Grades
Transex
Nasci no corpo errado,
Alma aprisionada em grades de outro gênero.
Que importa se dessa forma na vida fui inserta?
O corpo a gente transforma,
A alma a gente liberta.
Detido, entre as grades do orgulho, inundei-me em humildade e, arrombando a cela da separação, voltei, liberto e envolto em sensatez, para o conhecido aconchego dos teus braços!
E eu criava camadas cada vez mais grossas, com grades, alarmes que tocavam ardorosamente quando um desavisado resolvia se aproximar. Ah, meus amigos, vocês não sabem como é estar soterrado por várias camadas e continuar vivo..
E por mais que eu negue minha realidade acabo preso por grades que eu criei, é como cavar um túnel para se esconder, o final é sempre escuro e a única saída é voltar.
Ouvi dizer que a chave das grades
Era a famosa liberdade.
Eu fui atrás, mas
Fui com vontade.
Apesar da pouca idade
Eu caduquei, enlouqueci,
Procurando a liberdade
Me prendi.
Cada vez mais,
Correntes de pensamentos alheios
Eu tropeçava.
Quanto mais fugir eu tentava,
Mais adentrava no meio.
Ora essa,
Tanta vontade de entrar na orquestra
Fizeram-me escravo do instrumento.
Hoje, não prego, mas vivo
A abolição dos pensamentos.
Me sinto condenada sem as grades
Com um amor que envenena
Uma vida traiçoeira
Um sucesso que envelhece
Uma poesia seca sem lágrimas
Uma flor perdida no deserto ao sol e ao frio
Nas tempestades encharcada
De joelhos suplicando aos Deuses, anjos, santos, espíritos
Que essa sensação passe, esse absurdo acabe
Que tudo se transforme
Que a vida segure minhas mãos
Porque vida invisível é um vácuo
Que nada contém
Com pensamento congelado
Sem fazer distinção do que é bom ou não
Nas tempestades encharcada
De joelhos suplicando aos Deuses, anjos, santos, espíritos
Nas tempestades encharcada
De joelhos suplicando aos Deuses, anjos, santos, espíritos
A liberdade é um sonho que acalenta
as almas sufocadas nas grades mentais
nas quais outrora se aprisionaram...