Grandes Pensadores
A rigor, só existem duas maneiras de encarar a vida: questionado como ela deveria ser, ou tentando identificar como ela é. Desnecessário mencionar a mais funcional a longo prazo.
Odiar conceitos maus sobrepõe-se a odiar pessoas más. Mas aí esbarramos no direito que as demais pessoas têm de terem seus próprios conceitos. Eis que então só restarão conceitos em nós mesmos para odiar, quando a única e real evolução finalmente pode tomar curso.
O ódio é uma das mais potentes fontes de energia humana, herança direta da raiva animal contra aquilo que nos é nocivo. Suprimir o ódio seria um grave desperdício em todas as hipóteses, de energia se for possível suprimí-lo, e de tempo se for impossível. O mais útil é canalizá-lo contra os piores conceitos, ao invés de contra as piores pessoas.
O devido princípio para uma ação até uma criança acerta. Já o cálculo das consequências mesmo sábios erram.
As religiões são especialmente apreciadas pelos que preferem ouvir coisas com as quais já concordam.
Só deveríamos lançar mão da razão uma vez estando (honestamente) esgotada a possibilidade de observação.
Em nosso progresso pessoal, algo se mostra tão produtivo no que tange a nossos semelhantes quanto todas as benfeitorias, incluindo os aprendizados: o tanto que conseguimos ser refratários à negatividade deles, e assim livres do fardo que ela representa. A mesma sensibilidade à aprovação alheia, tão benéfica nos primeiros anos de vida, logo precisará ser perdida pelo que nos faz incluir para nós tal negatividade.
Parece-me existir dois tipos muito claros de índole humana, e que naturalmente geram antagonismo mútuo:
Os que fazem da sua compreensão o limite da sua verdade.
Os que fazem da sua verdade o limite da sua compreensão.
Como se sabe, o conhecimento é bom aliado da inteligência, porém virtude distinta. Se assumirmos que configura um tipo de inteligência, por exemplo, compreender o comportamento (ou a condição específica) de um semelhante (ou de si próprio) no que mais lhe pesa, e lhe promover bens maiores do que o conhecimento sozinho poderia proporcionar, conclui-se que ela habita esfera mais ampla, a mesma que a ética, e demonstra-se capaz de transcender os limites da erudição, e limites de (desnecessário grandes análises) espécie biológica.
Quando alguém pensa que está sofrendo pela perda de um amor, quase sempre (e talvez sempre) está sofrendo pela mais vulgar perda de um conforto. O amor é, por mais belo e prodigioso que seja, quando propriamente dito e no fim das contas, um fardo.
Lei tri-fatorial do amor: só amo de fato alguém ou algo se reconheço seu valor, intento seu bem e agrada-me sua presença.
Eliminadas todas as desordens opinativas, destilamos uma única questão política relevante, ainda que perturbadoramente irrespondível: onde termina a liberdade e começa a nocividade da expressão ideológica?