Grandes Poesias Bonitas

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Sua natureza exigia e amava essas flores do coração, mas não havia esperar que as fosse colher em sítios agrestes e nus, nem nos ramos do arbusto modesto plantado em frente de janela rústica. Ela queria-as belas e viçosas, mas em vaso de Sèvres, posto sobre móvel raro, entre duas janelas urbanas, flanqueado o dito vaso e as ditas flores pelas cortinas de caxemira, que deviam arrastar as pontas na alcatifa do chão.

Machado de Assis
A mão e a luva (1874).
Inserida por lucijordan

Um leitor perspicaz, como eu suponho que há de ser o leitor deste livro, dispensa que eu lhe conte os muitos planos que ele teceu, diversos e contraditórios, como é de razão em análogas situações.

Machado de Assis
A Mão e a Luva (1874).
Inserida por lucijordan

A natureza incumbira-se de completar a obra, – melhor diremos, começá-la. Ninguém adivinharia nas maneiras finamente elegantes daquela moça, a origem mediana que ela tivera; a borboleta fazia esquecer a crisálida.

Machado de Assis
A Mão e a Luva (1874).
Inserida por lucijordan

A narrativa da pequena era como costumam ser as da idade infantil: desigual e truncada, mas cheia de um colorido seu.

Machado de Assis
Iaiá Garcia
Inserida por lucijordan

Não mofes dos meus quinze anos, leitor precoce. Com dezessete, Des Grieux (e mais era Des Grieux) não pensava ainda na diferença dos sexos.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por Nunees17

— Está explicado, ou adivinhado, pelo menos. Comparados os dous maridos, o melhor, o mais terno, o mais fiel, era justamente o de Marcelina; o de Luísa era apenas um bandoleiro agradável, às vezes seco. Mas, um e outro, ao passarem pelo espírito das mulheres, mudavam de todo. Luísa, pouco exigente, achava o Candinho um arcanjo; Marcelina, coração insaciável, não achava no marido a soma de ternura adequada à sua natureza... O subjetivo... o subjetivo...

Machado de Assis
ASSIS, M., Questões de Maridos
Inserida por gabipinho

⁠Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia. Nacional, 1881
Inserida por pensador

Vê agora a neutralidade deste globo, que nos leva, através dos espaços, como uma lancha de náufragos, que vai dar à costa: dorme hoje um casal de virtudes no mesmo espaço de chão que sofreu um casal de pecados. Amanhã pode lá dormir um eclesiástico, depois um assassino, depois um ferreiro, depois um poeta, e todos abençoarão esse canto de Terra, que lhes deu algumas ilusões.

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas
Inserida por alcides_ferreira

Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual; e ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia. Nacional, 1881
Inserida por alcides_ferreira

Só muito tarde te convencerás de que viver não é obedecer às paixões, mas aborrecê-las ou sufocá-las.

Machado de Assis
Ressurreição (1872).
Inserida por Juliansolo

Nem tudo tinham os antigos, nem tudo têm os modernos; com os haveres de uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum.

Machado de Assis
“Notícia atual da literatura brasileira: Instinto de nacionalidade”. In Obras completas. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1973, vol.III.
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Inserida por joao_gabriel_barbosa

Tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por pensador

Um dia, quando todos os livros forem queimados por inúteis, há de haver alguém, pode ser que tenor, e talvez italiano, que ensine esta verdade aos homens. Tudo é música, meu amigo.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por pensador

Às vezes, esqueço-me a escrever, e a pena vai comendo papel, com grave prejuízo meu, que sou autor.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881).
Inserida por pensador

Penso que o amor verdadeiro, ou ao menos o melhor, é o que não vê nada em volta de si, e caminha direito, resoluto e feliz aonde o leva o coração.

Machado de Assis
Iaiá Garcia (1878).
Inserida por pensador

⁠Dir-se-á que a terra volta a ser o que era, quando torna a estação melhor; a terra, sim, mas as plantas, não.

Machado de Assis
Obra Completa. Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1994.

Nota: Trecho do conto Entre duas datas.

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Inserida por jorge_henrique_elias

Uma eleição sem umas gotinhas do líquido vermelho equivale a um jantar sem as gotinhas de outro líquido vermelho.

Machado de Assis
Ilustração Brasileira, mar. 1878.
Inserida por jorge_henrique_elias

Quando uma pessoa ou um grupo saem bem, ninguém quer saber do modelo, mas da obra, e a obra é que fica.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por jorge_henrique_elias

⁠A alma da gente, como sabes, é uma casa assim disposta, não raro com janelas para todos os lados, muita luz e ar puro. Também as há fechadas e escuras, sem janelas, ou com poucas e gradeadas, à semelhança de conventos e prisões. Outrossim, capelas e bazares, simples alpendres ou paços suntuosos.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por jorge_henrique_elias

Um dos aspectos da desigualdade é a singularidade – isto é, não o ser este homem mais, neste ou naquele característico, que outros homens, mas o ser tão somente diferentes deles.
(Aforismos e afins)