele se tornaria membro seria maior do que o próprio Deus. Todo esforço linguístico sequer toca nas bordas da divindade. Sem Ele “nada do que foi feito se fez”.
A qualquer momento, quando estiver desprevenido, Deus pode vir e pedir algo que balançará os alicerces daquilo que imaginara para a minha vida. Quando não estiver esperando, poderei ser surpreendido pelo “Não temas!”. A questão não é como Ele vem, mas como eu respondo ao chamado.
NADA MAIS
Por favor, me perdoe!
Se já não sei reconhecer
Quando teu corpo ardendo em desejo
Chama apaixonado pelo meu nome
Se meu corpo frio
Não sabe mais esboçar os gestos
Que te agradam e te saciam a vontade.
Perdoa se teu grito não me é mais audível.
É que não tenho mais
O mesmo desejo por ti.
E se não podes aceitar um sorriso,
Nada mais tenho para dar-te.