Graça

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Se o ser humano não "esquecesse", convenientemente, os erros, os vexames, as putarias, os oportunismos, as malandragens, as mentiras e as revoltas da sua juventude não ousaria dar uma de puritano na maturidade.

Alguns dizem que Deus nos deu dois ouvidos e uma boca que era pra gente ouvir mais e falar menos. Tudo é uma questão de ótica e conveniência. Eu digo que Deus nos deu apenas uma boca para provar que nem sempre dois é melhor que um, pois mesmo com dois ouvidos as pessoas fingem não ouvir o que deveriam ouvir para melhor refletirem e mudarem de postura a fim de atenderem, por exemplo, a demanda de sons que muitos, à sua volta, emitem em tom de socorro. Mesmo com dois olhos as pessoas se fingem de cegas para não se sentirem obrigadas a reagir diante de cenas desumanas onde muitos são obrigados a protagonizar. Porém uma única boca, sozinha, se tiver disposição, é capaz de gritar convocando todos aqueles que não se restringem no uso dos seus cinco sentidos a se engajarem em ações que minimizem os estragos causados pelos dotados da omissão justificada pelo comportamento dito como politicamente correto.

Acho que Deus decidiu ser invisível pra não ter que morrer de vergonha diante dos espetáculos desnecessários feitos em seu nome.

A necessidade de demonstrar, em fotos, a felicidade, especialmente afetiva e social, através das redes sociais chega a ser doentia e está contribuindo para o aumento da depressão e da frustração íntima na humanidade. Todos os momentos estão sendo "super" valorizados e viram motivo para pintar a vida de cores e apresentar a terceiros, numa tela matizada, enquanto a realidade transcorre, muitas vezes, no cinza e cheia de nuvens tempestuosas.

Que toda a nossa beleza virtual nas fotos digitais sejam reais. Amém!

Em momentos "sãos", ou próximo disso, avalio a minha insanidade e, comparando-a às insanidades de alguns terceiros, penso: sem dúvida a minha loucura é uma bênção. Contudo, imediatamente, me paira uma dúvida cruel: será que a minha doideira é de excelência e eu não percebo dada a minha hospícica modéstia?!

Quem escolhe ratos pra cuidar do seu queijo um dia vai passar fome.

Ter a mente aberta é uma virtude, é uma necessidade em todos os tempos, o problema é quando ela é aberta demais ao ponto da pessoa achar que tudo pode entrar dentro dela sem que seja preciso raciocinar e filtrar tornando a mente uma latrina para coletar grandes produções fecais da cultura, do pensamento, da política, da tecnologia, da informação etc fazendo com que o portador desta mente, sem preocupação com o mau cheiro que exala, se sinta o grande fertilizador, o esterco essencial para nutrir as mudanças numa geração que, muitas vezes, mais contaminam os valores e a harmonização entre as pessoas do que auxiliam na evolução do pensamento e do comportamento de toda a sociedade.

Num mês voltado para tantas homenagens aos santos e orixás através de comemorações religiosas de todas as formas creio que cabe publicar o texto abaixo.

Quanto mais a fé é exposta, quanto mais a religião que, supostamente, norteia os caminhos de uma pessoa, é exposta, quanto mais transformada num circo virtual, bem como num circo real, é a doutrina que as pessoas acreditam ser a sua base espiritual mais explícita fica a demonstração de que o encantamento e a vaidade predominam e estão acima da proposta do fundamento, e que as pessoas não estão devidamente conectadas com as forças supremas, e sim, cada vez mais, aprisionadas aos hábitos e interesses da matéria, bem como dependentes, inclusive emocionalmente, de recursos mais concretos para terem motivos consistentes para empenharem a sua fé e a sua confiança naquilo que escolhem para se dedicarem e recorrerem espiritualmente. Vivemos tempos que o exibicionismo da fé está superando o aprendizado o qual ela própria, a fé, na sua essência, recomenda por natureza. A fé virou uma personagem em atuação constante nos palcos da vida onde ela contracena com atores reais dispostos a produzir espetáculos para plateias específicas a fim de servirem de manipulação das crenças, garantia de bilheteria e não mais promoverem a evolução do ser humano pelas verdadeiras vias divinas que sabemos, quando verdadeiras, são desprovidas de ostentação e dispensam aplausos, super produções e exposição em grande escala dentro e fora dos seus ambientes naturais e adequados para o culto.
Tendo o latim como origem, o significado de religião é "religar" o homem a Deus, ao divino, à instâncias supremas, e a fé é a via mais eficiente, contudo a ajuda de instituições e pessoas é sempre bem-vinda neste processo, porém desconheço que seja preciso transformar a fé num tablado permanente cheio de apetrechos cênicos, textos mais decorados do que compreendidos e ensaios fora de hora.

A tristeza dói... Mas a tristeza anunciada dói muita mais ainda...

Inserida por mariag

AS VIRTUDES QUE O SÉCULO 21 PERDEU

O século 21 está aí, acordando juntinho da gente todos os dias. Puxando a colcha para o seu lado, no intuito de angariar ótimas noites de sono, enquanto nos deixa descobertos e carentes sobre um colchão frio.

Ele nunca nos abraça, não tem tempo para conversar conosco. Seu café da manhã consta apenas de chá de bites e torradas com chip. É um parceiro que não admite divórcio, portanto precisamos manter esta relação até que a indefectível morte nos separe. Ou, quem sabe, uma miragem em 3D nos projete para o paraíso das conjugalidades virtuais.

Ignora-se o porquê de termos decidido juntar nossas escovas de dente com as manias decorrentes desta era. Mas não havia outro jeito, pois ainda não inventaram uma máquina do tempo que, por exemplo, nos conduza às invenções em série do século 19.

Ah, e que nos deixe, importa o adendo, prazerosamente flanando por lá. De preferência, aliás, na charmosa Paris, de braços dados com refinada companhia poética. Ninguém menos que Baudelaire, o pintor da modernidade, junto de quem desvendaremos as atrações das sedutoras ruas da Rive Gauche, todas em burburinho com as novas vitrines, cafeterias e galerias.

Lindo assistir ao espreguiçamento e acordar da urbanidade, imersa nas surpresas das artes, na pintura, no fascínio do cinema, nos carros que principiavam, desajeitados, a compor um tráfego de veículos ainda tímido e desordenado nas cidades.

Talvez dar um pulo até Viena ou Berlim e desfrutar também da construção do fascínio de uma época prenhe de artistas filósofos, músicos e escritores imorredouros.

Após examinar o quadro desenhado nos parágrafos acima, é possível que você comece a desfiar um rosário sobre as inegáveis e extensas vantagens embutidas na época atual. Velocidade, agilidade, plena facilidade de acesso a marcas, produtos e serviços, só para ilustrar.

O convívio mágico e hipnótico com a internet nos faculta hoje, desde compras e pesquisas variadíssimas, distantes somente alguns cliques da realidade — como o aprendizado gratuito de um idioma exótico, de nossa preferência, como o mandarim.

Se fizéssemos uma lista da feérie intrínseca à aceleração dos dias vigentes, ela certamente preencheria dezenas de páginas. Caso a gente queira adquirir qualquer coisa — como os préstimos de fornecedores diversificados, incluindo-se os da esfera sexual — e se encontre, nesta ocasião, num local fixo, não precisa usar o telefone. Nem tampouco sair de casa e abandonar o fatídico ângulo de 90º, próprio de quando estamos sentados a navegar, feito múmias semiparalíticas com extenuantes caibras nos dedos.

Sente fome? Reivindique o prato preferido da sua gula online. Experimentou uma pulsional vontade de transar? Então baixe com facilidade aplicativos disponíveis para o seu smartphone ou visite redes sociais especificas, centradas no unidunitê — o parceiro #dahora é você.

Pirou geral? Terapias de garantida eficácia se apresentam ao seu cardápio de escolhas, acenando préstimos mediante módicas quantias acordadas por você em meio a desabafos no Skype ou demais programas de voz.

Antigamente ouvia-se comentar das ficções do gênio de Aladim, residentes em nossas fantasias e responsáveis pela mais absoluta certeza de realização de nossos pitorescos desejos. Agora, entretanto, descartamos esta história e a condenamos ao lixo das inconveniências.

Paciência, compreensão, foco, concentração, solidariedade e delicadezas diversas. Virtudes fora de uso, abandonadas por sua inadequação atual e recolhidas aos baús da ética, dos mandamentos relacionais envoltos pelo mofo dos tempos.

Hoje a ordem é correr, descartar, apegar-se aos ditames da provisoriedade, ambicionar o enxerto de braços elásticos que nos permitam abranger ambições infinitas.

Criar raízes, pra quê? As árvores já cuidam dessa tarefa para a mãe natureza. Nossos maiores interesses hoje residem em mantermos a constante mobilidade dos ciganos digitais. Apaixonarmo-nos perdidamente pelos últimos gadgets disponíveis no voraz mercado das tecnologias de ponta, que despontam, sem cessar, causando fortes comichões nos setores de compras avulsas espremidos em nosso cérebro.

E o namoro, a corte, os beijos demorados de tão molhados, os sarros sem hora de acabarem, aperitivos acalentadores das relações a dois — aonde foram parar?

O companheirismo, a lealdade, as parcerias cúmplices, aonde se esconderam? “Certamente, em algum lugar do passado”, responderá alguém com indisfarçável irritação.

Outra pessoa acrescentará, casualmente: “Dirija-se ao Brechó dos Corações Bregas — que fica no Vale dos Sonhos Sem Noção, ao final da Rua Sem Piedade, logo à direita do Armazém das Nostalgias”.

Boa dica, essa. Adicione o endereço ao seu GPS e voe até lá.

Inserida por pensador

O QUE FOI DITO BÊBADO FOI PENSADO SÓBRIO

Ah, quantos de nós temos coragem de traduzir em palavras as explosões de afeto, fúria ou ódio, claramente estampadas em nossos olhos. Quantos de nós se escondem atrás dos véus da conveniência, ardilosas maquiagens, máscaras de bem-se-relacionar no cotidiano, guardando tudo o que nos ameaça ou fragiliza no quarto escuro de emoções cansadas, amassadas e contraditórias.

Francamente. Quase não há espaço para o amor e a ternura se acomodarem junto ao medo, a insegurança e a frieza, pois o quarto é diminuto — do tamanho de uma solitária prisional. Nele se empilham sentimentos opostos, paradoxos da alma.

A dor e a ternura se acotovelam, exaustas. Durante os dias inteiros de nossa existência, esses, dentre tantos outros sentimentos aglomerados no escuro e sujo cubículo, se empurram, pisoteiam, à cata de algumas moléculas de oxigênio que tragam um pouco de paz e conforto aos nossos conturbados corações.

Às vezes nos drogamos. Diante da tevê, por exemplo, nos esvaziamos de quaisquer convicções e competências críticas. Amortecemos vontades, iniciativas, indagações. Matamos o líder que em nós se contorce, em prol de ovelhas passivas e tristes, que pastoreiam livremente em nosso embotado cérebro.

Despendemos imensurável tempo lendo revistas sobre celebridades, escutando maledicências da vizinha, lendo jornais sensacionalistas. Também nos dedicamos com ardor às redes sociais, construindo aí inúmeros perfis sedutores, que costumam sair bem na foto.

Incorporamos à nossa pele papéis desgastados de salvadores, vítimas, benfeitores ou revolucionários. Sempre visando causar impacto. Impressionar nossa atordoada rede de famintos seguidores. Zumbis do social media. Abdicamos conscientemente das noções de espaço, tempo e conveniência. Optamos por drogas leves ou pesadas. Alucinógenos da moda, distribuídos em festinhas, shows e noitadas.

O que foi dito bêbado foi pensado sóbrio. A declaração de amor asfixiada na garganta. O deboche, a ironia e o cinismo encapsulados, obstruindo alguma artéria falida do nosso estressado corpo.

Falar o que se pensa de cara limpa, normalmente está fora de cogitação. Faz mal ao ego, às vaidades torpes, à assumida prevalência que ostentamos uns sobre os outros.

A vida é tanta e corre tão disseminada por nossa pele, veias e sentidos, despejando, imparcialmente, horrores e belezas únicas por nosso tortuoso destino.

Mal conseguimos divisar flores raras, pássaros belíssimos em extinção, paisagens mágicas, caminhos largos e ensolarados.

Paixões tidas como mortas ou desfalecidas reacendem com vigor, ameaçando nos queimar a língua e afoguear o rosto.

É preciso estar atento e forte para conversar com a vida, sem escondê-la das imensas demandas e os legítimos anseios que pulsam sem pudor da cabeça aos pés.

O que foi dito bêbado foi pensado sóbrio. Então, aguentemos a ressaca passar, neste momento ainda emaranhado em tantos sentimentos e emoções.

Espera-se de nós, mesmo que teimemos em fechar os olhos, janelas abertas, ventos refrescantes, sorrisos plenos de verdade.

Isso é o que importa para que a felicidade, hoje tão andarilha, encontre de novo morada e aconchego em nossa boca.

Inserida por pensador

NINGUÉM CONSEGUE VIVER DE JANELAS FECHADAS

Imagine abrir sua janela ao acordar e, do mesmo modo que as lagartas magicamente se borboleteiam pelas paisagens da vida, encontrar uma fruta que se oferece a você. Clama por seu gesto de sorvê-la inteira. Entregando assim sua gratidão a um dos tantos presentes que a natureza diariamente lhe dá, sem exigir nada em troca.

Saber receber é uma arte. Abrir os braços, o sorriso, o corpo e o coração e dispor-se aceitar quem estende o afeto a você. Receber exige coragem. Integridade. Desejo. Iniciativa. Transparências do querer genuíno. Quantas vezes ansiamos por algo ou por alguém, mas amortecemos as vontades, anulando-as até, enquanto trancamos nossas demandas nas gavetas da privação.

Por absurdo que pareça é mais fácil morrermos de fome. Agarrarmo-nos a uma soberba imbecil, estruturada na deplorável e ilusória onipotência de sermos autossuficientes. Autotróficos como as plantas, que extraem do solo a nutrição de que necessitam.

Mais fácil esbofetearmos os ventos da amorosidade que nos acariciam os sentimentos. Cuspirmos na possibilidade de promovermos sinergias junto a alguém. Seja no trabalho, nos relacionamentos sociais, ou nos pares que pretendem abrir-se para os aconchegos da intimidade.

O medo de perder anuncia-se sob várias roupagens e disfarces – e é, além de costumeiro, renitente visitante da nossa existência. Enraizado nas couraças do espírito e aparentemente irrevogável.

Por que provarmos do mel, acendermos nossa gula se poderemos perdê-lo repentinamente? Melhor equivaler seu gosto ao do fel — recusando, então, o favo que nos provoca.

Você pode apossar-se da faca que reina afiadíssima em sua cozinha. Enterrá-la de vez no cérebro, sem qualquer anestesia. Expulsar do crânio sangrento e agonizante os neurônios que julga imprestáveis. Soldados do exílio voluntário. Apologistas das vantagens da solidão. Guardiões de silêncios nefastos, porque avessos às manifestações de carinho. Como, por exemplo, a dedicação às causas sociais deste mundo apodrecido que tanto nos constrange.

Coma a fruta, vai. Aceite a flor. Namore a borboleta que baila suas cores, bem diante dos seus olhos surpresos. Ela apresenta seu espetáculo, ondulando no ar da poesia, toda feliz e de graça.
Coma a fruta, vai. Aceite a ajuda de um parceiro de caminhada para chegar àquela cachoeira tão bela quanto escondida dos visitantes nas matas.

Prefere pêssegos, caquis, mangas — uma goiaba madura e vermelha? Jogue o orgulho no lixo. Você mora só, jura ser independente por todos os poros, mas não consegue dar o nó na gravata. Subir o zíper do vestido. Matar a barata enorme e cascuda que o encara feroz no teto da sala.

A vergonha de pedir ajuda é tão estúpida quanto a sua recusa em declarar amor a quem o rodeia. Fraqueza solicitar auxílio. Disso você não duvida. Outro gesto impensável é pedir perdão. Esta humilhação inadmissível não pode manchar seu currículo atitudinal.

E assim vamos sobrevivendo — ou melhor levitando, como autômatos neste planeta. Roubando romances jamais experimentados de páginas literárias já gastas. Angariando sonhados momentos, valendo-nos das muletas da imaginação que tingem de cores atraentes algumas cenas do filme a que resolveu assistir.

Quanta covardia. Esconder a premência do amor atrás das portas do cotidiano. Esmagar a linda borboleta com suas mãos cegas e insanas. Arrancar do galho a fruta mais desejada e atirá-la ao chão, triunfante, num arremedo de falido desdém.

Nem sempre percebemos o inverno que nos invade. Tiritamos de frio, porém permanecemos inconscientes. Expomo-nos a pneumonias na alma. Vestidos de acintosa nudez, trocamos nossos braços de abraçar pelo repúdio dos galhos secos e mortos.

Felizmente a vida se revela em ondas, ciclos, luzes distintas. Nada permanece igual. Nem mesmo a maldade, a tristeza ou a insensibilidade. Nem mesmo o medo agarrado a você como uma criança pequena e indefesa.

Pode ser que as janelas agora estejam fechadas. Mas estamos sujeitos a descuidos, distrações ou aos ímpetos de ventanias. É neste instante que as frutas se oferecem novamente. E mais uma vez você tem a chance de colhê-las.

Inserida por pensador

Sai, corre logo. Afasta-te das ventanias cruéis que ameaçam revirar-te a vida e os sonhos pelo avesso. Aqueles pedaços de histórias rotas e cerzidas, atiradas no cesto de roupas de sorrir — e que já usaste tantas vezes em festas enxovalhadas. Foge das tempestades. Das estradas sem rumo. Das folhas ressequidas, espalhadas em terrenos áridos e desconexos.

Graça Taguti

Nota: Trecho de uma crônica de Graça Taguti.

Inserida por RafaelaSantoss29

Os anos 80 foram um erro estético. Pensar em alguma coisa de retorno a esta época só pode ser mera carência e memória afetiva da juventude.

Inserida por stuart

Escrevo a vida como se jogasse futebol

Inserida por Nath85

Envelhecer é uma arte que quando se aprende, já é hora de ir.

Inserida por Nath85

Um bom futuro lhe garante a escolha de um passado conveniente

Inserida por Nath85

Lugar de Junho

É melhor não dormirmos
sob o árido labirinto da tristeza.
À nossa frente existe um pórtico
purificado por uma névoa de sons.
Vamos transgredir o limiar do absurdo,
porque encontramos um abrigo musical,
onde ninguém pode separar as nossas bocas
o percurso das águas outonais.
É verde o germe do sol nos nossos olhos
e, sem querer, a sombra de um pretexto
emerge do assombro de nós próprios
como um regresso plural da inocência.
Estamos num lugar de Junho
e qualquer sinal de ausência
pode ser apenas um veleiro
que partiu dos nossos dedos.

Graça Pires

Inserida por suallinda

Graça Pires
(Figueira da Foz, 22 de Novembro de 1946)
É uma poeta portuguesa.
É licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Editou o seu primeiro livro em 1988, depois de ter recebido o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com o livro Poemas.

Inserida por suallinda