Grandes Pensadores

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A fábula da convivência

Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.

Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, e juntar-se mais e mais.

Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro.

E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se enfrentando por mais tempo aquele forte inverno .

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, e afastaram-se feridos, magoados, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus companheiros.

Doíam muito...

Mas, essa não foi a melhor solução : afastados, separados, logo começaram a morrer congelados, os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver, resistindo a longa era glacial.

Sobreviveram...

Arthur Schopenhauer
Parerga e Paralipomena. 1851

Nota: Fábula também conhecida como "A Fábula do Porco-espinho".

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Talento é acertar um alvo que ninguém acerta. Genialidade é acertar um alvo que ninguém vê.

A vida interior é reprimida e não pode ser conscientizada porque conhecer nossa natureza mais profunda (nossa crueldade, medo, inveja, desejo sexual, agressividade, egoísmo) seria um peso maior do que poderíamos aguentar.

Arthur Schopenhauer

Nota: citado em "A Cura de Schopenhauer", de Irvin D. Yalon

A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos.

Arthur Schopenhauer

Nota: citado em "A Cura de Schopenhauer", de Irvin D. Yalom

Ficaremos cada vez mais indiferentes quando alcançarmos um conhecimento suficiente da superficialidade e da futilidade dos pensamentos, da limitação dos conceitos, da pequenez dos sentimentos, da absurdez das opiniões e do número de erros na maioria das cabeças

Arthur Schopenhauer
SCHOPENHAEUR, A., Aforismos sobre a Sabedoria da Vida

A primeira regra para não ser um brinquedo nas mãos de qualquer velhaco, nem ridicularizado por qualquer imbecil, é manter-se reservado e distante.

A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade.

A inteligência é invisível para quem não tem nenhuma.

Um homem pode ser ele mesmo somente enquanto ele está sozinho, e se ele não gosta de solidão, ele não vai amar a liberdade, pois é somente quando ele está sozinho, que ele é realmente livre.

Quanto mais claro é o conhecimento do homem, quanto mais inteligente ele é, mais sofrimento ele tem; o homem que é dotado de gênio sofre mais do que todos.

A flor respondeu: Bobo! Acha que abro minhas pétalas para que vejam? Não faço isso para os outros, é para mim mesma, porque gosto. Minha alegria consiste em ser e desabrochar.

Se a vida possuísse qualquer valor real e positivo, o tédio não existiria: a própria existência em si nos satisfaria, e não desejaríamos nada.

A tarefa é não tanto para ver o que ninguém viu ainda, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre o que todo mundo vê.

Arthur Schopenhauer
Parerga und Paralipomena, 1851.

Nota: A citação costuma ser erroneamente atribuída a Erwin Schrödinger.

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Assim como o homem carrega o peso do próprio corpo sem o sentir, mas sente o de qualquer outro corpo que quer mover, também não nota os próprios defeitos e vícios, mas só os dos outros.

Quanto mais profundamente ama, tanto mais dolorosamente sente os golpes sofridos pela mão amada.

Se contemplarmos longamente a escuridão, algo sempre aparece.

O extrovertido é o ser que não suporta o tédio de ficar consigo mesmo.

Eu não pretendia sentir por ele um amor ardente e nem tampouco ele parecia esperar isso de mim.

Não digas nunca tudo o que sabes mas sempre sabe o que irás dizer.

O tempo é a forma graças à qual a vanidade das coisas aparece como a sua instabilidade, que reduz a nada todas as nossas satisfações e todas as nossas alegrias, enquanto nos perguntamos com surpresa para onde foram. Esse próprio nada é portanto o único elemento objectivo do tempo, ou seja, o que lhe responde na essência íntima das coisas, e assim a substância da qual ele é a expressão.

Arthur Schopenhauer
SCHOPENHAEUR, A., O Mundo como Vontade e Representação, 1819