Grito
Ao grito
pede-se
paciência
pega a gota
cata
escorre
sangra o peito
jazia quieto
mente que mente
ao ser errado
erroneamente
estardalhaço
mania fática
de se ilustrar
dizendo que
céu
pode ser
mar
Vinha Maria
cheia de segredos
na capela escondia
seu grito soprano
mas quem era Maria;
se não a faca e o queijo?
que corta e alimenta
os mais finos desejos
por Maria era sina
de adolescente carente
na frente da mãe
se fazia de inocente
ah, Maria, sei eu de seus planos!
a quem me recorria
como se fosse um padre
ah, Maria, sei lá dos teus sonhos!
não sou travesseiro
pra te confortar nos seus prantos
de tão pequena que era
se escondia do assunto
de querer ser grande
se jogava no mundo
sabe lá deus pr'onde
ninguém se importava
tampouco Maria
que virava passarinho
quando a vida lhe cobrava
ah, Maria
deixe de ser assim menina
o presente, agora
a vida fere
o futuro, lá longe
quem quer, conserte
pois leva tempo
pra que aprenda
certas coisas
que lhe falta tanto
Viagem imaginária
Na viagem imaginária,
Não tem grito de quero-quero
Nem latidos de cães na chegada.
Não tem cheiro de mato
Nem cachoeiras
Na beira da estrada.
Na viagem imaginária não tem limites
Não tem horários
Não tem palpites
Não tem contato.
Na viagem imaginária não tem obstáculos
Nem pra voar
Nem pra sonhar,
Assim, terá tudo o que você criar.
Bebo porque tenho sede
Choro porque tenho vontade
Rir é uma contradição
Grito por não ter opção
Não sou uma cobaia de laboratório
Não me meça, comensure e nem me avalie
Me explore, violenta com vontade
Me coma e me vomite
Me consuma, me explore
Mas não me entenda
Não me explique
TEMPESTADES
Quero gritar para o vento
Nesta imensidão de emoções
Grito com todas as forças
E liberto-me desta solidão
A mágoa que persegue-me
E as minhas lágrimas que
Caem pelo rosto, lavando-me
A alma, deixando-me mais leve
Não vejo nada, apenas esta imensa
Escuridão, que apoderou-se do
Meu coração Quero fugir
E libertar-me destas amarras
Que prendem-me de sentir esta
Dor imensa, que leva-me para o fundo
Deste poço escuro que é a solidão
Que apaga a esperança que tenho
Por dentro da minha alma perdida
Quero sair daqui e ser feliz
Encontrar a alma que perdi
Ela quer, ser encontrada, para voltar
.........A sentir brisa do vento.
EM CADA NOTA
Em cada nota...
Uma lágrima
Uma dor
Uma luz
Um riso
Um grito
O amor
A esperança
A viagem
A raiva
O carinho
E eu mesmo, de vez em quando...
Abra seus olhos
Eu grito!
Sorria para mim, vai?
Deixa disso, por favor
Eu preciso de você aqui
Cuidando de mim
Não me deixe tão triste assim
Estou tão só!
Volta para me abraçar apertado
Preciso do seu calor
Onde você está?
Porque me deixou agora?
Não consigo caminhar sem você
Meu jardim está sem flor
Onde escondeu seu perfume?
Onde escondeu nosso amor?
Onde escondeu meu sorriso?
Existe mesmo o paraíso?
Estou desprovida de sonhos
Componho versos soltos
Pensamentos loucos
Cadê você, meu sonho, meu sono.
sentimento bonito o amor é um grito que palpita no peito querendo sair, sair à procura de um aconchego que nao chega que nao sacia o grito que remete ao infinito ecoando na alma vazia, vazia de gritos vazia de ecos vazia de aconchego vazia de amor.
Sinestesia da Saudade
Ensurdecem-me os olhos e grito você
Mas não tão perfumado para tocá-la
Cega-me a boca e respiro você
Mas não tão perto para escutá-la
Cala-me o nariz e agarro você
Mas não tão barulhento para vê-la
Entope-me a pele e ouço você
Mas não tão colorido para chamá-la
Isola-me os ouvidos e enxergo você
Mas não tão gritante para cheirá-la
Ah! Essa saudade me perturba
Sem você não escuto, não vejo
Não falo, não inalo, NÃO VIVO!
Salvador
Grito forte, grito alto na cidade baixa
E os verdes amores dos tons das flores, eu esqueço, mas tenha piedade de mim, Deus
Nas noites frias dessa cidade
Pego o elevador e vou até os teus museus, os olhos dos velhos, a pele negra
O segredo do teu povo está escrito nas paredes, a sede, a fome
Amanhã eu era, ontem não fui, vim parar aqui, onde não entendo
A morte vem fardada sobre os trilhos de sangue nas ruas, e os cachorros latem a noite me assustando
O vento nas árvores, a lua me constrange, eu minto sobre o sol
Mas não me escondo da lua, ela não me julga, não me queima os pés descalços quando piso o asfalto
Nada é como ontem, que pena.
E as moças dançam para os moços
Que não ligam para as moças, a morena o leva a cama, mas só a branca ele ama, e a branca o levará a morte, se por sorte.
Ou o fará vagar pela cidade como covarde.
Como sem vida na ida, como sem corda na volta, se enforque, se mate hoje, assim é o ontem
Nosso sacrifício diário, suor e sangue sem valor
Os senhores da alta nobreza na cidade baixa desfilam riquezas, riquezas da vida
Mas a vida é terrena e pequena
Fico imaginando se te escrevo uma frase,
se te escrevo um verso ou se,
grito e te canto uma musica,
mas te escrevo uma frase, poque imagina
que louco logo eu que nunca gostei de
escrever te escrever uma musica,
mas seria um sério caso de amor.
- Henrique Bennoda
Sobejo
Ausente, toca-me a distância com suaves palavras que guardarei no silenciar do meu grito teus sons como se tua mão me acariciasse.