Grandes Pensadores
Não choreis aos mortos com demasiado desconsolo. Os defuntos são amigos leais e carinhosos que mantêm sempre relação conosco.
Como o nosso começo é diferente do fim!
No começo, temos o delírio do desejo e o êxtase do prazer sensual; no fim, a destruição de todos os órgãos e o cheiro do cadáver em decomposição. (...) Não parece que a vida é um tropeço cujas conseqüências aos poucos ficam mais óbvias?
A política das frases:
Na época que antecede as eleições, algumas pessoas pensam estar numa guerra à moda dos filmes americanos, que eleva os homens de valor e seleciona os bravos e destemidos.
Sempre são pessoas que se engajam na disputa (como funcionários descartáveis, colaboradores ou fracos idealistas) e confundem campanha eleitoral com política.
Marquês de Maricá disse em 1812:
"Nas revoluções políticas os povos ordinariamente mudam de senhores sem mudarem de condição."
E estes chatos que tanto incomodam nas redes sociais e na mídia, sem ter sequer uma causa própria, esquecem que "Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos.", nas palavras de Friedrich Nietzsche.
Deveriam saber que quando Aristóteles afirmou que o ser humano é um animal político, não era a esta atividade de fuxico que se referia. Pois estas pessoas estão por demais inseridas na nossa podre estrutura partidária, onde:
"Partido político é um agrupamento de cidadãos para defesa abstrata de princípios e elevação concreta de alguns cidadãos.", na concepção de Carlos Drummond de Andrade.
A política aristotélica é aquela que humildemente pregavam Madre Teresa de Calcutá e Zilda Arns, que, não se enganem, não faziam caridade, mas defendiam liberdade e um Estado mais humano e lutavam contra a máxima de Voltaire:
"Encontrou-se, em boa política, o segredo de fazer morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros."
Ao que parece, estes que confundem política com campanha são os mesmos que desacreditam a educação e a filosofia, que a eles não ensina a pensar. Bertold Brecht, educador de verdade (daqueles que morrem pobres), sempre teve opiniões políticas difíceis de engolir, reclamava por mudanças e nos deixou esta última lição:
"(...) não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural e nada deve parecer impossível de mudar.".
não sei bem onde foi que me perdi;
talvez nem tenha me perdido mesmo,
mas como é estranho pensar que isto
aqui fosse o meu destino desde o começo.
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
O que realmente levanta uma indignação contra o sofrimento não é sofrimento intrinsecamente, mas a falta de sentido do sofrimento.
“(...) e o fim de vossa viagem será chegar ao lugar de onde partimos. E conhece-lo pela primeira vez...”
“...Nossos tesouro está na colmeia
de nosso conhecimento.
Estamos sempre voltados a essa direção,
pois somos insetos alados da natureza, coletores do mel da mente...!"
Na verdade, o homem é um rio poluído. É preciso ser um mar para, sem se poluir, poder receber um rio poluído.
A esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens.
Existem alturas da alma, de onde mesmo a tragédia deixa de ser trágica; e, se as dores do mundo fossem juntadas numa só, quem poderia ousar dizer que a visão dela nos iria necessariamente seduzir e obrigar à compaixão, e desse modo à duplicação da dor?
Conheci muitas pessoas que não gostam de si mesmas e tentam superar isso, persuadindo primeiro os outros a pensarem bem delas. Feito isso, elas começam a pensar bem de si próprias. Mas essa é uma falsa solução, isso é submissão à autoridade dos outros. Sua tarefa é aceitar a si mesmo, não encontrar formas de obter aceitação.
Não conheço em absoluto o ateísmo como resultado, menos ainda como acontecimento: em mim, ele é óbvio por instinto. Sou muito inquiridor, muito cético, muito altivo para me satisfazer com uma resposta grosseira. Deus é uma resposta grosseira, uma indelicadeza para conosco, pensadores – no fundo, até mesmo uma grosseira proibição para nós: não devem pensar!”,
in Ecce Homo.