Grandes Pensadores
Quanto às finalidades da sabedoria humana, entendo abrirem-se quatro ramos: autopreservação, justiça, conforto e distração. Talvez por isso aquela manifestação imaterial (que genericamente chamamos de amor) nos seja tão intrigante: não podendo caber na sabedoria, pode ao contrário abarcá-la, e eventualmente prover seus quatro ramos.
A maldade consciente só é praticada de duas formas:
A primeira, pelas pessoas sem senso de justiça.
A segunda, como reação à primeira.
Em ambos os casos, quem pratica se imagina na segunda forma.
A rigor, só existem duas maneiras de encarar a vida: questionado como ela deveria ser, ou tentando identificar como ela é. Desnecessário mencionar a mais funcional a longo prazo.
Odiar conceitos maus sobrepõe-se a odiar pessoas más. Mas aí esbarramos no direito que as demais pessoas têm de terem seus próprios conceitos. Eis que então só restarão conceitos em nós mesmos para odiar, quando a única e real evolução finalmente pode tomar curso.
O devido princípio para uma ação até uma criança acerta. Já o cálculo das consequências mesmo sábios erram.
As religiões são especialmente apreciadas pelos que preferem ouvir coisas com as quais já concordam.
País desenvolvido não é aquele onde os pobres têm carro, mas aquele
onde os ricos usam transporte público.
Em nosso progresso pessoal, algo se mostra tão produtivo no que tange a nossos semelhantes quanto todas as benfeitorias, incluindo os aprendizados: o tanto que conseguimos ser refratários à negatividade deles, e assim livres do fardo que ela representa. A mesma sensibilidade à aprovação alheia, tão benéfica nos primeiros anos de vida, logo precisará ser perdida pelo que nos faz incluir para nós tal negatividade.
Parece-me existir dois tipos muito claros de índole humana, e que naturalmente geram antagonismo mútuo:
Os que fazem da sua compreensão o limite da sua verdade.
Os que fazem da sua verdade o limite da sua compreensão.
Como se sabe, o conhecimento é bom aliado da inteligência, porém virtude distinta. Se assumirmos que configura um tipo de inteligência, por exemplo, compreender o comportamento (ou a condição específica) de um semelhante (ou de si próprio) no que mais lhe pesa, e lhe promover bens maiores do que o conhecimento sozinho poderia proporcionar, conclui-se que ela habita esfera mais ampla, a mesma que a ética, e demonstra-se capaz de transcender os limites da erudição, e limites de (desnecessário grandes análises) espécie biológica.
Esta civilização, que se gaba de um conhecimento jamais atingido antes, é formada por indivíduos que nunca se auto-desconheceram tanto.