Goulart
O repeteco canção do infinito
Mas são tantas respostas respaldadas sobre colunas de perguntas, que sou levado a questionar:
- Quando fica pronto esta construção?!
Novamente a estrutura sofre um abalo, e se desmorona.
O peso do desconhecido é proporcional a inquietação da dúvida.
E não há problema nenhum em reconstruir os pilares do zero, afinal temos tempo pra isso.
Só reparei que o infinito, de longe ri desta triste ilusão, e talvez ele pense:
- Caros, só mais alguns ciclos de cargas na bateria do tempo, e que no fim, o número de tentativas sejam para vocês como uma consolação!
Por entre as linhas de uma opinião
Estão lá agora, os engravatados estudados no poder, pregando aquela velha história, a política democrática. Defendem com unhas e dentes, os seus discursos hipócritas, repletos de palavras esculpidas em luxos de conceitos e significados, fazendo ficar boquiabertos a maioria dos pobres de entendimento, e quanto aos esclarecidos? Levam ao tédio profundo. É como um disco de vinil arranhado em uma vitrola antiga, sempre repetindo os fragmentos já até decorados pelas paredes pálidas. Pois se tem uma coisa que os poderosos da nação sabem fazer, é falarem bem, argumentarem e distorcerem as suas próprias consequências, que vão para estes como setas lançadas em uma perfeita pontaria planejada, mas que cujo trajeto de impacto se desfalece nas cortinas dos ventos da mentira, e da desculpa.
E então a verdade vem, se arrastando por entre as negações das línguas ásperas dos lobos, que cuja aparência é semelhante a um cordeiro. De repente, tudo parece ficar mais esclarecido, e o caos se revela como um gigante escondido, nas entranhas das promessas ilusórias, onde estas, mesmo perdendo o seu poder, ainda é usada como ferramenta de defensão pelos covardes sanguessugas.
Vaso ruim não quebra! E agora vejo o porquê, eles conseguiram a honraria do significado de tal frase merecer!
Mas que possa ficar esclarecido uma reflexão intrigante: o bem feito ao próximo, ajuda a elevar e evoluir a alma humana, sempre de maneira constante. Agora! Se é o mal escolhido, para no coração morar, ao indivíduo com o tempo, este irá pesar! E o duro vaso negro, de uma vez não irá se quebrar, pois toda a maldade lançada por este, no seu interior está a morar! E ela é como uma cola, a tudo em volta vai envolver, levando o vaso a se sufocar, até a agonia e o desespero subitamente o acometer! E o fim é doloroso! O vaso parece não aguentar, e então olhando por fora, vejo-o rapidamente trincar! E cada trinca se comporta como uma dilaceração, se transformando em artérias dilatadas, já sem esperança de recuperação. De repente algo diferente, acontece em um tom de ironia, a maldade pegajosa ri com toda a força e euforia! Ela passa a segurar a explosão, que cuja as trincas do vaso, estão prestes a neste causar, puxando-as para dentro, tornando a parte externa a novamente se juntar. Uma verdadeira canção bizarra é possível daqui ouvir, o vaso tentando em vão e a todo custo, de si mesmo fugir! E a cola má, cuja essência, um dia foi do vaso um companheiro, a este atormenta cantando, E O FEITIÇO VIROU CONTRA O FEITICEIRO!
Porque o tempo é fractal
Dizem que o tempo passa ...
- Ele tava alí agorinha!
- Foi há alguns anos que se foi ...
- Não perca ele por nada na vida!!!
Fala alguém.
Êh tempo! Quem és tu para afligir a todos? Provoca medo em uns, acelera o ritmo de outros, sempre sorrateiro e constante. É você uma lenda, imortalizada na existência da humanidade? Ou será mais uma abstração que estes criaram, acreditando que era verdade?
Poisé... eu acreditei, aliás por muito tempo! Neste Tempo que é um nada, vigarista de identidade, faz-se de dia, mês e ano, fia no espaço a sua idade. Carrega a culpa, a cura, conta histórias e distribuí experiências, segmenta a si próprio em passado, presente e futuro, alucinando a consciência.
Sabe, isto tudo eu diria ao tempo se pudesse o encontrar. Porém, onde ele está?
Na distância entre nós, na expectativa do abraço até o contato das mãos, no
alinhamento de dois olhares, no palpitar do coração.
O tempo nunca passa, não vai passar e nem está passando. O tempo é a percepção que temos do quão perto ou longe estamos. E o sentimento é o autor presente desta despretensiosa marcação, que conduz em um ritmo fractal o embalar de nossa ação.
Ficamos impressionados como ele está correndo, fugindo de nós, como se fosse algum tipo de vilão, porém caro leitor, não se iluda!
Este tempo tão temido, é apenas um reflexo que elaboramos para elucidar o poder da evolução, mas na corrida para nos desenvolvermos, tornamos ele o ouroborus de nossa própria pretensão.
Realidade mental
Quer um feito mais extraordinário, que relembrar?
Projeções de momentos a frente se vaporizam
Condensam imagens que um dia os olhos filmaram,
Logo, é possível sentir o cheiro, o gosto, e toda a sensação espacial envolvida
Dá até pra revisitar os sentimentos daquele instante ...
E você se move nesta experiência sensorial fantástica:
A emoção te permite aprofundar no plano
Captando as coordenadas das percepções desta viagem,
Para então, te fazer posicionar frente aos detalhes.
Tecnologia inata e sofisticada
É esta realidade mental,
Onde você revive o que viveu
De uma maneira tão autêntica,
Que a nostalgia brota de um jeito bem natural.
Sendo eu, me capturei!
Certo dia, naturalmente reivindiquei o meu Ser. Porém, notei que era tarefa difícil. O Ser já tinha sido! Tentei correr atrás dele impedindo-o de escapar, muito tarde! Havia se transposto na lembrança.
Pensei então:
- Fácil! Sondo-me as lembranças e recupero o que a pouco fugira!
Localizei o fio do momento em minha mente, isolei a essência e finalmente senti o que era aquele Ser. Instantes mágicos de uma misteriosa incorporação dos sentidos, até que:
-Cadê!
Sumira em mim o fragmento daquela identidade existencial. Concentrei novamente:
-Preciso lembrar do eu ter sido naquele instante...
Silêncio, profunda frustração, perdi este
momento do Ser, mas:
-Ser não é ser? Sendo assim, não há como ter sido!
Afirmei em tamanha perplexidade ao perceber a absurda simplicidade do paradoxo da existência.
Ora, estou Sendo a todo instante, ininterruptamente. É a misteriosa continuidade da vida. Por isso, estranho tamanha normalidade desta finita, mas também eterna, vibração. Paro! Me observo, e tento me prender na tábua do tempo. Talvez faço isso, para compreender a totalidade de mim:
-Funciona! Sou assim! Eu me lembro!
Disse pra mim rindo, como quem desvendou o mistério, sim, tudo explicado ... me lembro do passado:
-Espera! Ser só pode ter sido porque o capturei dentro de mim.
Ilusão! Não há como prender a essência em
uma lembrança, nesta só há um limitado rascunho da instância do tempo. Enquanto estou resgatando o que aconteceu, continuo a Ser simultaneamente, assim, de espontâneo!
Posso tentar, estando eu Sendo, me copiar como um pintor que registra na tela um momento contemplado pelos seus olhos. Mas durante isso, estou perdendo a vista de mim no que estou a Ser.
Ao que me parece, o passado é uma fantasiosa prisão criada para elucidar um esboço do que Fomos. E muitas das vezes este último se materializa como o que Somos!
Penso que existir é como as águas dos rios, correm sem cessar e de forma única, não refazem o trajeto já feito... não! Não essas águas que foram.
Sinto que precisamos de um certo controle sobre o Ser, por isso criamos o Sido. Curiosamente, desta maneira, trabalhamos
com a morte, ao invés da continuidade. Porque o ter Sido soa como póstumo, ao invés da vivacidade do Ser.
Podemos até pensar que fomos inteligentes ao criar engenhosa estrutura de retenção.
E tudo bem se isso for verdade.
Porém, Ser ao comparar-se com Sido, pode resultar em um sintoma, que talvez explique ao humano a sua crônica crise de identidade.
A voz do eu
Um corpo pode ser uma bela e impactante escultura, porém só a alma que é artista nata de contar histórias. O silêncio pode bastar os olhos, para ver a sensual silhueta do som, mas sinfonia mesmo é somente a voz do eu.
Ensaios de um amor
Podia ser nós dois, eu preciso de você para ser eu, tomo-te como espelho, para recuperar o meu reflexo. Mato-te em mim!
Projeção
Pode parecer que não, mas o que te incomoda no outro é você, o resto é alienação. Darás risadas... Ora! Tudo isto é sem nexo! É que sobre a face de outrem, projeta tímido o teu reflexo!
Em tons de cinza
Havendo o dia nascido, em tons de cinza, logo questionei a minha visão. Mas já sentia na alma, uma certa tristeza, de qual dos dois foi a interpretação?
É preciso abstrair
Somos seres tão complexos ...
Ironia,
Só obtemos a compreensão por meio da simplicidade!
É preciso abstrair o macro em partes,
Agora tudo faz sentido!
A jaula do Perfeito
Não te escondas em camadas
Com o artifício de buscar a perfeição,
Ser natural é a porta da liberdade
Já o Perfeito, uma jaula
Que você divide com a Ilusão.
Morte a frialdade
Quão lindo seria se de repente, o mundo fosse bombardeado por bombas atômicas de amor! Ah o céu ficaria enfumaçado de alegria, e as pessoas? Contaminadas de contentamento e carinho!
Catástrofes como estas deixariam um grande número de baixas, onde as vítimas seriam as friezas recentes dos corações humanos.
Irei rir e cantar alto por um minuto... será o melhor e mais apropriado gesto fúnebre!
Alma tagarela
Depois da leitura,
Fiquei sem palavras!
O coração estava ocupado ...
Ô alma tagarela!
Quanto
Senão é um, quanto?
Em cada canto há matéria
No micro universo do Quantum
A compreensão do todo é de forma etérea
O todo de um nada
Certa vez o Vazio, ao se indagar de ser um nada
Foi buscar no todo, a completude.
Depois de um tempo, perplexo, balbuciou:
- Não há aqui mais espaço ...
- Cheio está, de atitude!
Do palco a melancólica catarse
Desculpe,
Eu sei que ultimamente não tenho te surpreendido.
Antes, tudo era diferente.
Te vi de longe tão cheio de vida,
Livre como um passarinho.
Por um minuto pensei:
Quão bom seria sentir esta liberdade!
Pronto! Preso já estava em você.
Agora que aqui estamos,
Vejo o erro cometido:
A vontade de amar, acima de tudo!
Incendiária paixão desmedida.
Antes, fora ilusão conveniente ao momento.
Pena que o tempo parece,
Fazer cair sobre nós, cadeia!
Jaulas do tédio feitas de silêncio,
Olhares sem contato de alma ...
Profunda estranheza mútua!
Mas veja, não lhe cobro sua parte ausente,
Pois vejo que a culpa não lhe é digna,
Idealização minha tu és!
De resto, mais um coração esperançoso,
Apegado na expectativa,
Feito criança em seu mundo de imaginação.
E por mais que tenha tudo isto falado,
Percebo entre nós, ao menos uma cumplicidade!
O misterioso segredo de nossa união:
A vontade de nos encontrarmos,
Por entre nossos reflexos ...
A evolução da melhor versão do Eu.
E pode até parecer egoísmo, ou amor?!
Porém, és tu, personagem principal
Que em meus solitários monólogos,
No palco desta vida, me fez livrar.
Sinfonia
E esta sinfonia,
Antes, me pareceu infinita!
Por vezes pensei estar regendo ...
Vi que era loucura,
Senti na alma a divina força do maestro
Finalmente entendo: sou a partitura!
Espetáculo da natureza
Com um olhar captei as cores
O vento, as árvores embalava
Por alguns instantes, no silêncio, ouvi uma sinfonia.
Era eu a plateia, a natureza apresentava.
- Relacionados
- Ferreira Goulart a Alegria
- Frases Lilian Goulart